No início do ano, em Seaside Reef na Califórnia, Francisca Veselko tornou-se na primeira surfista portuguesa a sagrar-se campeã mundial Júnior da World Surf League (WSL), naquela que é a maior vitória da carreira de Kika, até ao momento.
Numa altura em que está a fazer um mês desde a conquista do histórico título, a surfista de 19 anos explicou como é que tem vivido as últimas semanas. "É estranho. Só quando penso é que me apercebo que sou campeã mundial", disse durante a apresentação do calendário da Liga MEO Surf 2023 , competição que Veselko conquistou em 2021.
Apesar do "momento incrível" vivido na Califórnia, que foi "um grande boost de confiança", Francisca recusa deslumbrar-se.
"Tenho de manter os pés assentes na terra. Foi um momento incrível, mas agora é tempo de fazer reset. Começou o novo ano e tenho vários objetivos", objetivos esses que passam fundamentalmente pelas inéditas qualificações para o circuito mundial de surf e Jogos Olímpicos de Paris'2024.
Poucos dias depois de ter regressado a Portugal com a taça na bagagem , o que também valeu o apuramento para o circuito Challenger Series 2023, a surfista de 19 anos viajou até ao arquipélago do Havai, mais concretamente para o North Shore da ilha de Oahu.
Em conjunto com Teresa Bonvalot, a competidora de Carcavelos marcou presença na cerimónia de entrega de prémios da WSL referente à temporada de 2022, que este ano voltou a realizar-se depois de um interregno por causa da pandemia.
Kika e Teresa na cerimónia da WSL
WSL/Brent Bielmann
Foi um momento de consagração pelo feito conseguido nas ondas do Seaside Reef, mas naqueles dias no Havai houve um outro momento inesquecível que veio no seguimento desse título mundial. Em pleno lineup de Pipeline, a onda rainha do surf mundial, a campeã nacional Open de 2021 foi surpreendida com a atitude da brasileira Tatiana Weston-Webb e de outras tops mundiais, o que a deixou "super feliz".
"Um dia depois de ter chegado, estava em Pipeline com a Teresa, e recebi dentro de água os parabéns da Tatiana Weston Webb e de outras surfistas do CT. Não estava nada à espera que viessem ter comigo para dar os parabéns ou soubessem sequer quem eu era. Fiquei super feliz por terem conhecimento do que fiz e ter a possibilidade de fazer amizade com eles", confidenciou.
Também nas redes sociais, o título mundial júnior teve os seus efeitos, com Francisca Veselko a ganhar um total de quatro mil novos seguidores na rede social Instagram, entre os quais alguns nomes bem conhecidos do CT. "Depois desta vitória, vários surfistas como o Ítalo Ferreira e o Yago Dora começaram a seguir-me", contou.
Kika esteve território havaiano pela segunda vez num curto espaço de tempo. Em dezembro último, depois de terminar a sua participação na Challenger Series 2022, com a presença no Haleiwa Challenger, a surfista lusa ficou a treinar no North Shore de Oahu até bem perto da quadra natalícia.
Francisca Veselko no momento de entrega da taça de campeã mundial Júnior 2022
WSL/Tony Heff
Uma estadia prolongada, que foi aproveitada para "fazer novas amizades" e preparar-se em "ondas mais difíceis e pesadas". Entre essas novas amizades, houve a oportunidade de conviver de perto com o antigo campeão mundial Barton Lynch , a "pessoa perfeita para estar no Havai", segundo Francisca Veselko.
"Conheci o Barton durante o US Open of Surfing. Os meus pais já o conheciam há bastantes anos, mas nunca tínhamos tido a oportunidade de trabalhar em conjunto. Foi muito bom aprender coisas com o Barton. Sei que vou poder contar com ele sempre que for ao Havai. Tem imenso conhecimento e é a pessoa perfeita para estar no Havai. Conhece melhor do que ninguém as ondas em que se realizam os campeonatos", explicou.
Por último, Kika falou das dificuldades sentidas para surfar na tubular onda de Pipe, onde os locais não dão "abébias", como já é tradição.
"Sem dúvida que é uma onda intimidante. Os locais não querem saber se é mulher ou homem, pois mesmo para estes é difícil. São locais e não dão abébias. Sempre que podem vão na onda. Nestas minhas recentes idas ao Havai fiquei um pouco com os restos. Quero aparecer a dropar a mais vezes as ondas para eles começarem a ver mais a minha imagem no lineup. Se calhar com isso começam a ter um outro respeito e consequentemente a deixarem-me ir nas ondas", concluiu.
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