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  • A sorte de Vasco Ribeiro foi o azar de Frederico Morais no arranque em Snapper Rocks
    07 maio 2022
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  • Na próxima fase Vasco vai ter pela frente um heat bem complicado frente a Conner Coffin, Samuel Pupo e Rio Waida.
  • Snapper Rocks ofereceu condições distintas, este sábado, no arranque oficial do circuito Challenger Series 2022. Uma jornada bem longa, pela madrugada portuguesa adentro, que proporcionou grandes performances nas longas, rápidas e altamente manobráveis direitas da Gold Coast, com sortes bem diferentes para os dois portugueses em prova na ronda 1 masculina. Ao início do dia, Vasco Ribeiro teve a sorte do seu lado e a colaboração do mar para garantir uma vaga na próxima fase, enquanto Frederico Morais não pode dizer o mesmo, depois de ter sido eliminado de primeira, já mais para o final do dia.

    Com 96 surfistas em prova do lado masculino, o tempo nem sequer chegou para realizar todos os 24 heats da ronda inaugural, indo para a água apenas os primeiros 18. Assim, quem ainda não se estreou foi o 11 vezes campeão mundial Kelly Slater, que veio apenas “picar o ponto” a este evento que promete contar com ondas de qualidade ao longo dos próximos dias, tal como já aconteceu este sábado. Ainda assim, já estiveram vários atuais e antigos tops do CT em jogo e muitos deles ficaram pelo caminho, tal como aconteceu com Kikas, perante um leque de jovens talentosos surfistas oriundos de todas as partes do globo, mas com os australianos em especial destaque, sobretudo pelo conhecimento que apresentaram da onda.

    As emoções da luta portuguesa pelo acesso ao CT de 2023 começaram bem cedo, com Vasco Ribeiro colocado no heat 2. Um heat sem nomes sonantes, mas de elevada dificuldade, uma vez que teve pela frente três surfistas australianos. Um deles, Sheldon Simkus, um dos jovens mais assíduos de Snapper Rocks. Logo, não foi à toa que Simkus carimbou o triunfo, com 12,36 pontos. Vasco apresentou-se mais paciente e passou grande parte do heat à procura de uma segunda onda que lhe permitisse lutar pela qualificação. Apesar da espera, o campeão nacional foi recompensado já perto do final com uma onda que lhe garantiu 5,33 pontos e a passagem no segundo lugar, por apenas 0,20 pontos, com Kalani Ball e também o campeão regional australiano Joel Vaughan a ficarem pelo caminho.

    Depois de uma estreia dramática, mas com desfecho positivo por parte da armada lusa foi preciso esperar pelas 6 horas portuguesas para ver Frederico Morais em ação no heat 15. Ao contrário de alguns heats lentos, em que as ondas de qualidade não chegavam para todos, nesta disputa os quatro surfistas começaram a todo o gás, com o português a ficar mais na retaguarda. Nos instantes finais, Kikas contava apenas com uma onda de 6,57 pontos e a segunda tentativa já não foi a tempo de evitar a derrota, numa bateria vencida por mais um australiano, o jovem Kyuss King, e com o brasileiro Thiago Camarão a ser segundo. Os 11,47 pontos do português ficaram bem distantes dos 14,73 de King e dos 14,06 de Camarao e também ficaram atrás dos 12,10 do norte-americano Kade Matson, que o acompanhou no adeus à competição.

    Pelo meio houve mais tops seeds a dizerem adeus à prova. O maior destaque foi Jack Robinson, acabado de chegar de Margaret River, onde venceu a quinta etapa do CT 2022. Embora tenha entrado nesta prova sem objetivos concretos, pois já está garantido na elite mundial para 2023, Robinson não conseguiu defender o momento que atravessa, ficando no último posto de um heat vencido pelo jovem australiano Alister Reginato. Além de Robinson e Kikas, o brasileiro Deivid Silva e o australiano Liam O’Brien foram os outros surfistas eliminados entre aqueles que fazem parte da lista inicial de competidores do circuito mundial.

