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- Há outros surfistas que podem conseguir o mesmo que o japonês já tem praticamente certo…
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O novo circuito Challenger Series já cumpriu três quartos do seu calendário e aproxima-se a passos largos de Haleiwa, onde tudo se vai decidir sobre as últimas vagas de qualificação para o CT 2022. Com três etapas já realizadas, é no Havai que se jogam as últimas cartadas pelo sonho de chegar à elite mundial. Isto numa altura em que são poucos os que já podem ser dados como garantidos. Pelo meio das muitas contas que se fazem, há uma situação peculiar que está a levantar muitas críticas no seio do surf mundial: a dupla qualificação.
Ao contrário do passado no WQS, com a criação das Challenger Series a WSL decidiu inovar nas regras do sistema de qualificação. Segundo a alínea iv) da regra 1.09 no livro de regras para 2020, está definido que em caso de um surfista conseguir a dupla qualificação, ou seja, ter terminado no top 22 do ranking do CT e no top 12 do ranking das Challenger Series, essa vaga não passa para o surfista seguinte do ranking, neste caso o 13.º das Challenger Series, mas, sim, fica em poder da WSL para atribuir como wildcard.
Uma situação que não é nova e que já era conhecida antes de chegarmos a esta fase, pois foi anunciada no arranque deste novo circuito. Contudo, como tudo o que é polémico parece ter íman, chegámos ao fim da terceira etapa com um surfista já nessa posição. Kanoa Igarashi terminou a temporada de 2021 como número 8 do Mundo, mas decidiu entrar em todas as etapas das Challenger Series feitas até ao momento. Até porque duas delas se realizaram em locais onde tem residência: Califórnia e Portugal. O resultado foram dois terceiros lugares – em Huntigton e França - e a liderança destacada do ranking.
Os 15500 pontos somados por Kanoa até ao momento dão-lhe a garantia que mesmo que não vá a Haleiwa vai terminar o ano bem dentro do top 12 que dá a qualificação. Algo que faz com que se aplique a tão criticada regra da dupla qualificação. E Kanoa até pode não ser caso único, uma vez que Griffin Colapinto, que só fez e venceu a etapa californiana continua dentro do cut. Caso decida competir no Havai também terá altas probabilidades de conseguir essa dupla qualificação, o que significaria dois wildcards extra para a WSL atribuir para o CT 2022.
Tendo em conta que já é criticável o facto de surfistas já qualificados estarem misturados nestas provas, onde podem desvirtuar a verdade competitiva, uma vez que nem todos os tops do CT estão presentes e nem todos os surfistas que procuram a qualificação acabam por se cruzar com eles. Isto pode ser visto das duas faces da moeda, não só pela dificuldade de enfrentar tops mundiais, que nem todos o terão de fazer, mas também por situações como a que aconteceu na Ericeira com Italo Ferreira, em que abandonou o heat a meio em situação de derrota, quando na sua bateria estava um compatriota… O que dizer, então, desta regra que tira a hipótese de os surfistas que se seguem no ranking também serem qualificados? Há um duplo prejuízo para quem corre por fora pelo sonho de chegar à elite mundial.
Dessa forma, correm já rumores que os mais de 100 surfistas que competem nas Challenger Series se uniram para criar uma petição exclusivamente para surfistas que tenta abater esta regra. E pediram a colaboração dos tops mundiais nesta luta. Segundo a revista australiana Stab, que muito raramente falha nestas questões, o campeão mundial Gabriel Medina, que ainda não entrou em qualquer etapa deste novo circuito, foi um dos que terá já assinado a petição em prol dos surfistas das Challenger Series.
As questões que se levantam passam por perceber a que surfistas reservaria a WSL estes wildcards? Um dos argumentos apresentados pelos surfistas é a situação mais que evidente do australiano Morgan Cibilic, que foi rookie do CT em 2021, tendo conseguido mesmo chegar ao top 5 que disputou a final de Trestles. A verdade é que Cibilic não terminou a temporada de 2019 como top 10 do WQS, mas como havia dupla qualificação de surfistas do CT pelo meio, o jovem aussie acabou por também conseguir uma vaga. Neste novo sistema a vaga não seria sua, a não ser que recebesse o tal wildcard que a WSL que reservar para si o direito de atribuir.
As próximas semanas podem trazer mais novidades sobre este tema. Até porque no artigo que a WSL lançou esta semana no seu site, a confirmar a qualificação já garantida por parte dos havaianos Zeke Lau e Gabriela Bryan e da requalificação da costarriquenha Brisa Hennessy, em ponto algum se toca neste tema. Nem sequer o nome de Kanoa Igarashi é referido, sendo ele o líder do ranking. Ou a WSL não quer lançar mais lenha para a fogueira ou poderá estar a rever a situação. Aguardamos pelas cenas do próximo episódio…
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