Homepage
- Australianos dominaram o dia final, com Jack Robinson a ser finalista vencido e a chegar-se a Toledo no ranking.
-
Ethan Ewing e Tatiana Weston-Webb sagraram-se, esta sexta-feira, campeões do J-Bay Open, nona e penúltima etapa da temporada regular do CT 2022. Num dia final que contou novamente com ondas de grande potencial, o surf voltou a ser de excelência, com drama à mistura, para o desfecho daquela que foi uma das melhores etapas do ano.
Do lado masculino a Austrália respondeu ao domínio brasileiro da véspera e conseguiu uma final totalmente aussie. Algo que já não acontecia há cerca de 4 anos, depois de Julian Wilson e Ryan Callinan, dois surfistas que já nem fazem parte da elite mundial, terem discutido o triunfo do Quiksilver Pro France de 2018. Por sua vez, na prova feminina, Tatiana Weston-Webb usou todo o seu power de backside para transformar-se na primeira surfista goofy a vencer em Jeffreys Bay para o CT.
O dia final começou com os quartos-de-final masculinos e Jack Robinson a colocar o primeiro prego no caixão do domínio brasileiro. Com uma exibição sólida, mas ainda em crescendo, o jovem talento australiano venceu facilmente Samuel Pupo, ficando mais perto da liderança de Filipe Toledo, depois da eliminação do número um mundial na véspera. Depois, Kanoa Igarashi, naquele seu ritmo a dois tempos, ajudou à festa, eliminando Italo Ferreira, a grande estrela da jornada de ontem, numa bateria emocionante e resolvida por apenas 0,43 pontos, onde Italo saiu visivelmente magoado.
Na segunda metade do quadro de competição, Yago Dora continuou a esbanjar estilo nas longas direitas de J-Bay, ainda assim menos perfeitas que as de ontem, e venceu com muita facilidade - e como era esperado - o australiano Connor O’Leary, no único sucesso canarinho nesta guerra particular que invadiu a atualidade do circuito mundial masculino. Por fim, Jordy Smith eclipsou-se frente a Ethan Ewing, que começava a dar sinais de poder fazer coisas grandes.
Seguiram-se as meias-finais femininas, onde a lógica imperou de forma invertida. Primeiro, a classe de Stephanie Gilmore sucumbiu perante uma inspirada Tyler Wright, de regresso em grande ao circuito. Depois, Tatiana Weston-Webb bateu Carissa Moore, num duelo que foi mais perdido pela campeã mundial do que vencido pela brasileira, graças a uma interferência.
Nas meias-finais masculinas a emoção subiu de tom e na primeira Jack Robinson confirmou o grande momento que atravessa. Robbo venceu Kanoa Iagarashi de forma superlativa, com direito a notas altas e um nível de surf de puro candidato ao título mundial, cada vez mais próximo do topo do ranking.
Na segunda meia-final aconteceu o duelo do campeonato, com Yago Dora a conseguir duas notas excelentes e a surfar melhor que nunca, mas a esbarrar na mestria das linhas de Ethan Ewing, que desequilibrou a bateria com uma onda de 9,07. No final, Ewing venceu por apenas 0,17 pontos – a diferença suficiente para gerar a celeuma habitual, embora o que haja a realçar neste embate seja a qualidade apresentada por ambos.
A ação não parava nem dava descanso e foi num ritmo altíssimo que a final feminina entrou na água para a semi desforra brasileira nos australianos. Duas surfistas em grande plano, mas com o backside poderoso de Tatiana a fazer novamente a diferença. A brasileira mais havaiana do surf mundial somou 17,50 pontos e deixou Tyler com somente 15,67 pontos, mas com o consolo de ter reentrado na luta pelo top 5 mundial.
Já Tati, que venceu pela segunda vez na temporada, depois de Peniche, e pela quarta na carreira, saltou para o top 3 e está muito perto de ficar com a viagem garantida até à finalíssima de Trestles, onde no ano passado foi vice-campeã mundial. Atrás dela surgem Stephanie Gilmore, em crescendo, e Brisa Hennessy, em queda. Depois, é Lakey Peterson, a própria Tyler e a rookie Gabriela Bryan que se parecem apresentar ainda com ambições legítimas na luta pelo top 5. Na liderança está Carissa, bem firme. Só uma hecatombe em Teahupoo a poderá tirar de lá, face à aproximação à distância de Johanne Defay.
