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- Inexistência de informação deixou, inclusivamente, Sophie McCulloch baralhada com as contas…
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A forma inglória como Teresa Bonvalot falhou o acesso ao circuito mundial do próximo ano, ainda ecoa e vai perdurar durante anos na memória do surf nacional. Um momento quase digno da lei de Murphy, em que tudo o que não podia acontecer… aconteceu. Mesmo com a portuguesa a mostrar-se à altura do momento em Haleiwa, na etapa de todas as decisões, quis o destino que falhasse o apuramento para o CT 2023 por um ponto ou posição, após ter terminado empatada com a australiana Sophie McCulloch, que foi a vencedora do evento.
Mas não foi só o destino a definir este desfecho, que confundiu muitos, inclusivamente a própria australiana, que chegou à final sem perceber bem o que se estava a passar, depois de, inclusivamente, ter dado os parabéns publicamente a Teresa Bonvalot, após a flash interview do heat das meias-finais. A verdade é que a pontuação do evento havaiano, que por si só já tem pontuações diferentes dos restantes, por ser disputado sempre a heats de quatro surfistas até à final, mudou a meio da temporada. Caso as pontuações em vigor fossem as do ano passado, a passagem à final teria automaticamente apurado Teresa para a elite do surf mundial.
Em 2021 o 3.º posto em Haleiwa valia 6500 pontos. O 4.º valia 6100. Ou seja, o último lugar da final valia mais 15 pontos que o 3.º lugar deste ano (6085). Pontos que seriam suficientes para definir as contas. Para trás igual. Todas as posições que não existem nas outras etapas, como o 7.º posto e o 13.º posto, também sofreram reduções. Algo que fez com que os cenários apresentados antes do campeonato começar estivessem mal calculados. Ainda que na maior parte dos casos as diferenças fossem mínimas e não mudassem por completo o figurino. As grandes diferenças, essas, estavam guardadas para a final.
Foi só nessa fase que muitos se começaram as questionar dos requisitos de Teresa, que pela pontuação do ano anterior estaria já qualificada com a passagem nas meias-finais. Foi, então, que alguns treinadores nos iluminaram do sucedido, explicando que atletas e os próprios tinham sido informados pela WSL sobre estas novas pontuações havaianas. Que se analisarmos a fundo, até fazem todo o sentido, pois colocam todas as provas em pé de igualdade.
Contudo, foi uma mudança comunicada somente a surfistas e treinadores. E apenas isso. Zero de informação publicada no site. Zero de cenários apresentados na própria emissão do evento, a não ser a 10 minutos do fim do evento, quando mostraram que o requisito de Teresa era o 2.º lugar – dando a WSL, involuntariamente ou não, a vitória de McCulloch como garantida. A nova ditadura da informação imposta pela organização privada preferiu gerir o momento através da nulidade de informação e de um estranho secretismo. Além de um apêndice de pontuações que surge na centésima de 119 páginas do livro de regras das competições da WSL, atualizado em… Outubro.
Tudo isto teria sido simples de contornar caso a WSL não tivesse abolido do site e os pdf’s com os quadros competitivos de cada etapa e listas de inscritos. Era esse o manual com que os mais interessados podiam analisar tudo ao detalhe sobre os eventos. Desde, inicialmente, a lista de inscritos, os wildcards e as ausências, até, posteriormente, o heat draw e pontuações. Esse detalhe teria sido suficiente para o Mundo inteiro colocar-se a par da mudança de pontuações, ao invés de ter ficado ao sabor do vento e dessa ditadura de informação imposta para tornar as pessoas “ignorantes”, como em qualquer ditadura que se preze.
Talvez por querer não informar sobre questões relacionadas com wildcards ou até impedir os surfistas que percebam quem são os que se seguem na lista de alternates, podendo assim gerir os convites à sua boa maneira, a WSL, que é uma organização que tenta a todo o custo gerar interesse e impacto num mundo global, sem grande sucesso, aliás, está a impedir que se gere conteúdo noticiosos ao erradicar essa mesma ferramenta. Algo que neste caso teria evitado toda a confusão, em que até a própria Sophie McCulloch foi apanhada.
No final, ficou na memória o murro no estômago que todos levaram. Todos os fãs portugueses, e não só, sofreram e sentiram o momento com Teresa Bonvalot, que acabou por desabar em lágrimas no pódio. Talvez a questão das contas nem tenha interferido com o momento, embora muitos tenham ficado propriamente sem perceber o que se passava durante aquele período entre meias-finais e final. Provavelmente, a WSL considera que foi tudo perfeito na construção de um guião incrível que favoreceu a qualificação “impossível” de McCulloch, fazendo de todos os outros amadores. E nem sequer o fator de desempate foi comunicado, sendo preciso recorrer de novo ao livro de regras para perceber que a australiana levava a melhor por ter tido mais vitórias durante o ano. Algo que nunca foi mencionado durante a transmissão.
No entanto, muitos não se esquecem que falamos da mesma instituição - com um nome diferente - que conseguiu a proeza de entregar erradamente e de forma antecipada o décimo título mundial a Kelly Slater, num dos momentos mais surreais da história do desporto mundial. Talvez assim, aos esconderem a informação de tudo e todos, inclusivamente dos próprios fãs que querem atrair, se estejam a proteger do dia em que voltarão a entregar um título mundial por engano…
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