Homepage

  • Jack Robinson e Isabella Nichols ressuscitam orgulho australiano em Margaret River
    04 maio 2022
    arrow
  • Nichols, Gabriela Bryan e Matthew McGillivray fecharam as contas do cut.
  • Foi australiana a festa em Margaret River, no final da quinta e muito badalada etapa do CT 2022, onde foi feito o cut para a segunda metade da temporada. Dois vencedores inesperados, cada um à sua maneira, e compatriotas. Mas ambos com caminhos bem distintos. Na prova masculina o suspense das contas ficou logo arrumado ao início do dia final, dando continuidade à lógica da véspera, enquanto do lado feminino o drama ficou mesmo até aos últimos segundos.

    Com mar mais pequeno em relação à véspera, mas com ondas ainda com algum tamanho, o dia final começou de forma inesperada, com Kolohe Andino ausente devido a um problema estomacal. Dessa forma, John John Florence nem entrou na água nos oitavos-de-final, ficando um passo mais perto do destino que poucos acreditavam não se realizar. Assim, ficou-se um heat mais perto de todas as decisões do cut.

    Foi depois de um heat bem morno ganho por Griffin Colapinto frente a Callum Robson que entrou na água a bateria das decisões. De um lado o aflito Matthew McGillivray. Do outro e já apurado Samuel Pupo. De fora Owen Wright a rezar pela derrota do sul-africano para se conseguir manter na elite mundial. Todos eles Rip Curl, se é que isso nesta fase tivesse algum peso. Depois do wildcard que o safou da despromoção em 2021, desta vez, Wright não teve a mesma sorte e viu McGillivray ganhar a bateria e a última vaga do cut. Fim de contas! Os melhores surfistas do Mundo não estiveram para complicar muito a situação.

    Depois disso, a ação centrou-se numa questão que quase parecia secundária: quem seria o vencedor da etapa? Os oitavos-de-final mostraram mais um par de boas performances, como as de Italo Ferreira, Jordy Smith, Jack Robinson, que descobriu os pozinhos sagrados dos juízes para vencer Barron Mamiya por apenas 0,13 pontos, um cada vez mais imaculado Ethan Ewing e ainda Nat Young, que tirou Toledo de prova por apenas 0,03 pontos. Uma eliminação que não colocou em causa a licra amarela do brasileiro, mas que permitiu uma aproximação da concorrência.

    Nos quartos-de-final voltaram as notas excelentes e os scores elevados. Mas foi John John a provar que estava ali para dominar tudo e todos. Nem mesmo um inspiradíssimo Griffin Colapinto conseguiu travar o havaiano, que estava a começar o dia nesta fase. Na fase seguinte poderia ter tido um heat explosivo frente a Filipe Toledo, não fosse o facto de Matthew McGillivray estar embalado pela qualificação e ter causado mais uma baixa surpreendente. Do outro lado do draw foram os australianos a dominar, com Ethan Ewing cada vez mais em forma e encontrado com a regularidade competitiva, enquanto Jack Robinson teve de superar Jordy Smith.

    Por esta altura, deveriam ser muitos os que sonhavam com uma final entre John John e Ewing. O jovem australiano transformou-se nesta temporada e conseguiu colocar em prática o talento que todos já viam há muito tempo, mas que tardava em conseguir conciliar com a competição. Só que Jack Robinson estava a surfar em casa e tinha outros planos. De um lado um surfista capaz de ser o novo ídolo do surf anglo-saxónico e mundial, com um estilo limpo a fazer lembrar o melhor de Mick Fanning e Andy Irons. O herói capaz de salvar o marasmo do domínio brasileiro. Do outro o surfista que parece encaixar numa visão estratégica da WSL. Ambos australianos. Um do Este, outro do Oeste. Desta vez, ganhou Robinson, naquele que terá sido o grande anticlímax desta etapa.  

    Antes disso, já John John já tinha dado uma “goleada” das antigas a McGillivray. Foram 18,90 pontos, com uma onda de 9,47 e outra de 9,43. A performance do campeonato pelo surfista do campeonato. A vitória estava destinada ao havaiano, que, não à toa, foi escolhido por 88 por cento dos jogadores da Fantasy oficial da WSL – os outros 12 por centro devem ter feito a equipa à sorte. Contudo, Jack Robinson tinha outros planos. Contra tudo e contra todos, graças a um surf à base de aéreos que até ali não tinha vingado, o surfista da casa e novo media darling do surf aussie, depois da saída de cena de Julian Wilson, limpou a final, com 16,24 pontos contra 15,60 pontos.

    O vencedor anunciado ficava sem troféu, embora tenha tido a consolação de subir à vice-liderança do ranking, apenas a 1025 pontos de Toledo. Por outro lado, o anti-herói venceu a segunda etapa da carreira e subiu ao terceiro posto do ranking, a pouco mais de 2 mil pontos da liderança. No 4.º posto surge Ethan Ewing, que se confirmou de vez como um candidato ao top 5 no final da temporada e até ao título mundial. O top 5 é, agora, fechado por Italo Ferreira, com Kanoa Igarashi e Barron Mamiya logo ali à espreita.

