Homepage
- Etapa portuguesa antecedeu a perna australiana, para onde as contas do ranking seguem ao rubro com o cut de meio de ano aí à porta.
-
Supertubos recebeu os melhores surfistas do Mundo pela 12.ª ocasião. Foi o regresso do CT a Portugal depois de dois anos de interregno, com alto patrocínio da pandemia. O MEO Pro Portugal coroou, esta segunda-feira, Griffin Colapinto e Tatiana Weston-Webb como vencedores da etapa portuguesa, a terceira da temporada, depois de cinco dias consecutivos de ação nas famosas ondas de Peniche.
Situada a meio da primeira metade da temporada, a prova portuguesa mostrou um carácter determinante para as contas dos rankings, que este ano terão um cut a meio da temporada, logo após as duas etapas australianas, para onde segue o circuito. Supertubos foi, assim, importante para restabelecer a ordem entre favoritos, candidatos e outsiders, depois de nas duas primeiras provas, no Havai, as surpresas terem dominado a ação.
O MEO Pro Portugal foi mais uma vez especial, à sua maneira. Demorou a embalar para um dia épico, como o de domingo, mas promete ficar na história por muito tempo, depois das performances incríveis com que a elite mundial brindou a multidão que nunca falta à chamada em Supertubos. Aqui ficam sete notas sobre mais uma passagem dos melhores surfistas do Mundo pelo Oeste de Portugal.
Colapinto – Foi a primeira vitória do talento californiano que tardava em mostra-se na elite mundial. O triunfo nas Challenger Series do ano passado, mesmo sem necessitar de lá andar, foi mais um sinal de todo o valor de Griffin Colapinto. Mas aquele que é um dos media darlings norte-americanos voltou a falhar no Havai. Até que encontrou em Supertubos o palco ideal para brilhar, sobretudo depois dos tubos darem lugar às rampas. Foi a primeira vitória de um californiano desde 2009, quando o bad boy Bobby Martinez venceu em Teahupoo. Mas não foi uma vitória qualquer. O trajeto de Griffin até à final diz bem das montanhas que teve de escalar para saborear o triunfo. Levantar o pesadíssimo troféu no pódio foi quase brincadeira de criança quando comparado com a missão de superar Kelly Slater nos oitavos-de-final, John John Florence nas meias-finais e Filipe Toledo na final. Curiosamente, pelo meio ainda teve tempo de uma nota 10 frente ao conterrâneo mais badalado e overrated da última década, mas que nunca conseguiu chegar onde Colapinto chegou hoje. O jovem californiano parece ter quebrado o enguiço em Supertubos e tudo o que virá a partir daqui poderá ser muito prometedor.
Tatiana – Do lado feminino o MEO Pro Portugal esteve a muito pouco de receber uma final digna dos livros. Muitos seriam o que esperavam ver Stephanie Gilmore contra Carissa Moore no heta decisivo, com 12 títulos mundiais na água em simultâneo. Em vez disso, tiveram Lakey Peterson frente a Tatiana Weston-Webb. Duas das surfistas que procuram intrometer-se na luta por um título que nunca tiveram. A surfista brasileira foi a mais forte, mostrando um surf de grande nível e power. Mostrou que não foi vice-campeã mundial à toa no ano passado. Sempre muito emotiva, o triunfo em Peniche foi o bálsamo que Weston-Webb precisava para superar a dececionante perna havaiana. Um desfecho que teve ainda o condão de equilibrar bastante as contas do ranking feminino, onde Brisa Hennessy conseguiu segurar incrivelmente a liderança e as cinco primeiro estão separadas por cerca de somente 2 mil pontos.
Retoma brasileira – Do lado masculina o equilíbrio não é tão grande, mas os favoritos conseguiram recuperar algum terreno perdido no Havai. Sobretudo os dois resistentes do tridente que agora é órfão de Medina. Toledo e Italo brilharam alto em Peniche e foi por pouco que não chegaram ao triunfo. Toledo subiu ao 4.º posto e Italo ao 10.º, mas mais importante que isso é que deram um claro sinal de que podem contar com eles na Austrália. Mesmo que o super regular Kanoa Igarashi já tenha cavado uma boa distância para a maquis direta concorrência. O japonês, que ainda não foi espetacular em nenhuma das etapas, mas que foi eficiente em todas elas, soma já mais de 2500 pontos de vantagem para a concorrência mais direta. Quanto tempo (etapas) demorará a perder essa vantagem para Toledo, Italo e companhia?
