É este sábado, dia 15 de fevereiro, que realizam-se as eleições que vão eleger a nova direção da Federação Portuguesa de Surf (FPS).
Gonçalo Saldanha é candidato à sucessão de João Aranha, que prepara-se para deixar o organismo após o atingir o limite de três mandatos à frente do mesmo.
Na véspera do ato eleitoral, Gonçalo Saldanha concedeu uma entrevista ao MEO Beachcam, na qual explica os traços gerais da sua candidatura, na qual Pedro 'Pecas' Monteiro é candidato a vice-presidente.
Sob o lema 'A Onda da Mudança', a candidatura do coordenador médico da ISA tem como principal objetivo "aumentar em 100% o número de atletas federados nos desportos de ondas".
Beachcam (BC) - Como surgiu a ideia de avançar com uma lista para ir a eleições à presidência da FPS?
Gonçalo Saldanha (GS) - Decidimos avançar com uma candidatura à FPS porque acreditamos é o momento certo para dar um novo impulso ao surf nacional. Portugal tem condições únicas, atletas de excelência e uma comunidade apaixonada de atletas nos desportos de ondas, mas a Federação pode e deve fazer mais. O nosso país é um dos melhores países do mundo para a prática destes desportos, mas temos só cerca de 2400 atletas federados na FPS.
Esta realidade impressiona ainda mais sabendo que, de acordo com as estimativas da Associação Internacional de Surf (ISA), Portugal é um dos países do mundo com mais praticantes, cerca de 200 000.
Este enorme contraste entre o número de praticantes e o número de atletas federados reflete a necessidade de um trabalho mais próximo da Federação com clubes e escolas, garantindo que a transição do surf recreativo para o competitivo seja mais acessível e atrativa.
A nossa equipa traz uma visão estratégica que visa fortalecer a estrutura organizacional na FPS, aproximar a Federação dos clubes e praticantes e consolidar Portugal como uma potência mundial no surf. Acredito que este é o momento certo para dar um novo impulso ao surf nacional.
BC - Qual a ligação do Gonçalo aos desportos de ondas?
GS - A minha ligação aos desportos de ondas vai muito além de ser surfista. Fui jogador de polo aquático, onde integrei a equipa nacional e sou amante de caça submarina e pesca. Sou fisioterapeuta e fiz parte de equipas médicas com funções em eventos nacionais e internacionais, como as qualificações da Associação Europeia de Profissionais de Surf (ASP Europe). Atualmente, sou responsável pelo departamento médico do Campeonato Nacional de Surf e coordenador médico na ISA.
Quais os grandes objetivos da candidatura que apresenta?
GS - O nosso principal objetivo é aumentar em 100% o número de atletas federados nos desportos de ondas, uma vez que, como já referi, temos muito poucos atletas federados, tendo em conta o potencial que temos não só pelo nosso ótimo clima para as modalidades, as ótimas ondas que temos na nossa costa e a nossa imensa base de praticantes.
Vamos reforçar o calendário competitivo nacional, trazendo de volta a Taça de Portugal de Surfing, que é fundamental para celebrar a competição saudável e unir as várias disciplinas nos desportos de ondas. Além disso, vamos também organizar competições entre clubes com prémios a nível geral, por categoria e por escalão.
Ao mesmo tempo, reforçaremos as condições que disponibilizamos para os atletas de alto rendimento, incluindo no apoio às seleções nacionais mais pessoal técnico especializado como psicólogos, preparadores físicos e nutricionistas.
Temos também em vista reunir esforços com o Turismo de Portugal para valorizar o surf como produto nacional e promover o nosso país como destino de eleição para os desportos de ondas, através da presença em eventos nacionais e internacionais.
BC - Escolheu o Pedro 'Pecas' Monteiro para vice-presidente. O que esteve na base desta decisão?
GS - O Pecas tem tudo o que é preciso para ser um excelente vice-presidente da FPS. Em primeiro lugar, tem uma vasta experiência como atleta que vai até às seleções nacionais, como sabem.
Por outro lado, é treinador e gestor de uma escola de surf, sendo também conhecedor dos desafios associados às escolas na captação de praticantes e na sua relação com a Federação.
Tem um conhecimento único do surf nacional e a sua visão é muito alinhada com a nossa no que diz respeito a uma cada vez maior profissionalização das nossas modalidades a nível dos clubes e das escolas como condições necessárias para o crescimento dos desportos de ondas em Portugal.
BC - Em termos competitivos e de seleções, como avalia os últimos anos do surf nacional e quais as metas que gostaria de colocar para o futuro?
GS - O surf nacional tem crescido nos últimos anos em número de praticantes e também o número de atletas federados e em número de atletas a participar em competições internacionais. Acredito, no entanto, que podemos acelerar o crescimento das nossas modalidades e, para tal, é fundamental fortalecer as relações da FPS com os clubes, as escolas e com os decisores.
É esse fortalecimento que queremos concretizar, começando desde logo por fortalecer a estrutura organizacional da própria Federação. Precisamos de mais investimento nos escalões de formação, melhorar o apoio aos atletas e reforçar a preparação para competições internacionais. O nosso objetivo a médio prazo é tornar os desportos de ondas uma referência nacional e elevar Portugal ao topo do ranking mundial do surf.
BC - O consulado da anterior Direção ficou marcado pelo aumento do número de federados. Que estratégia tem para aumentar ainda mais os federados?
GS - Propomo-nos a fazer mais e melhor. Queremos duplicar o número de federados e, para isso, estruturámos um programa focado nesse objetivo, ao qual chamámos “Heróis do Mar”.
No entanto, não se trata apenas de fixar federados – o mais importante é termos uma população jovem a competir. Só com competidores podemos garantir competições saudáveis e campeonatos disputados.
Com este programa, queremos dar a conhecer os desportos de ondas em primeira mão a um número crescente de jovens. Para isso, trabalharemos em colaboração com clubes e escolas, desenvolvendo programas educativos em parceria com o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), a Secretaria de Estado da Juventude e a Fundação do Desporto.
Quanto mais jovens tiverem contacto com as nossas modalidades, mais interesse haverá em praticá-las. Ao mesmo tempo, queremos proporcionar uma integração saudável e estruturada nas competições da Federação, criando uma comunidade aberta e acolhedora para os novos atletas.
O nosso objetivo é incentivá-los a competir, independentemente do seu desempenho, porque acreditamos que o futuro dos desportos de ondas depende de uma grande base de atletas em cada competição.
Através da rede de livecams, podes visualizar em direto e em tempo real toda a evolução do estado do mar e da praia.
Podes também confirmar as previsões relativas a todas as praias através da nossa página Praias Beachcam.
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