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- Recordista absoluta de vitórias em Bells, Couper estreou-se a vencer no primeiro ano em que as senhoras ali competiram: 1964. Poucos meses depois de completar 15 anos. Em 1976, tocou pela última vez o famoso sino.
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A próxima fase do Championship Tour (CT) leva a divisão máxima do surf mundial até à Austrália, país que o ano passado suportou grande parte do calendário quando a pandemia teimava em não dar tréguas no restante globo.
É lá nos antípodas que serão realizadas as duas próximas etapas e que vão colocar um ponto final na primeira metade da época. Isto significa que será em território 'aussie' que tudo ficará decidido no que toca às contas do mal-amado cut, onde está metido o nosso Frederico Morais.
Uma vez em solo australiano, a primeira paragem do CT é em Bells Beach. A latitude da mais antiga prova do circuito mundial de surf, que tradicionalmente celebra-se no período da Páscoa. Nos últimos dois anos não houve Bells por causa da pandemia, mas agora a tradição volta a ser o que era.
Para o género feminino, a primeira edição deste icónico campeonato aconteceu em 1964. Desde essa longínqua primeira aparição, um total de 19 senhoras já teve a oportunidade de subir ao pódio e tocar o sino mais famoso do surf mundial, pelo menos uma vez. Vencer em Bells fica sempre bem no CV. Um verdadeiro privilégio, que confere um traço distintivo ao currículo de qualquer competidor ao mais alto nível.
E que o diga a australiana Gail Couper. Nunca foi campeã mundial, mas em Bells Beach construiu um dos recordes mais incríveis que vigora no surf de competição. Ali, não venceu nem uma, nem duas, nem três vezes. Gail conquistou o famoso campeonato australiano por 10 ocasiões. Uma dezena de vitórias! Nem Kelly Slater conseguiu tantos triunfos na sua arena predileta, Pipeline. Se calhar ainda vai a tempo, dada a performance que recentemente plasmou na onda rainha do surf mundial.
Recordista absoluta (homens + mulheres) de vitórias em Bells, Couper estreou-se a vencer no primeiro ano em que as senhoras ali competiram. A façanha foi consumada poucos meses depois de completar 15 anos. Por sua vez, a última vitória aconteceu em 1976. Antes do final dessa década retirou-se das competições. Naqueles anos, o domínio foi de tal modo avassalador que nas 11 primeiras edições do campeonato feminino só por uma ocasião Gail Couper não venceu. Em 1968, coube à australiana Vivian Campbell romper com a invencibilidade da compatriota.
Foto: Gail Couper/WSL
Quase 50 anos depois da última vitória alcançada, o fantástico recorde desta antiga professora, que inicialmente até começou por jogar ténis, continua a perdurar e tão cedo não parece que vá ser colocado em causa. As duas surfistas que se seguem na lista são duas gigantes do surf feminino: Lisa Andersen e Stephanie Gilmore. Ambas têm "apenas" quatro vitórias. Se 'Happy Steph' ainda pode vir a somar mais alguns triunfos, apesar de andar longe dos seus melhores dias, é altamente improvável para não dizer praticamente impossível que Lisa Andersen volta a vencer em Bells, ela que recentemente até voltou a vestir a licra de competição.
No prestigiado quadro de honra de Bells Beach, seguem-se quatro antigas campeãs mundiais (Carissa Moore, Layne Beachley, Pauline Menczer e Margo Oberg) e uma antiga vice-campeã mundial, Courtney Conlogue. Todas estas podem dizer que já tocaram o sino por três ocasiões. Courtney é mesmo a campeã em título do evento. Entre os dias 10 e 20 abril, a surfista norte-americana vai defender esse estatuto diante de 17 surfistas ávidas para sentarem-se nesse cobiçado trono.
Do atual elenco do CT feminino, quatro surfistas já experimentaram o sabor da vitória em Bells Beach. Na mesa de Steph, Carissa e Courtney também tem lugar a australiana Sally Fitzgibbons.
Voltando a Gail Couper, este é um nome que muitas vezes é esquecido em detrimento de outras figuras também elas relevantes quando falamos na trajetória do surf feminino de competição. Mas a história não se apaga e está sempre lá para ser revisitada. O legado fala por si. Gail tornou-se na Rainha de Bells numa outra era do surf. Um mundo de distância para aquilo que temos hoje em dia. Seja em termos estruturais ou no que toca a prémios, neste caso a falta deles. Profissionalização era uma quimera.
Foto: Gail Couper/WSL
Gail Couper ajudou a mostrar o caminho que as mulheres podiam trilhar no surf. As conquistas que surgiram nas últimas décadas devem-se à ação de pioneiras como esta australiana, que decidiu aventurar-se no surf quando na sua família nunca ninguém havia estado em cima de uma prancha.
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