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Foi de forma assertiva e sem cometer erros que Frederico Morais começou a sua prestação no Surf Ranch Pro, a sexta etapa do CT 2021. Ao contrário do passado, em que nunca se deu bem na famosa piscina de ondas californiana, este ano Kikas surgiu disposto a inverter o rumo dos acontecimentos e a verdade é que terminou o primeiro dia de prova no 7.º posto, dentro do top 8 provisório que dá acesso às meias-finais.

Com uma performance em crescendo e sem cair, o surfista português conseguiu ser o segundo melhor surfista do seu heat, superado apenas pelo desempenho de Filipe Toledo, que lidera a tabela classificativa após voar bem alto e dar uma lição de surf progressivo. Dessa forma, Kikas já garantiu a passagem à bónus round, onde poderá surfar mais duas ondas para lutar pela passagem às meias-finais. Um sinal claramente positivo sobre a evolução que Frederico está a mostrar nesta onda artificial.

Foi já depois das 22 horas em Portugal continental e à hora marcada que Frederico Morais começou a sua prestação, depois de Leo Fioravanti e antes de Toledo. Na primeira onda Kikas mostrou logo estar conectado e diferente de anos anteriores, onde acabou inúmeras vezes derrubado pela secção tubular. A direita rendeu-lhe logo 6,73 pontos e a esquerda 6,27, depois de várias manobras arriscadas que acabaram por agradar ao próprio.

Com uma primeira performance que o colocou logo dentro do top 10 e tranquilo em relação às contas para a entrada na ronda bónus, na segunda run o português decidiu elevar o nível e corrigir pequenas situações, para aumentar o score, fazendo-o em ambas as ondas. Na direita levou 7 pontos e na esquerda 6,67, concluindo, assim, de forma exímia um primeiro dia de prova.

Com este registo, Kikas soma 13,67 pontos, no 7.º posto da geral provisória e bem dentro do top 8 que dá acesso às meias-finais – ficou apenas a 0,03 pontos do registo de Kelly Slater (6.º). É certo que ainda faltam competir 12 surfistas este sábado e que é altamente provável que Frederico seja ultrapassado, pelo menos, por Gabriel Medina e Italo Ferreira. Contudo, Frederico está bem dentro da luta, o que é comprovado pelo facto de estar apenas a 0,70 pontos de Yago Dora, atual terceiro classificado.  

Com a matemática a dar por garantida a ida à ronda bónus – vão 24 surfistas, Kikas é sétimo e só faltam entrar em prova 12 surfistas -, o surfista português até poderá já nem competir este sábado, decidindo, assim, o acesso às meias-finais apenas na manhã de domingo. Tudo depende do que acontecer nos dois heats que faltam realizar este sábado da primeira fase da prova masculina, sendo que os surfistas entre o 13.º e 24.º posto surfam as duas ondas bónus ainda este sábado.

Para tal acontecer, Frederico Morais precisa de figurar entre os 12 primeiros surfistas da classificação quando terminarem todos os heats. Algo que não se afigura difícil, pois para tal não acontecer obrigaria a que Kikas fosse ainda ultrapassado por seis surfistas. Além de Medina e Italo, ainda estão à espera de estreia nomes como Caio Ibelli, Seth Moniz, Jack Robinson, Jadson Andre, Wade Carmichael, Jack Freestone, Alex Ribeiro, Ace Buchan, Lucas Vicente e Jabe Swierkocki.

Quer volte a entrar no sábado ou no domingo, a verdade é que as próximas duas ondas de Frederico serão decisivas para tentar figurar no top 8 final, de forma a garantir uma vaga nas meias-finais. Algo que, sejamos sincero, poderia parecer improvável antes do início do evento. A verdade é que, enquanto muitos dos 24 surfistas que já competiram sentiram enormes dificuldades em encontrar o ritmo da onda, Kikas mostrou-se melhor que nunca no Surf Ranch, faltando apenas o aspeto progressivo e voador que outros têm. E tudo indica que poderá melhorar.

Será na esquerda que Frederico Morais tem mais margem para melhorar o score. Numa altura em que Toledo (1.º) e Kanoa Igarashi (2.º) parecem os únicos surfistas já garantidos nas meias-finais, e com Yago Dora (3.º) já com um 8,50 para a esquerda, mas a precisar de uma nota decente na direita, na mira do surfista português estão Kelly Slater (6.º), Adriano de Souza (5.º) e Owen Wright (4.º). Além de ter atenção a possíveis melhorias de notas de Conner Coffin (8.º), Miguel Pupo (9.º), Griffin Colapinto (10.º), Conner O’Leary (11.º) ou mesmo Ethan Ewing (14.º), que tem um 7,67 para a direita.   

Tendo em conta que a seria uma enorme surpresa Medina e Italo não estarem no top 8 ao final da manhã deste sábado, e com Toledo, Igarashi e Yago Dora bem encaminhados, sobraram três vagas que deverão passar por estes nomes referidos acima e mais alguns dos que estão ainda à espera de estreia.

Mesmo que ao final da qualificação Frederico Morais não figure no top 8, a verdade é que a sua prestação está a exceder as expectativas e dificilmente já tratar da Califórnia algo pior que o 9.º lugar final. Ou seja, traduzindo por miúdos, esta prestação de Kikas, atual número 12 do Mundo, no Surf Ranch poderá ser suficiente para garantir ao surfista português a continuidade no WCT em 2022. Chapeau!

Ao final da noite houve ainda lugar a um heat feminino, em que a brasileira Tatiana Weston-Webb foi a surfista com a melhor performance, ficando à frente de Stephanie Gilmore. Um desfecho que apimenta a luta pelo top 4 feminino que dá acesso às meias-finais, numa altura em que ainda faltam fazer-se dois heats, onde entram em ação nomes como Carissa Moore, Caroline Marks, Johanne Defay ou Sally Fitzgibbons.

Este sábado, a partir das 15H30 em Portugal Continental há mais ação no Surf Ranch e só depois de finalizados todos os heats de qualificação se conhecerá a sequência de prova para a ronda bónus e se Frederico Morais volta a entrar na água para surfar mais duas ondas hoje ou apenas no domingo. Que siga a festa!

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