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- Medina ganhou o duelo a John John, enquanto Chianca, Miguel Pupo e Yago Dora foram dos nomes que mais brilharam.
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As expectativas para o arranque da temporada 2023 eram altas, mas as condições não permitiram uma estreia auspiciosa para os melhores surfistas do Mundo. Apesar de a etapa inaugural se disputar na onda rainha do surf mundial, a verdade é que as previsões em Pipeline não têm sido animadoras e a ação arrancou com o que de melhor havia no horizonte: vento offshore e tubos bem formados, mas pequenos.
Foi neste padrão que a organização decidiu arrancar com a primeira ronda masculina, avançando depois para a repescagem e deixando a prova feminina e a portuguesa Teresa Bonvalot mais um dia em espera. As condições exigiram mais técnica do que atitude aos surfistas e no final do dia, feitas as contas, foram os brasileiros a sobressair num longo dia de surf.
O destaque principal vai para Gabriel Medina, que venceu o duelo mais aguardado da ronda, ao superar John John Florence de forma renhida, que também seguiu para a ronda 2, enquanto o italiano Leo Fioravanti foi o mero espectador que já se previa. Ainda assim, em termos de performance, os compatriotas de Medina que sobressaíram. Desde logo, João Chianca, a confirmar tudo o que já tinha mostrado em 2022, sendo o único a conseguir uma nora excelente. Depois, Miguel Pupo e, mais tarde, Yago Dora assumiram as rédeas do show.
Na fase a eliminar registaram-se poucas surpresas. É certo que a presença de nomes como Kanoa Igarashi e Yago Dora nesta ronda 2 teve a sua quota de surpresa, mas ambos se desenvencilharam com facilidade da situação. Pelo caminho acabaram por ficar os dois wildcards havaianos, Josh Moniz e Imaikalini deVault, o sul-africano Matthew McGillivray e ainda o brasileiro Jadson Andre, que a seu favor tem o facto de ter competido lesionado, sendo o único que deixou prevalecer a atitude numa dia decisivamente marcado pela técnica nos tubos de Pipe.
De resto, pouco mais houve de salientar, num dia em que os vencedores de grande parte das baterias, nem sequer chegou aos dois dígitos – aconteceu em sete das 12 baterias da primeira ronda e mais duas das quatro da ronda 2 – e onde muitas vezes foram os aéreos a decidir passagens, em virtude da escassez de tubos ou de espaço para entrar neles. Algo que denota a falta de espetacularidade numa arena que habituou os fãs do surf mundial aos dias mais épicos de competição.
O grande problema é que as previsões não apontam grande melhoria nos próximos dias, havendo uma subida do swell mais para o final da janela de espera, embora sempre com a dependência extrema do vento, que se tem mostrado instável. Depois de uma prova memorável em 2022, este ano o Billabong Pipeline Pro pode não ir muito além da “mini perfeição” desta quarta-feira, dando aos artistas, e menos às ondas, a obrigação de abrilhantar a prova até final.
Sete notas que nos ajudaram a contrariar o sono:
- Um duelo entre Medina e John John tem a capacidade de animar qualquer evento, em que condições forem. Não foi exceção na abertura de Pipe, embora fique sempre a sensação que um embate destes merecia mais em termos de ondas. Ainda assim, apesar da superioridade ligeira do brasileiro perante o havaiano, a verdade é que, mesmo avançando ambos diretamente para a ronda 3, o desfecho pode ter tido grandes implicações no campeonato. Isto porque foram parar ambos à mesma parte do quadro, podendo haver reencontro nos quartos-de-final. E até lá Florence ainda poderá ter de medir forças com um dos mais subestimados surfistas de Pipeline, o brasileiro Miguel Pupo.
- Yago Dora teve um verdadeiro “choque” na ronda inaugural, não conseguindo melhor que 2,13 pontos numa bateria em que foi dominado pelos australianos Ryan Callinan e Callum Robson. Contudo, regressou bem mais eficaz na repescagem, conseguindo mesmo o melhor score do dia, com 13,43 pontos.
- A par de Medina, Dora e também Miguel Pupo, o grande destaque do dia foi João Chianca, que no início do dia definiu logo a escala com um tubo bem negociado, pontuado com 8,50, naquela que foi a melhor nota do dia, já na casa da excelência. Algo que não deve surpreender muitos, após a performance do ano passado. Chianca provou que o seu lugar é no WCT, sobretudo em etapas tubulares.
- Seguindo a toada canarinha, os dois surfistas que discutiram o título mundial no ano passado tiveram mais discretos, mas avançaram ambos diretamente para a ronda 3, sem o sobressalto da repescagem. Atuações q.b., como acaba por ser o costume em etapas deste género. Toledo até venceu a bateria, com um score de 6,00, estando mais à vontade com ondas deste tamanho. Já Italo ficou-se pelos 5,20 pontos na bateria anterior, sendo mais prejudicado pelas condições. Contudo, ainda é o início, e também eles terão uma palavra a dizer nesta prova.
- Não venceu, mas é o campeão em título do evento e é impossível não falar de Kelly Slater. Mesmo perdendo a disputa para Caio Ibelli, outro brasileiro em destaque, Kelly esteve em bom plano e nem sequer sofreu para garantir a vaga na próxima fase. Contudo, foi afetado pelo seeding, que o coloca no caminho de Yago Dora já na próxima fase. Este promete ser o grande duelo da ronda 3.
