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O começo da temporada de 2022 não foi o mais memorável para Frederico Morais, que acabou por ser um dos surfistas relegados da elite mundial no novo e polémico cut que se seguiu à etapa de Margaret River, a quinta do ano. Um desfecho que deixa Portugal sem representação na segunda metade da temporada e que reflete um começo de ano menos conseguido por parte de Kikas. São os próprios números que o confirmam.

Apesar de nunca ter sido derrotado na ronda de repescagem, a verdade é que Frederico apenas passou a ronda 3 por uma ocasião, precisamente, em Peniche, a competir em casa. Contudo, feitas as contas do ranking, essa conjugação de um 9.º lugar e três 17.ºs – o quarto foi descarte – acabaram por não ser suficientes para assegurar a continuidade.

Olhando agora para o ranking, é fácil perceber que bastaria ao surfista português ter passado a ronda 3 em Margaret para assegurar a continuidade para a segunda metade do ano. Mas, tal como em Pipe, Sunset e Bells, Kikas não conseguiu passar aos oitavos-de-final e o pior desfecho foi inevitável. A partir de agora Frederico vai tentar regressar ao Tour no próximo ano a partir do circuito Challenger Series.

Numa primeira metade de temporada com duas ondas bem ao seu estilo, como são Sunset e Bells Beach, e com apenas uma onda de consequência (Pipe), que é o calcanhar de Aquiles do surf de Morais, as derrotas consecutivas na ronda 3, intercaladas apenas pela exceção que foi Peniche, acabaram por determinar a queda do top 10 de 2021.

Esta é uma análise mais superficial, que está à vista de todos. Contudo, em termos performativos, os números mostram que este foi mesmo um ano abaixo da média para Frederico. Aliás, foi o ano em que o surfista português teve a pior média de score desde que entrou na elite mundial, incluindo o ano de 2019, em que fez várias etapas como suplente, estando constantemente sujeito aos últimos postos do seeding, que o obrigavam a enfrentar os melhores do ranking.

Desta vez, Kikas até teve a seu favor o facto de ter começado a temporada como top seed, fruto do top 10 alcançado no ano passado. Após 13 heats disputados em 2022, Frederico Morais conta com um score médio de 10,16. Abaixo dos 10,29 conseguidos em 2018, ano em que também saiu da elite mundial, regressando dois anos depois. Por curiosidade, em 2019 a média foi de 10,40 pontos. No ano passado foi de 11,06 e em 2017, no ano de estreia no Tour, conseguiu uma média de 13,09 pontos, onde a etapa de J-Bay fez muita diferença nestas contas. No conjunto das etapas que fez como wildcard entre 2013 e 2016 a média foi de 12,55.

Desses 13 heats, em cinco ficou abaixo dos dois dígitos. Noutros cinco não chegou sequer aos 12 pontos. O melhor registo acabou por ser os 13,56 pontos obtidos nos oitavos-de-final em Peniche, num heat em que, curiosamente, foi derrotado por Kanoa Igarashi. Tanto em 2017, como em 2018 e 2021 conseguiu que o melhor score fosse acima deste valor, embora estejamos a falar de épocas completas e não de apenas cinco etapas. Ressalvando também que estes números dependem sempre um pouco da qualidade das ondas de ano para ano. 

Em termos de ondas, Kikas somou apenas uma onda excelente esta temporada, com o 8,5 obtido em Pipeline. No entanto, aqui os números pouco estão relacionados com o sucesso, uma vez que no ano passado foi a única temporada em que Frederico não obteve ondas excelentes, mas nem por isso deixou de terminar no top 10 do ranking, com a melhor classificação de sempre.

Em termos gerais, Frederico Morais fecha a temporada com um total de 45 etapas disputadas e 130 heats realizados em toda a carreira no CT. Ao todo, já venceu 47 baterias, o que dá uma média pouco acima de uma vitória por etapa. Números que esperamos que não fiquem por aqui e que esta saída da elite mundial tenha sido apenas um pequeno percalço e um até já.

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