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  • O Billabong Pro Pipeline e como o surf brasileiro não é só Medina, Ítalo e Toledo
    03 fevereiro 2022
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  • Os tempos são de exaltação das capacidades desta tríade, mas os efeitos da tempestade brasileira não se esgotam apenas nestes elementos. O Billabong Pro Pipeline comprova-o e já o ano passado o Corona Open México tinha dado um cheirinho disso.
  • Para todos aqueles que acompanham atentamente o Championship Tour (CT) no lado masculino, não é novidade que o Brasil tem vindo a ser a nação dominante da divisão máxima do surf mundial de alguns anos a esta parte. Um domínio que também tem sido evidenciado na categoria júnior e que já foi extravasado para o surf de ondas gigantes, mas isso são contas de outro rosário.

    No surf dito mais convencional, esta manifestação de superioridade por parte dos atletas do país irmão deve-se à chegada da badalada tempestade brasileira (Brazilian Storm). Uma invasão que teve no Capitão Adriano de Souza o percursor de tudo o que vivemos até hoje. Por causa dos raios desta tempestade, o Brasil reteve cinco dos sete títulos mundiais que estiveram em disputa desde 2014. Neste momento está numa sequência imparável, pois os últimos três cetros foram parar a surfistas que falam a língua de Camões.

    Desde 2014, caiu o tri de Gabriel Medina (2014, 2018 e 2021) e as conquistas do Mineirinho e Ítalo Ferreira em 2015 e 2019, respetivamente. Só o bicampeonato de John John Florence (2016 e 2017) é que destoa da pauta.

    Com o paulista Adriano de Souza a entrar na curva descendente da carreira nos últimos anos, que culminou na sua retirada do CT no ano passado, as faces mais visíveis desta superioridade brasileira têm vindo a ser os incontornáveis Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Filipe Toledo. Um trio de luxo. Três virtuosistas com uma prancha de surf debaixo dos pés. Cada um com o seu estilo muito próprio. Três pontas-de-lança que em 2021 monopolizaram as três primeiras posições do ranking mundial, isto já depois de terem arrecadado seis das oito etapas realizadas na temporada regular, tendo inclusive varrido toda a perna australiana. 

    Os tempos são de exaltação das capacidades desta tríade, mas os efeitos da tempestade brasileira não se esgotam apenas nestes elementos. O Billabong Pro Pipeline comprova-o e já o ano passado o Corona Open México tinha dado um pequeno cheirinho disso. Aí, nas espetaculares direitas de Barra de la Cruz, tivemos o antigo campeão mundial júnior Mateus Herdy e Deivid Silva nas meias-finais. Foram os únicos representantes do surf brasileiro nessa fase tão adiantada da prova mexicana. DVD viria depois a chegar à final e ser vice-campeão da etapa, conquistada pelo aussie Jack Robinson.

    No entanto, em Pipeline tudo ganhou um maior relevo. Não só por ser o início de uma nova época no CT, mas fundamentalmente por estarmos diante do campeonato dos campeonatos de surf. Aquele que decorre na mais desafiante e temida bancada do planeta. A arena das arenas. Pipeline. A meca do surf mundial.

    E o contexto até não se apresentava muito animador, dado o desfecho que tiveram os três magníficos. Medina ficou fora da equação ainda antes do início da prova, já Ítalo e Toledo fizeram apenas os mínimos olímpicos e caíram nos oitavos-de-final. O cenário parecia desolador, mas eis que o Brasil conseguiu meter três surfistas nos quartos-de-final do Billabong Pro Pipeline. Mais nenhum território conseguiu colocar tantos atletas nesta fase, nem mesmo o próprio Havai, que naturalmente joga em casa.

    Mérito dos eficazes desempenhos que têm vindo a ser protagonizados pelo convidado Caio Ibelli e os manos Pupo, Samuel e Miguel. E uma coisa já é certa, pelo menos um surfista brasileiro vai avançar até às meias-finais, por força do duelo entre o rookie Samuel Pupo e Caio Ibelli. Nesta turma, também poderia estar sem qualquer espanto João Chianca, que colocou em sentido John John num duelo formidável. 

    Há aqui um interessante cruzamento geracional. De um lado a nova vaga, Samuel e João, e do outro velhos caminhantes como são o caso de Caio e Miguel. É nesta toada que o surf brasileiro começou 2022, tal como havia acabado o ano transato. A dar nas vistas, mostrando toda a sua pujança, mas desta vez com outros players. Diz-se que ninguém é insubstituível, pois bem este Billabong Pro Pipeline mostra que há mais vida para além de Medina, Ítalo e Toledo. 

    Para já, Caio Ibelli, Samuel Pupo e Miguel Pupo vão partir para o dia das finais à procura de um registo histórico. Conquistar a primeira vitória do Brasil em etapas no CT desde 2018 sem que o autor desse mesmo triunfo tenha sido os suspeitos do costume. O último a consegui-lo foi o catarinense Willian Cardoso. Aconteceu na famigerada etapa que começou em Margaret River, na Austrália, e acabou em Uluwatu, na Indonésia. Coisas de um dos maiores inimigos dos surfistas. Os tubarões. Um animal que representa bem aquilo que o Brasil tem sido no panorama do surf internacional. Um predador que tudo devora. 

     

     

     

     

     

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