    A coisa promete a partir de agora. Veremos os reais efeitos do cut na segunda metade da temporada, onde as cinco etapas restantes só terão 24 surfistas em prova (o top 22, mais dois wildcards, sendo um deles o campeão mundial Gabriel Medina). Em paragens como G-Land, Teahupoo ou J-Bay. Mas sem portugueses na equação… Para já, este malfadado cut, que não reúne, de todo, consenso, tanto nos fãs, como nos surfistas, teve o dom de transformar a “mal amada” etapa de Margaret River num dos pontos altos da temporada.

    Mas falta falar da prova feminina, onde as melhores surfistas do planeta encarnaram na perfeição o real espírito da luta até ao último segundo pelo cut. Com as meias-finais apenas por realizar e já sem as grandes favoritas em prova, no primeiro heat a rookie havaiana Gabriela Bryan tratou de bater a mais experiente em prova, a norte-americana Courtney Conlogue. Um triunfo que colocou Bryan dentro do cut, deixando a vaga restante para ser decidida na segunda meia-final.

    Com Bronte Macaulay a defender a West Oz e na luta por um lugar no cut, mesmo estando no Tour como suplente, tal como McGillivray, do outro lado estava Isabella Nichols. A campeã mundial júnior de 2015, tal como Ewing, também parece determinada em mostrar todo o seu potencial. Venceu o duelo e roubou o sonho a Macaulay. Mas nem por isso ficou confirmada no cut. Nichols empatava no ranking com Malia Manuel, mas no primeiro fator de desempate a havaiana tinha a vantagem de ter oito vitórias durante a temporada, excetuando a ronda de repescagem, contra 7 da australiana.

    Foi uma luta ao milímetro e Nichols tinha de vencer a final para contornar este empate técnico. Mas se era preciso vencer o campeonato, foi isso que a australiana fez. Num heat sem a espetacularidade do masculino, mas com doses de drama e emoção que os homens não souberam dar a estas contas, Isabella Nicholas venceu o Margaret River Pro, não sabendo certamente se o mais importante era ter conseguido a primeira vitória no Tour ou ter garantido a continuidade para a segunda metade da temporada.

    O incrível destas contas femininas é que se Nichols tivesse perdido falhava o top 10 e o cut por empate técnico. Mas como ganhou garantiu a qualificação e ainda saltou para o 4.º posto do ranking. Um equilíbrio surreal no ranking. Resta perceber se um dos wildcards será entregue à lesionada Caroline Marks ou se servirá para salvar Malia Manuel, que fica de fora mesmo tendo feito uma final nesta temporada. Depois da polémica com o cut e antes da partida para G-Land e para a segunda metade da época, nos próximos dias a WSL anuncia os wildcards, que ficarão logo com vaga para a temporada de 2023.   

    Margaret River Pro Women’s Final Results:
    1 - Isabella Nichols (AUS) 12.94 
    2 - Gabriela Bryan (HAW) 10.00

    Margaret River Pro Women’s Semifinal Results:
    HEAT 1: Gabriela Bryan (HAW) 15.73 DEF. Courtney Conlogue (USA) 15.43
    HEAT 2: Isabella Nichols (AUS) 15.93 DEF. Bronte Macaulay (AUS) 11.34

    Margaret River Pro Men’s Final Results:
    1 - Jack Robinson (AUS) 16.24
    2 - John John Florence (HAW) 15.60

    Margaret River Pro Men’s Semifinal Results:
    HEAT 1: John John Florence (HAW) 18.90 DEF. Matthew McGillivray (ZAF) 11.94
    HEAT 2: Jack Robinson (AUS) 16.27 DEF. Ethan Ewing (AUS) 14.53

    Margaret River Pro Men’s Quarterfinal Results:
    HEAT 1: John John Florence (HAW) 17.50 DEF. Griffin Colapinto (USA) 17.16
    HEAT 2: Matthew McGillivray (ZAF) 15.87 DEF. Italo Ferreira (BRA) 14.67
    HEAT 3: Ethan Ewing (AUS) 15.70 DEF. Nat Young (USA) 12.40
    HEAT 4: Jack Robinson (AUS) 14.40 DEF. Jordy Smith (ZAF) 11.00

    Margaret River Pro Men’s Round of 16 Results:
    HEAT 1: John John Florence (HAW) DEF. Kolohe Andino (USA)
    HEAT 2: Griffin Colapinto (USA) 9.87 DEF. Callum Robson (AUS) 7.57
    HEAT 3: Matthew McGillivray (ZAF) 14.50 DEF. Samuel Pupo (BRA) 10.74
    HEAT 4: Italo Ferreira (BRA) 15.83 DEF. Miguel Pupo (BRA) 8.83
    HEAT 5: Nat Young (USA) 15.66 DEF. Filipe Toledo (BRA) 15.63
    HEAT 6: Ethan Ewing (AUS) 16.43 DEF. Caio Ibelli (BRA) 14.03
    HEAT 7: Jordy Smith (ZAF) 13.24 DEF. Jadson Andre (BRA) 12.26
    HEAT 8: Jack Robinson (AUS) 16.06 DEF. Barron Mamiya (HAW) 15.93

     

    Para acompanhar e confirmar live, os dados sobre o estado do mar, podes usufruir da nossa rede de livecams e reports preparada para essa finalidade.

    Visita a nossa Loja Online, encontras tudo o que precisas para elevar o teu nível de surf!

    Segue o Beachcam.pt no Instagram