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- Diz que está a 'aprender a viver com uma nova realidade', mas Carlitos acredita que vai regressar um dia à elite do surf mundial, onde 'ficou muito por mostrar'.
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Se há surfista que nos últimos tempos não tem tido a sorte do seu lado, esse surfista é Carlos Muñoz. Tudo começou com os Jogos Olímpicos de Tóquio'2020, onde foi chamado à última hora para substituir Frederico Morais, mas não conseguiu chegar a tempo da histórica competição realizada nas ondas de Tsurigasaki Beach.
Ultrapassada essa deceção, meses depois foi autor de uma proeza inédita. Cali tornou-se no primeiro surfista costarriquenho a qualificar-se para o Championship Tour (CT). No entanto, o sonho acabou por virar um pesadelo logo na primeira etapa e mais uma vez com o "nosso" Kikas na equação.
Muñoz eliminou o surfista português na terceira ronda do Billabong Pro Pipeline, mas foi também nesse heat que lesionou-se gravemente no ombro direito. Subitamente, ficou apeado da competição durante meses e acabou engolido pelo polémico cut.
O tempo foi passando e Carlitos regressou paulatinamente à competição, ainda sem grandes resultados de relevo. No circuito Challenger Series, o surfista da América Central procura dar continuidade à recuperação das boas sensações, com vista a um regresso à elite do surf mundial.
Na semana passada, esteve em Ribeira d'Ilhas a competir no EDP Vissla Pro Ericeira. Não foi além de um discreto 37º lugar, mas deu mais um pequeno passo em frente ao ultrapassar um heat. Desde aquela malfadada bateria em Pipe que Carlos Muñoz não sabia o que isso era.
Esta foi a oportunidade para estarmos um pouco à conversa com alguém que está eternamente ligado à história do surf do país que tem como lema 'Pura Vida'.
Beachcam (BC) - Depois de tão longa paragem, como é que te sentes do ombro direito?
Carlos Muñoz (CM) - Bem, sinto-me melhor. Em determinados momentos estou bem, noutros nem tanto. Estou aprender a viver com uma nova realidade. Há muito que desejava qualificar-me para o CT. Na primeira etapa, em Pipeline, estava a ultrapassar baterias e de repente, perdi tudo. Este foi um processo difícil, de muita aprendizagem e paciência. De mal ao menos, que aqui consegui passar um heat.
BC - Já estás a 100%?
CM - No outro dia, estava a colocar o wax antes de ir surfar e o ombro saiu do sítio. Tenho sempre esse incómodo do ombro. Estou bem para surfar, apesar de ainda remar de forma lenta. Sinto-me bem nos heats.
BC - Que objetivos tens para o futuro?
CM - Gostava de entrar novamente no CT. Penso que ficou muito por mostrar, da minha parte. Quando estava em casa a ver etapas como Peniche ou Sunset Beach pensei que podia surfar muito melhor nessas praias. Fiquei com essa espinha encravada. Espero que tenha nova oportunidade. Tudo vou fazer para isso. Vamos surfar e competir, esperando que tudo se alinhe.
BC - Num curto espaço de tempo, tiveste a lesão no início do CT e não chegaste a tempo de participar nas Olimpíadas de Tóquio. Como lidaste com tudo isto?
CM - À última hora chamaram-me para os Jogos Olímpicos. Fiz todos os possíveis para chegar a tempo da prova, mas não esperaram. Foi um rompe-corações. Depois, entrei no CT e novo golpe. Foram demasiados golpes. Sou uma pessoa que acredita muito em Deus, pelo que tem de haver esperança. Neste tempo, estive focado na minha família. Tenho dois filhos, de 2 e 4 anos, respetivamente. Estive um pouco mais fora de Tour, mas vamos surfar. Tem de existir um equilíbrio entre tudo.
BC - És a favor ou contra o cut?
CM - Se tivesse estado a competir a 100%, não importava com o cut. Como não estive a competir, não estava a favor do cut. Fiquei do lado errado.
BC - Como tens visto a evolução do surf costarriquenho?
CM - A presença da Brisa Hennessy na finalíssima de Trestles aproximou a Costa Rica do topo. É um país com muitas ondas. Tem a costa do Pacífico e o Caribe, que dão ondas durante todo o ano. Há muitos e bons surfistas costarriquenhos, mas falta o apoio financeiro. É difícil.
BC - Qual é a tua relação com a onda de Ribeira d'Ilhas?
CM - Gosto muito desta onda e já passei alguns heats nas provas aqui realizadas. Surfei pela primeira vez esta onda há alguns anos atrás quando fiquei na casa do Gony Zubizarreta. Sempre surfei aqui. É uma onda muito semelhante com aquela em que cresci a surfar: Esterillos Oeste.
BC - Que onda gostas mais de surfar em Portugal?
CM - Em Portugal, já surfei Ribeira d'Ilhas, Reef, a Cave e pouco mais. Nunca fui a Peniche, nem a outros lugares. Pensava que seria este ano a minha estreia em Peniche, mas afinal... Pensei que poderia ter sido competitivo ali, pois é uma onda muito parecida a Playa Hermosa, mas esta tem água quente.
BC - Quem são os surfistas portugueses com quem melhor te dás?
CM - Não sou um grande amigo deles, mas desde os tempos de júnior que conheço o Frederico Morais e o Vasco Ribeiro. Também conheço o Gony Zubizarreta e o Tiago Pires.
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