    Jack Robinson à parte, este foi um começo nada auspicioso para o trio de surfistas relegados pelo cut do meio da temporada. Ainda assim, esta não é uma situação alarmante para as aspirações de Frederico Morais em regressar à elite mundial no final desta temporada. Isto porque o circuito Challenger Series é composto por 8 etapas, uma delas em Portugal, mas só os cinco melhores resultados de cada surfista contam para o ranking final. Dessa forma, Frederico já tem aqui um dos seus três descartes.

    Mas se houve top seeds a cair de forma surpreendente, também houve aqueles que ajudaram e muito a dar espetáculo. Foi o caso de Jadson Andre, que aproveitou o balanço do miraculoso apuramento para a segunda metade da época no CT, garantindo uma das melhores performances do dia, com 17,50 pontos, patrocinados pelo seu forte backside. O havaiano Imaikalani deVault (16,17 pontos), o australiano Jordan Lawler (16,26) e o ex-top mundial brasileiro Michael Rodrigues (17,47) foram outros dos grandes destaque deste primeiro dia de ação, onde houve 9 triunfos australianos, ou seja, metade dos heats disputados.

    A ação fechou com um triunfo muito festejado por parte do brasileiro João Chianca no heat 18, ele que foi rookie do CT este ano, mas que também acabou por ser relegado no recente cut, mesmo depois de ter proporcionado grandes performances ao longo das cinco etapas realizadas e de ter conquistado inúmeros fãs por todo o Mundo. Aliás, nas redes sociais há muitos movimentos a pedirem que a WSL lhe conceda wildcards para as etapas tubulares da segunda metade da temporada regular, em virtude do nível que apresentou no pouco tempo que esteve entre os melhores do Mundo. Para já, a boa notícia é que venceu a primeira batalha naquilo que todos esperam que seja o caminho de regresso ao topo, fechando, assim, um longo dia – madrugada, no caso português - de ação.

    Com a prova feminina, onde Portugal está representado por Teresa Bonvalot, Kikas Veselko, Mafalda Lopes e Yolanda Hopkins, ainda à espera de começar, e com seis heats por disputar nesta ronda inaugural masculina, este domingo a ação deverá contar novamente com boas condições, que vão permitir mais surf de excelência no Superbank australiano, quer seja através de manobras explosivas ou aéreos bem altos. Isto com a representação portuguesa na prova masculina a ficar apenas entregue a Vasco Ribeiro, que já está entre os 48 melhores surfistas, mas ainda longe de conseguir amealhar pontos que façam a diferença no final do ano.

    Na próxima ronda, Vasco vai estar novamente no heat 2. E o campeão nacional vai ter novamente uma tarefa bem complicada pela frente. Desta vez sem qualquer australiano pela frente, mas com surfistas de muita experiência e valor. O norte-americano Conner Coffin, que foi top 5 mundial no ano passado e que este ano não conseguiu evitar o cut, o brasileiro Samuel Pupo, atual rookie do CT e com lugar confirmado na segunda metade do ano e em 2023, e o indonésio Rio Waida, que foi um dos destaques da ronda inaugural. Serão os adversários do surfista português. Uma tarefa árdua, sobretudo pela facilidade que Pupo e Waida terão em levar a disputa para o ar, caso as condições o proporcionem.
    Snapper Rocks foi, assim, um palco perfeito para esta verdadeira montra do que aí vem a nível de talento no surf mundial, com um misto de emoções no que às cores nacionais diz respeito. Uma jornada de muita emoção e surf de grande nível, com um elenco que apresenta uma mescla de juventude irreverente e experiência. Um circuito muito bem pensado e trabalhado pela WSL e que, exageros à parte, quase que começa a ofuscar o escalão principal. É que neste todos sabem o que está em jogo e, pelo menos, a ronda inaugural é bem mais emocionante do que a do CT, onde nem sequer há eliminação em jogo e o talento por vezes parece começar a escassear, além dos nomes do costume.

     

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