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Quando falamos da famosa 'Brazilian Storm', que de alguns anos a esta parte tem feito a cabeça em água a quem não é brasileiro no Championship Tour (CT), o nome de Yago Dora aparece numa segunda fila em termos de correligionários dessa turma. 

O de Florianópolis está desde 2018 a tempo inteiro na divisão máxima do surf mundial. Curiosamente, o seu melhor resultado por essas paragens até foi obtido em 2017, ano em que obteve a sua qualificação para o CT e apareceu como wildcard no caseiro Oi Rio Pro. 

Em véspera de fazer 21 anos, o campeonato acabou um dia antes do seu aniversário (18 de maio), Yago exibiu-se naqueles dias a um nível altíssimo, que levou ao rubro a vibrante plateia de Saquarema. Dora eliminou nada mais, nada menos do que três (!) campeões mundiais de uma assentada. A relembrar: John John Florence, Gabriel Medina e Mick Fanning. Só o Pai da tempestade brasileira, Adriano de Souza, é que meteu o tomba-gigantes na linha ao ditar a sua lei nas meias-finais, naquela que viria a ser a sua última vitória no Tour. 

Agora, mais de quatro anos depois desse brilharete, Yago Dora voltou a ser feliz na Praia de Itaúna. Porém, desta vez levou para casa o prémio mais gordo, a vitória. No Saquarema Surf Festival, que trouxe de volta o surf de competição aquela latitude após longo hiato provocado pela pandemia, o atleta de 25 anos, rubricou uma performance de antologia durante o campeonato carioca. Anotou scores elevadíssimos e deu um show de aéreos, como é seu apanágio, que foi coroado com uma nota máxima.

Este foi o primeiro triunfo do catarinense desde agosto de 2019, então no tradicional Vans US Open of Surfing em Huntington Beach. Isto transporta-nos diretamente para o tema que serve de título a este artigo. Ao longo da sua carreira nas provas da World Surf League (WSL), que já vem desde os tempos de júnior, o filho do antigo surfista profissional Leonardo Dora não conheceu muitas vezes o sabor da vitória. Porém, quando sobe ao topo da montanha e senta-se no lugar mais alto do pódio é sempre em grande estilo, dado o alto quilate das exibições que plasma na água, mas também devido aos locais em que tudo acontece. 

Logo à cabeça surgem Saquarema, Huntington Beach. Dois templos sagrados, que respiram surf em cada canto e no qual uma vitória fica sempre bem na folha de um surfista profissional.

E se puxarmos a fita da cassete um pouco mais atrás, vemos que o sul-americano também saiu vencedor dos QS de Maresias, Port Stephens e Açores. Se o triunfo em Maresias, feudo de Gabriel Medina, foi obtido em 2018, já enquanto top mundial, as vitórias em Newcastle e nos Açores aconteceram em 2017, o tal ano em que o surfista brasileiro qualificou-se para o CT. O triunfo no Areal de Santa Bárbara deu continuidade à tradição deste ser um território no qual os surfistas brasileiros colocam-se em posição privilegiada para o ataque ao Mundial.

Neste espólio de triunfos especiais, certamente que há muitos outros locais no qual Yago ambiciona gritar vitória. Antes da bem sucedida participação no Saquarema Surf Festiva, teve a oportunidade competir na Praia Mole. Um evento QS muito simbólico. Não só porque esta é a praia onde Yago Dora começou a dar os primeiros passos na modalidade na qual faz vida profissional, mas também porque os campeonatos de surf da WSL regressavam ao Brasil e a Florianópolis, seis anos depois da última visita aquela cidade. 

Só que no Layback Pro um dos membros da nova geração, Eduardo Motta, fez a desfeita ao compatriota nas meias-finais. Outras oportunidades virão. Na Praia Mole e noutros locais icónicos.

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