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Fez-se história na finalíssima de Trestles de 2023. Filipe Toledo tornou-se no primeiro surfista brasileiro a conquistar dois títulos mundiais consecutivos, dando assim continuidade à supremacia do país irmão, que desde 2014 só não teve campeão do mundo em 2016 e 2017, cortesia do havaiano John John Florence.

Pelo segundo ano consecutivo, Toledo voltou a mostrar que domina a famosa onda de Trestles como poucos, pelo que enquanto a finalíssima ali decorrer será sempre o principal candidato a sair vencedor.

Tal como há um ano, Filipe chegou à decisão como líder do ranking mundial, envergando a licra amarela. Se em 2022, o rival foi o compatriota Ítalo Ferreira, desta feita o oponente veio da Austrália. 

Ethan Ewing foi vice-campeão mundial pela primeira vez na carreira e autor de uma campanha também ela histórica. Porventura, tenha sido o autor da grande história desta finalíssima. 

Depois de ter fraturado duas vértebras lombares há cerca de um mês na sequência de um wipeout durante o free surf em Teahupoo, Ewing teve em dúvida quanto à sua presença na discussão pelo título mundial.

Recuperou em contrarrelógio e mostrou-se fino desde a primeira hora em Trestles, exibindo um surf de rail maravilhoso. Primeiro, Ethan despachou o brasileiro João Chianca, que havia derrotado o australiano Jack Robinson, tal como fez na final do MEO Rip Curl Pro Portugal. 

No duelo seguinte, o surfista australiano derrotou o herói local Griffin Colapinto. A expectativa nas hostes californianas eram muitas, mas tudo acabou em desilusão. Desde 1990 que não há um campeão do mundo de surf originário da Califórnia. Até ao momento, o último foi Tom Curren. 

Em ambos os triunfos, Ethan Ewing disparou diversas notas na casa da excelência e assinou scores combinados acima dos 17,00 pts em 20 possíveis.

Estava assim dado o mote para um confronto explosivo com Filipe Toledo. No primeiro heat, Ewing até levou a melhor na primeira troca de ondas, mas depois Toledo trouxe para cima da mesa uma cartada que virou o jogo a seu favor, os aéreos, conforme a World Surf League (WSL) havia solicitado através de um famigerado e-mail aos finalistas.

O primeiro duelo foi de antologia com dois estilos diferentes a darem espetáculo nas águas de Trestles. Ambos, conseguiram pontuações combinadas superiores a 17,00 pts: 17,93 pts para Filipe face aos 17,23 pts de Ethan.

Depois de tamanha apresentação, a expetativa era muita para a segunda bateria, mas tudo acabou por sair defraudado. Com a alteração das condições, tivemos largos minutos sem ondas surfadas à semelhança do que sucedeu na segunda bateria da final feminina. Não houve ondas a entrarem no patamar da excelência. 

Ethan Ewing só começou a surfar já dentro dos últimos 10 minutos, num heat com 35 minutos de duração. Filipe Toledo iniciou um pouco mais cedo as hostilidades e aproveitou da melhor forma as oportunidades para arrecadar novo triunfo e assim selar a revalidação do título mundial, deixando em festa os muitos brasileiros presentes em Trestles. Afinal, são uma meia cheia de títulos consecutivos para o Brasil. É obra! 

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