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- Exemplo de garra, valentia e perseverança, o goofy brasileiro pertence à velha guarda do CT. 'Estou muito grato por esta jornada. Enquanto for possível vou continuar por aqui", assegura.
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Nesta segunda metade do Championship Tour (CT) de 2022, o Oi Rio Pro foi sem dúvida o campeonato mais empolgante que teve lugar, até ao momento. Foram vários os motivos de interesse ao longo daqueles dias de forrobodó na sempre lotada Praia de Itaúna, em Saquarema.
Desde o hat-trick de Filipe Toledo à revolta de Carissa Moore, passando pela lesão de Gabriel Medina às duas notas máximas, houve muito para escrever, analisar e debater.
Quem também esteve na berlinda da emotiva etapa brasileira foi Jadson André. Nas ondas do Maracaña do Surf, Jaddy celebrou um marco na sua carreira enquanto surfista profissional. E que melhor sítio para fazê-lo do que na pátria mãe, junto da calorosa torcida de Saquarema. Ali, André participou pela 100ª vez numa etapa do CT. "É uma grande coincidência. É muito especial completar 100 etapas no circuito mundial e que essa efeméride seja assinalada no Brasil. Por ano, apenas temos uma etapa no Brasil", afirmou.
Um número redondo que o próprio surfista brasileiro desconhecia que estava perto de atingir. Perdeu a conta, no meio de tantos campeonatos. "Até ao meu último heat em El Salvador não sabia que estava perto desta marca. Só depois é que vieram ter comigo e disseram-me que o meu próximo campeonato seria o 100º no CT. De imediato pensei, como o tempo voa", referiu aos microfones da World Surf League (WSL).
Por isso e como forma de assinalar este centenário, o de Natal, em Rio Grande do Norte, não utilizou durante o Oi Rio Pro a habitual licra com o número 5 nas costas, mas sim com o nº100. Aos 32 anos, Jadson André pertence à velha guarda do CT. Estreou-se em 2010. Há uma dúzia de anos, portanto. Um dos embaixadores do surf brasileiro quando a célebre tempestade ainda estava a ser formada. Era uma outra época. Naqueles tempos, o capitão Adriano de Souza era a grande referência do surf do país irmão, que ainda não tinha alcançado nenhuma coroa mundial. Agora, já leva meia dezena e as coisas não vão parar por aí.
Jadson André assistiu in-loco a este boom da sua pátria no CT e para esta incrível longevidade muito contribuiu todo o seu espírito guerreiro em cada heat em que está inserido.
O goofy sul-americano nunca dá nada por perdido, mesmo que esteja contra as cordas e seja quase impossível dar a volta ao texto. Impossível é mesmo uma palavra que não entra no seu vocabulário. Muitas das vezes, até parece ser nos momentos de maior aperto que este surfista se sente mais confortável para soltar a sua melhor versão em cima de uma prancha de surf.
O mais recente exemplo deste estado espírito 'muito Jadiano' é a incrível forma como escapou ao polémico cut. No Main Break de Margaret River os astros alinharam-se. Os surfistas envolvidos nesta batalha foram eliminados de forma precoce e o experiente competidor brasileiro, que chegou à West Oz abaixo do cut, esculpiu mais uma obra-prima com base numa vitória sobre... Kelly Slater. Desde a sua primeira e única vitória no CT até ao momento, obtida em Santa Catarina 2010, que não servia a KS o amargo sabor da derrota. Voltou a fazê-lo quando mais necessitava.
São estes verdadeiros contos de fadas, mas que são suportados por grandes doses de valentia, tenacidade, perseverança e garra que fazem deste competidor alguém singular e que é muito querido entre a entourage do CT, particularmente pela tropa brasileira que por estes dias governa o Tour. Jadson André é diferente. Subestimado por muitos, a verdade é que fez por merecer cada uma destas 100 etapas em que teve o prazer de defrontar os melhores surfistas do mundo, lote ao qual pertence há mais de uma década. Nada foi dado de mão beijada. "Estou muito grato por esta jornada. Enquanto for possível vou continuar por aqui", assegura.
Resta dizer que na sua 100ª aparição numa etapa do CT, o surfista de 32 anos ficou inevitavelmente ligado a um dos momentos mais apoteóticos do campeonato. Viu de perto o maravilhoso tubo de nota 10 protagonizado pelo compatriota Caio Ibelli. Autor de mil e uma recuperações impossíveis, desta vez coube provar do seu próprio veneno. E Jadson sabe bem disso.
"Faz parte. É o segunda nota 10 do ano e ainda por cima um tubo, o que é não é muito habitual nestas ondas. Não tenho de ficar triste. Tudo isto faz parte do jogo. Noutras ocasiões fui eu que virei baterias em cima de outros surfistas", confidenciou alguém que tem a perfeita noção que nem sempre pode calhar coroa, por vezes sai cara.
A humildade é um traço dos grandes e Jadson André é sem dúvida muito grande....
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