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  • Slater no “cut”, lesões, Tóquio e muitos cenários para os wildcards
    15 julho 2021
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  • Há muitas variantes em jogo numa altura em que faltam apenas duas etapas para o final da temporada.
  • A temporada 2021 está a chegar ao seu epicentro e, ao contrário do que é normal, além do tempo de decisões no WCT, este ano há um ponto de interesse acrescido, com a estreia olímpica do surf nos Jogos de Tóquio’2020. Com a ação olímpica a arrancar dentro de uma semana, numa altura em que faltam apenas duas etapas para o fim da temporada regular do CT, as emoções estão ao rubro. O que significa que as dúvidas e os cenários em relação a 2022 são muitos.

    Numa altura em que se torna legítimo perguntar se será mais importante para um surfista de competição uma medalha olímpica ou um título mundial, estas duas competições que parecem “rivalizar” entre si, até podem ter muito em comum. Ou o desfecho de uma poder influenciar o futuro da outra...

    Comecemos pelo circuito mundial, que enfrenta um ano de transição, onde apenas os cinco primeiros do ranking garantem a entrada na disputa pelo título mundial numa etapa final, marcada para meados de setembro em Trestles. Ora, com muitos olhos centrados na luta pela liderança, mas também pelo top 5, é natural que as atenções sobre as restantes contas se comecem a diluir. Mas a verdade é que a luta pela continuidade no Tour, ou seja, pela qualificação no top 22, está mais emotiva que nunca. E com nomes inesperados e sonantes pelo meio.

    Tudo começa com o surfista que fecha atualmente o cut. Nada mais, nada menos, que o 11 vezes campeão mundial Kelly Slater. Aquilo que poderia ser uma posição desastrosa no ranking, até pode ser olhada de outra forma, uma vez que o rei consegue estar dentro da qualificação com apenas duas etapas disputadas, onde foi 3.º em Pipe e 5.º no Surf Ranch, depois de ter falhado a perna australiana por “lesão”.

    É aqui que entra a equação dos wildcards. Habituado a ser agraciado pela WSL nos últimos anos com um dos dois wildcards por lesão, depois de se ter tornado um hábito vê-lo a falhar etapas por lesão, este ano a história de Slater pode ser diferente. E talvez vejamos o 11 vezes campeão mundial a empenhar-se na reta final do ano em lutar a sério pela requalificação. Algo que, sejamos sinceros, com uma etapa no México e outra no Taiti pela frente nem lhe deverá custar muito a alcançar.

    A verdade é que talvez KS não se possa fiar muito no convite e na garantia que em 2022 está seguro no Tour. E logo num ano em que conseguiria o marco de competir com 50 anos… Em primeiro lugar porque Kolohe Andino deverá ter um desses wildcards reservados. Lesionado desde o início da temporada, o surfista californiano está agora de regresso para os Jogos Olímpicos. Mas nas duas etapas que faltam já não deverá conseguir subir para dentro do cut – ocupa atualmente o 38.º posto do ranking, com somente 2655 pontos, bem longe dos 11890 de Slater.

    Goste-se ou não de Andino, mesmo sabendo que o norte-americano tem alguns anticorpos entre os fãs do surf mundial, ninguém pode negar que pertence ao lote de candidatos ao título. Dessa forma, tendo em conta a seriedade da sua lesão, o lugar de Brother no próximo CT está praticamente assegurado, mesmo que isso não signifique estar oficializado.

    Em termos de lesões mais sérias sobram John John Florence, que também está de regresso para os Jogos de Tóquio, e Jordy Smith, que só agora parou devido a uma operação ao joelho. Contudo, ambos estão dentro do cut e por lá deverão continuar. O que significa que nenhum deles precisará de wildcard para 2022 e que continuará a sobrar um para o caso de Slater não ser bem-sucedido na luta pelo top 22 final.

    Tudo tranquilo, como sempre, para o King. Só que é aqui que podem entrar novos cenários. O primeiro deles é o facto de existirem mais surfistas históricos na luta pela requalificação e em posições surpreendentes. Não tão históricos como Kelly, é certo, mas com provas dadas que os colocam como mais-valias inequívocas para o CT. Se o já histórico Michel Bourez, atual 29.º do ranking, pode não caber de forma tão evidente nestes requisitos anteriores, já o compatriota Jeremy Flores, atual 25.º do ranking, assenta nesta visão praticamente na perfeição.

