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Naquele que veio a ser marcado como o dia das finais do EDP Vissla Pro Ericeira, um simples e muito caloroso gesto marcou a ação do muito público que acorreu ao areal de Ribeira d'Ilhas para ver de perto aqueles que estão a lutar com todas as suas forças pela qualificação para o CT do próximo ano.

Saíssem de água com a vitória no bolso ou o amargo sabor da derrota na boca, a partir de dado momento desse longo dia decisivo, todos os surfistas eram merecedores de uma bonita salva de palmas por aquilo que haviam plasmado a cada meia-hora nas direitas daquela que é conhecida como a sala de visitas do surf nacional.

Um dos mais acudidos pelo conhecedor público de Ribeira foi o italiano Leonardo Fioravanti. Bem se pode dizer que o surfista romano estava em casa. Para além de possuir habitação na Ericeira, o competidor italiano contou ainda com o apoio da família neste dia que tornou-se memorável. 

A cada heat que Leo ultrapassava, o empolgamento aumentava, vitaminado pela energia da 'la famiglia'. "Bravíssimo", gritou-se uma e outra vez. À boa maneira transalpina, não faltou aquela paixão e fervor tão característica do desporto italiano. É assim com o futebol, a seleção nacional de râguebi, a Ferrari na Fórmula 1 ou a Ducati no MotoGP. É toda uma maneira muito própria de viver estes momentos que também constituiu uma 'griffe', num país com tantos pergaminhos no mundo da moda.

E foi assim nesta bolha de emoções fortes que Leo Fioravanti viveu um dos melhores dias da sua vida. Foi uma daquelas jornadas que quando deixar a competição irá relembrar-se para sempre do que fez no dia 8 de outubro de 2022.

Venceu quatro heats num só dia (!), pelo meio assegurou antecipadamente a muitíssima desejada requalificação para o Championship Tour (CT) do próximo ano, tendo tudo culminado com a emotiva saída da água em ombros. Nem poderia ser de outra forma, depois de um total de duas horas e cinco minutos dentro de água. 

Desde março de 2020, quando a sua querida Itália estava já a ser fortemente atacada pelo novo coronavírus, que não sabia o que era vencer. Então, havia conhecido a glória em Manly Beach, naquela que foi primeira etapa da história da Challenger Series.

Fioravanti é um surfista habituado a trilhar o caminho das pedras. Tudo aquilo que tem vindo a conseguir no surf de competição é sempre com muito sangue, suor e lágrimas. Um lutador nato.

Quem não se lembra do violento wipeout em Pipeline no ano de 2015 que culminou em duas vértebras partidas e quase terminou abruptamente a carreira. Mais tarde, já inserido no elenco do CT, falhou grande parte do Mundial de 2019 devido a lesão. Teve um regresso quase perfeito em Hossegor, território onde fez a formação como surfista. Ali, viveu um dia parecido ao de Ribeira d'Ilhas, mas acabou por perder nas meias-finais.

Em dezembro de 2020 foi forçado a fazer um surf-off em Pipeline com o australiano Mikey Wright para ficar no CT. Até começou a perder esse duelo, mas garantiu o seu lugar a tempo inteiro no primeiro circuito mundial em mundo pandémico. Este ano, o romano foi um dos cortados pelo cut, depois de um início de temporada em que não mostrou a melhor versão do seu surf.

O golpe foi duro, mas garantiu que ia ativar o modo guerreiro para subir subir de novo a montanha, cujo cume atingiu há poucos dias. 

Obstáculos não têm faltado a Leo Fioravanti na modalidade que escolheu fazer vida, mas o trabalho, a paixão e a entrega ao surf mantêm-se imunes a tudo. 

Por isso, as conquistas do competidor de 24 anos têm um sabor muito especial para si e para todos aqueles que acompanham esta jornada do surfista poliglota e que vem da cidade eterna, mas que não tem ondas. São vitórias da garra e da valentia. Bravíssimo, Leo!  

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