- Já o tínhamos referido acima e, embora seja feita também aos vencidos, a longevidade de Jadson Andre é explicado por episódios como este. Uma lesão num joelho, mas ainda assim foi para a luta. Acabou eliminado, mas ganhou no campeonato da atitude. Poderia ter-se encostado a pensar num possível wildcard por lesão, mas preferiu competir sem se acanhar. Já está fora de prova, mas com esta atitude vai ser difícil sucumbir ao corte do meio da temporada.
- Por fim, o draw que colocou o “peixe graúdo” quase todo do mesmo lado. A primeira metade está propícia a surpresas e outsiders, ficando com nomes como Italo Ferreira, Jordy Smith, Ethan Ewing ou Griffin Colapinto. Tops que conseguiram superar com sucesso a ronda inaugural, mas sem grande brilhantismo, e que agora têm caminho aberto para chegar longe neste evento. Os grandes duelos ficam reservados para a segunda metade do draw, que conta com Medina, John John, Dora, Slater, Toledo, Chianca e ainda Jack Robinson. Vai ser um campeonato à parte...
Billabong Pro Pipeline Men's Opening Round Results:
HEAT 1: Miguel Pupo (BRA) 12.50 DEF. Nat Young (USA) 10.17, Ian Gentil (HAW) 6.94
HEAT 2: Joao Chianca (BRA) 12.83 DEF. Jake Marshall (USA) 10.70, Kanoa Igarashi (JPN) 1.00
HEAT 3: Ethan Ewing (AUS) 6.20 DEF. Liam O'Brien (AUS) 6.06, Kolohe Andino (USA) 4.30
HEAT 4: Ezekiel Lau (HAW) 8.54 DEF. Jack Robinson (AUS) 8.50, Jadson Andre (BRA) 0.23
HEAT 5: Seth Moniz (HAW) 8.50 DEF. Italo Ferreira (BRA) 5.20, Imaikalani deVault (HAW) 2.04
HEAT 6: Filipe Toledo (BRA) 6.00 DEF. Jackson Baker (AUS) 5.93, Joshua Moniz (HAW) 1.50
HEAT 7: Griffin Colapinto (USA) 9.84 DEF. Barron Mamiya (HAW) 9.33, Michael Rodrigues (BRA) 9.10
HEAT 8: Caio Ibelli (BRA) 10.44 DEF. Kelly Slater (USA) 8.60, Carlos Munoz (CRC) 0.50
HEAT 9: Jordy Smith (RSA) 10.66 DEF. Connor O'Leary (AUS) 9.27, Maxime Huscenot (FRA) 1.96
HEAT 10: Rio Waida (INA) 9.16 DEF. Samuel Pupo (BRA) 6.50, Matthew McGillivray (RSA) 6.46
HEAT 11: Ryan Callinan (AUS) 9.57 DEF. Callum Robson (AUS) 7.90, Yago Dora (BRA) 2.13
HEAT 12: Gabriel Medina (BRA) 10.84 DEF. John John Florence (HAW) 10.00, Leonardo Fioravanti (ITA) 1.60Billabong Pro Pipeline Men's Elimination Round Results:
HEAT 1: Kanoa Igarashi (JPN) 11.03 DEF. Michael Rodrigues (BRA) 9.03, Joshua Moniz (HAW) 8.87
HEAT 2: Yago Dora (BRA) 13.43 DEF. Maxime Huscenot (FRA) 8.27, Imaikalani deVault (HAW) 4.33
HEAT 3: Leonardo Fioravanti (ITA) 7.60 DEF. Carlos Munoz (CRC) 7.14, Matthew McGillivray (RSA) 6.93
HEAT 4: Kolohe Andino (USA) 9.43 DEF. Ian Gentil (HAW) 8.13, Jadson Andre (BRA) 4.87Billabong Pro Pipeline Men's Round of 32 Matchups:
HEAT 1: Italo Ferreira (BRA) vs. Ian Gentil (HAW)
HEAT 2: Jordy Smith (RSA) vs. Nat Young (USA)
HEAT 3: Griffin Colapinto (USA) vs. Leonardo Fioravanti (ITA)
HEAT 4: Callum Robson (AUS) vs. Jackson Baker (AUS)
HEAT 5: Ethan Ewing (AUS) vs. Liam O'Brien (AUS)
HEAT 6: Seth Moniz (HAW) vs. Barron Mamiya (HAW)
HEAT 7: Caio Ibelli (BRA) vs. Ezekiel Lau (HAW)
HEAT 8: Samuel Pupo (BRA) vs. Ryan Callinan (AUS)
HEAT 9: Filipe Toledo (BRA) vs. Carlos Munoz (CRC)
HEAT 10: Yago Dora (BRA) vs. Kelly Slater (USA)
HEAT 11: Connor O'Leary (AUS) vs. Rio Waida (INA)
HEAT 12: Kanoa Igarashi (JPN) vs. Joao Chianca (BRA)
HEAT 13: Jack Robinson (AUS) vs. Michael Rodrigues (BRA)
HEAT 14: Gabriel Medina (BRA) vs. Jake Marshall (USA)
HEAT 15: John John Florence (HAW) vs. Kolohe Andino (USA)
HEAT 16: Miguel Pupo (BRA) vs. Maxime Huscenot (FRA)Para acompanhar e confirmar live, os dados sobre o estado do mar, podes usufruir da nossa rede de livecams e reports preparada para essa finalidade.
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