    Com Slater e Flores numa luta pouco habitual pela requalificação, o tube rider francês, que já conta no currículo com triunfos nas arenas mais míticas do surf mundial, como Teahupoo ou Pipeline, onde venceu por duas ocasiões, bem pode começar a pensar numa pré-reforma caso ambos falhem o top 22. Iria a WSL preterir Slater para salvar a continuidade do francês no Tour? Até depois dos casos disciplinares do passado que este somou? Haveria sempre uma forma de contornar uma indecisão deste nível, dando o wildcard anual a um e wildcard de etapas a outro. Por agora são apenas suposições…

    Mas há mais players nesta jogada. Recentemente, e de forma pouca clara, como já vem sendo habitual, a WSL anunciou a criação de um reality show ao melhor estilo do Ultimate Fighter da UFC, em que promessas do surf mundial lutam pelo triunfo no Surf Ranch, que, ironicamente ou não, é a piscina de ondas que Slater ajudou a criar. Segundo a WSL o vencedor da luta titânica que vai começar a ser transmitida em Agosto entre estas “estrelas”, que na sua maioria são competidores do WQS e até ex-tops mundiais, irá valer um wildcard para competir frente aos melhores surfistas do Mundo.

    Só que ainda ninguém percebeu – e não está escrito em lado algum – se esse wild-card é para uma etapa em específico, como a do Surf Ranch, ou se é para o ano inteiro. O propalado site BeachGrit já avançou o rumor de o vencedor ganhar convite para a etapa do Surf Ranch e também para duas etapas australianas, avançando até que o vencedor masculino foi Zeke Lau, mas nada disto até agora foi anunciado ou sequer explicado.

    Dá até a entender que esta é uma situação deixada propositadamente em aberto pela WSL, esperando o desfecho dos vários cenários acima para decidir o que fazer. Por exemplo, com Kelly Slater – e até mesmo Jeremy Flores – dentro da qualificação e com uma vaga de sobra sem um destinatário concreto para wildcard, talvez o vencedor do Ultimate Surfer tenha a sorte de enfrentar a elite mundial a tempo inteiro. Veremos como tudo isto se desenrolará nos próximos meses.

    Poderá haver mais algum cenário em cima da mesa? Talvez, sim. Esta é apenas uma questão que me tem varrido o pensamento. É certo que poucos são os que acreditam que a medalha de ouro olímpica não vai parar ao pescoço de Gabriel Medina ou Italo Ferreira. Mas e se o primeiro campeão olímpico de surf não for um surfista do CT? Não mereceria esse surfista um wildcard para competir a tempo inteiro com os melhores do Mundo? Pelo menos, estatuto para isso teria, pois ficaria marcado para sempre com essa medalha de ouro olímpica.

    É uma hipótese pouco provável, mas é bom relembrar que entre os 20 surfistas em prova, nove deles não fazem parte do CT – na realidade Frederico Morais foi o único surfista do CT a conseguir a qualificação por fora do CT. E entre estes nove outsiders há nomes bastante talentosos, como Miguel Tudela, Rio Waida, Lucca Mesinas e mesmo o japonês Hiroto Ohhara, que a competir em casa e em mar pequeno pode dar que falar. E isto também serve para o circuito feminino...

    Além destes há os surfistas que pertencem ao CT, mas que estão aflitos na luta pela requalificação. E é aqui que vamos parar novamente a Jeremy Flores. Voltando ao primeiro cenário, com Flores fora do top 22 mundial e campeão olímpico, não seria a WSL quase que obrigada a dar-lhe um wildcard para 2022? Por isto tudo e por mais alguma coisa, talvez este ano Kelly Slater vá ter mesmo de suar para garantir a continuidade no Tour no mar e não em terra.

    Aguardam-se ansiosamente as cenas dos próximos episódios, onde a prova olímpica e as etapas finais do CT irão ajudar a perceber muito daquilo que está em jogo para 2022.

    John John Medina

     

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