Com a final masculina como ponto final de um campeonato inesquecível, Jack Robinson apresentou-se como o melhor competidor, contra o melhor surfista, personificado por Ethan Ewing. Dois talentos precoces que, cada um à sua maneira, demoraram a confirmar todo o potencial em competição e que, agora, o fazem em simultâneo, um com 24 anos e outro com 23, respetivamente.
Numa final disputada ao centímetro, acabaram por ser os pormenores a fazer a diferença. Foram duas ondas idênticas para ambos, mas com o 9,13 de Ewing a fazer a diferença, num marcador que ficou em 16,80 contra 16,30. E com o estilo ímpar do mais novo a fazer, certamente, desequilibrar nesses pequenos pormenores que garantiram o primeiro triunfo da carreira no WCT. Um triunfo que surge num lugar icónico, em ondas épicas. Uma vitória daquelas que fazem carreiras. Foi as boas-vindas de Ethan Ewing ao Olimpo dos maiores nomes do CT.
A história feita por Ewing, que quebrou três anos consecutivos de domínio brasileiro em J-Bay, serviu para ascender ao 3.º posto do ranking mundial, ficando bem lançado para Trestles. Onde não só seria surpreendente como também injusto não vê-lo a lutar pelo título. Já Robinson reduziu para cerca de 5 mil pontos a diferença para a liderança de Toledo. Acessível? Se tivermos em conta que o australiano é um tube rider de excelência e que a próxima etapa é em Teahupoo, o grande calcanhar de Aquiles do brasileiro…
Mas há mais suspense na luta pelo top 5, que é fechado por Italo Ferreira e Griffin Colapinto. Abaixo segue Kanoa Igarashi, que parece ser a maior ameaça. Matematicamente, Callum Robson, Samuel e Miguel Pupo, Caio Ibelli e Connor O’Leary ainda podem estar na luta, mas realisticamente já parecem fora de Trestles. Não deixa de ser curioso que Griffin e Kanoa surjam novamente no fio da navalha, depois de no ano passado terem sido os grandes derrotados na etapa final, no México, na luta por um lugar na finalíssima. Desta vez, parece que há margem para um deles sorrir, embora o outro deva ficar novamente de mãos a abanar.
As respostas a todas as dúvidas surgem em Agosto, no Taiti, onde, curiosamente ou não, esta semana os tubos rebentaram enormes. Como não se via há mais de 10 anos. Que siga a festa, porque agora é que o Tour começou a aquecer a sério. Obrigado, J-Bay!
Corona Open J-Bay Women’s Final Results:
1 - Tatiana Weston-Webb (BRA) 17.50
2 - Tyler Wright (AUS) 15.67
Corona Open J-Bay Men’s Final Results:
1 - Ethan Ewing (AUS) 16.80
2 - Jack Robinson (AUS) 16.30
Corona Open J-Bay Women’s Semifinal Results:
HEAT 1: Tyler Wright (AUS) 14.26 DEF. Stephanie Gilmore (AUS) 11.00
HEAT 2: Tatiana Weston-Webb (BRA) 9.60 DEF. Carissa Moore (HAW) 5.50
Corona Open J-Bay Men’s Semifinal Results:
HEAT 1: Jack Robinson (AUS) 15.80 DEF. Kanoa Igarashi (JPN) 13.17
HEAT 2: Ethan Ewing (AUS) 17.04 DEF. Yago Dora (BRA) 16.87
Corona Open J-Bay Men’s Quarterfinal Results:
HEAT 1: Jack Robinson (AUS) 12.83 DEF. Samuel Pupo (BRA) 7.83
HEAT 2: Kanoa Igarashi (JPN) 15.43 DEF. Italo Ferreira (BRA) 15.00
HEAT 3: Yago Dora (BRA) 15.00 DEF. Connor O'Leary (AUS) 10.83
HEAT 4: Ethan Ewing (AUS) 11.50 DEF. Jordy Smith (ZAF) 7.03Para acompanhar e confirmar live, os dados sobre o estado do mar, podes usufruir da nossa rede de livecams e reports preparada para essa finalidade.
Visita a nossa Loja Online, encontras tudo o que precisas para elevar o teu nível de surf!
Segue o Beachcam.pt no Instagram