Slater na luta – O rei não teve um resultado estrondoso em Portugal, mas acabou por conseguir uma boa performance, sobretudo depois da deceção em Sunset. Slater mostrou que quando os tubos ditarem as regras ele vai estar na luta pelos primeiros lugares. E a verdade é que ainda teremos, pelo menos, G-Land e Teahupoo na segunda metade da temporada. Para já, mesmo que tenha visto aumentar a distância para a liderança, Slater conseguiu sair de Portugal na vice-liderança do ranking, a par do surpreendente Barron Mamiya. Não sabemos se vai ser um dos top 5 no final da temporada regular nem sequer se faz sentido considerá-lo um real candidato ao título em Trestles. Mas ninguém pode duvidar que o sonho, por enquanto, está vivo, depois de uma exibição q.b. em Supertubos, onde se mostrou bem mais descontraído que o normal. Kelly sabe que tudo o que vier daqui em diante é um bónus.
Frederico Morais – A exibição de garra de Kikas em Supertubos valeu-lhe a primeira passagem do ano aos oitavos-de-final. Ficou-se por aí. Não por culpa própria, mas por ter apanhado pela frente aquele que horas depois confirmava a ascensão à liderança do ranking mundial. Apesar da derrota, Frederico protagonizou o melhor heat da temporada, pelo menos em termos pontuais. E mostrou ter andamento para enfrentar os melhores. O 9.º posto final significou uma subida de quatro posições no ranking, deixando-o ainda atrás do cut. Contudo, parece ter sido a injeção de confiança para atacar um resultado positivo na Austrália. Com Bells no horizonte, talvez um 5.º posto chegue para Kikas superar o cut do meio do ano. Mas ele quererá bem mais que isso, pois, como demonstrou no ano passado, não é a esse campeonato da luta pela continuidade que ele pertence.
Owen e Sally lideram os desesperados – A chegada do circuito à Austrália e logo com duas etapas vai ser um balão de oxigénio para dois dos mais experientes surfistas do Tour. Owen Wright, do lado masculino, e Sally Fitzgibbons, no lado feminino, lideram o pelotão dos surfistas que ainda não começaram a temporada. O que, após três etapas, significa que estão a ficar com a corda na garganta. Restam duas vidas para tentarem algo de muito grande, que permita estar dentro do cut após Margaret River. São eles os dois grandes candidatos à surpresa dos relegados para as Challenger Series. Até mais no caso de Sally, uma regular candidata ao título, uma vez que já no ano passado Owen tinha falhado é requalificação, valendo-lhe um “wildcard de carreira”. Mas há mais nomes que podem causar surpresa e que estão na mesma situação em termos pontuais. Morgan Cibilic, rookie do ano passado, e Ryan Callinan também anseia pela ida para casa de forma a conseguirem fazer algo que os salve. Nas mulheres Courtney Conlogue está ligeiramente melhor – ou menos mal, neste caso – que Fitzgibbons e Stephanie Gilmore continua fora do cut mesmo depois do 3.º posto em Supertubos. Há ainda dois dos rookies em que recaiam maiores expectativas: os havaianos Imaikalani deVault e Bettylou Sakura Johnson. Alguém vai ter de cair!
Supertubos versátil – Poucas ondas no Mundo há que horas depois de oferecerem um festival de tubos incríveis e perfeitos, comecem a fabricar rampas para voos estratosféricos como o que valeu 10 pontos a Griffin Colapinto. Tudo isto num intervalo de 10 horas. Um domingo que mais do que salvar o campeonato teve o condão de eternizá-lo. Há dias assim, que têm o condão de fazer esquecer tudo o resto. A edição de 2022 do MEO Pro Portugal foi aquela que mostrou o lado mais versátil de Supertubos, como se o campeonato tivesse ido fazer uma visita aos Belgas e ao Pico da Mota, como aconteceu no passado, mas sem sequer mudar de sítio. É lógico que em Supertubos os tubos é que mandam. Mas tudo o resto foi um bónus para mais uma edição voltou a mostrar o melhor da costa portuguesa. Os elogios dos surfistas ao longo do evento, sobretudo no domingo, confirmam isso mesmo. Foram cinco dias de janela de espera a fundo, sem qualquer folga. Com ondas para todos os gostos. Que venha 2023!
Para acompanhar e confirmar live, os dados sobre o estado do mar, podes usufruir da nossa rede de livecams e reports preparada para essa finalidade.
Visita a nossa Loja Online, encontras tudo o que precisas para elevar o teu nível de surf!
Segue o Beachcam.pt no Instagram