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- O batismo competitivo da medalhada olímpica aconteceu nas ondas da Praia Mole, em Florianópolis. Apesar do desfavorável término da experiência, com uma interferência à mistura, Sky mostrou com todo o vigor a sua carta de apresentação ao surf mundial.
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Nesta maravilhosa coisa que é a vida, volta e meia damos de caras com figuras que parece que vieram à Terra já dotadas de um talento natural, como que se tivessem sido tocados por uma varinha mágica que atribuiu poderes especiais, seja lá por decreto de quem.
Trata-se de um dom inato que alguém possui e que mais tarde ou mais cedo, se tudo correr bem no processo, irá fazer essa pessoa notabilizar-se no desenvolvimento de uma determinada atividade. Por outras palavras, estes são aqueles que vulgarmente apelidamos de predestinados. Fenómenos, se também preferirem.
No universo do desporto são muitos os exemplos que se enquadram nessa definição e que poderiam ser enumerados até mais não. Este é um comboio para o qual também tirou bilhete um nome que já há muito está debaixo do radar, mas que apenas no último verão chegou aos olhos do mainstream, por causa da gesta protagonizada nos Jogos Olímpicos de Tóquio'2020 no debutante skate. Trata-se da pequena Sky Brown.
Com apenas 13 aninhos, foram completos no passado dia 7 de julho, esta filha de mãe japonesa e pai britânico tornou-se na mais jovem medalhada olímpica da história do Reino Unido ao conquistar o bronze na categoria de Park. Um prémio muito saboroso, depois de Sky ter passado as passas do Algarve. Em junho de 2020, a skater britânica sofreu várias lesões na sequência de uma violenta queda numa veloz rampa de halfpipe. Seguiu-se uma recuperação recorde, mostrando mais uma vez a sua fibra especial.
E por falar em dons, esta petiz não se resume apenas à modalidade na qual o nosso Gustavo Ribeiro também dá cartas além-fronteiras. É que se faz magia no solo com um skate debaixo dos pés, não é menos verdade que dentro de água também dá espetáculo com uma prancha de surf. Seja nas ondas artificiais, onde já levanta voo como os mais graduados, bem como nas surf trips que faz com a sua turminha de palmo e meio pela paradisíaca Indonésia, mas também pelo majestoso North Shore da ilha havaiana de Oahu, desbravando ondulações que por exemplo quebram na imponente onda de Pipeline.
Os dois S, surf e skate, são duas paixões que a teenager pretende conciliar nos Jogos Olímpicos de Paris'2024. Aí, o objetivo passa por marcar presença nas provas destas duas artes.
No skate, Sky já é uma das maiores estrelas a nível mundial, mas no surf a conversa é outra. Diante de si, a inglesa tem uma montanha bem gigante para escalar com vista à corajosa meta de enfrentar aos 16 anos a pesada onda de Teahupoo nas Olimpíadas.
E para começar essa caminhada no surf de competição, nada melhor do que entrar de cabeça no território World Surf League (WSL), onde proliferam os campeonatos de maior relevo à escala global. Depois de uma primeira ameaça de estreia em setembro último no QS3000 de Oceanside (Califórnia), que foi abortada à última hora, a tão aguardada primeira aparição de Sky Brown envergando uma licra consumou-se na semana passada.
O batismo competitivo aconteceu nas ondas da encantadora Praia Mole, em Florianópolis. No país de Vera Cruz, onde foi concebida a tempestade que ainda hoje assola e de que maneira o CT masculino, houve igualmente uma nova tempestade perfeita. O evento canarinho com estatuto QS1000 para as senhoras teve a marca de surfwear Billabong como patrocinador principal, insígnia que também está associada à atleta europeia. Juntou-se a fome com a vontade de comer, como diz o velho ditado.
Desta forma, Sky Brown vestiu o fato, pegou na prancha e foi para a sua estreia em provas internacionais de surf. Num quadro competitivo onde era a única surfista não sul-americana em prova, a britânica foi a coqueluche, captando a atenção de quem se deslocou à praia para ver o campeonato. Afinal, não é todos os dias que se está diante de uma medalhada olímpica com pouco mais de uma dúzia de anos vividos.
Dentro de água, Sky não se amedrontou e mostrou com todo o vigor a sua carta de apresentação ao surf mundial, tendo comandado os destinos do seu compromisso durante a primeira metade.
Depois, com o avançar do heat, foi perdendo posições. Já nos derradeiros minutos da contenda, Brown acabou por sentenciar o seu destino ao cometer uma interferência. Num momento já com alguma tensão competitiva à mistura, a inexperiência da prodígio britânica nestas lides assumiu um carácter determinante.
Para a história nesta estreia nos eventos WSL fica a precoce derrota e uma indesejada interferência, no entanto, nada destas peripécias tiraram a felicidade estampada no rosto de Sky Brown, qual criança dentro de uma loja de doces. É que para além do surf, houve igualmente oportunidade para deliciar-se no halfpipe erguido junto ao areal da Praia Mole. Nas suas incursões por aí, Brown teve a companhia do skater brasileiro Pedrinho Barros, medalhado de prata na categoria Park em Tóquio'2020.
"Foi muito divertido. Fiz muito surf e skate. Aqui existem tantos skate parks. É fantástico. Este foi o primeiro verdadeiro campeonato de surf em que participei e apesar de ter cometido uma interferência, esta foi uma grande experiência", confidenciou Sky Brown em comunicado oficial da WSL.
Os resultados interessam e são tudo para quem faz disso ofício. Porém, no fim do dia é também a paixão que faz mover tudo isto e ainda para mais numa jovem de 13 anos, que tem toda uma vida pela frente. No surf e no skate. A história só ainda agora começou...
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