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  • Sete apontamentos sobre o Rip Curl Rottnest Search
    25 maio 2021
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  • Para além de Gabriel Medina e Sally Fitzgibbons, outros nomes também deram nas vistas na estreante etapa que visitou a exótica Rottnest Island.
  • Acabou! Quase dois meses depois do seu início em Merewether Beach chegou ao fim a longuíssima e desgastante perna australiana do World Championship Tour (WCT) de 2021. Cansativa não só para os surfistas que fizeram quatro campeonatos de enfiada, mas também para nós, adeptos do surf de competição, que aqui em Portugal levámos madrugadas a fio sem pregar olho para ver os melhores surfistas do mundo em ação. E, claro está, valeu a pena.

    O debutante Rip Curl Rottnest Search foi o último evento desta maratona de surf pelo país 'aussie'. O seu fim não simbolizou apenas o ponto final na perna australiana, mas também na primeira metade da presente temporada. Já lá vão cinco etapas que tiveram tanto para contar, mas isso fica para um outro balanço.

    Em Strickland Bay, tivemos um evento que esteve longe de ser arrebatador, o mar muito inconsistente não ajudou. A prova a dados momentos pareceu interminável, mas foi pautada por surpresas a cada ronda disputada. A alta competição abre sempre espaço a essas situações e ainda mais num mar que a maioria dos atletas desconhecia os seus segredos. Para a história ficam os triunfos de Gabriel Medina e Sally Fitzgibons. No entanto, houve mais a reter do campeonato disputado na terra do exótico quokka. 

    Morgan Cibilic - Não começo esta análise por quem cantou vitória, mas sim por quem saiu derrotado. Morgan Cibilic. Terminou a perna australiana e faltam-me adjetivos para qualificar aquilo que este rookie fez desde o dia 1 de abril. Gelou John John Florence ao eliminar este por duas vezes consecutivas, encantou tudo e todos com os seus desempenhos e agora atingiu a sua primeira final entre a elite do surf mundial. Não fechou com chave de ouro porque pela quarta vez em cinco etapas atravessou-se Gabriel Medina no seu caminho e o resultado foi a amarga derrota. Uma verdadeira praga deve pensar por estes dias o local de Merewether Beach. Neste momento, Cibilic ocupa a quinta posição do ranking e está mais do que lançada a candidatura ao surf-off de Trestles. Certamente que muito poucos acreditavam neste desfecho há um mês e meio. Se calhar, nem o próprio Morgan. Agora, fora do seu país vem o verdadeiro teste de fogo ao jovem australiano. Como se irá comportar fora do seu ecossistema é o grande ponto de interrogação. Continuará a brilhar a cada heat surfado, parecendo não ter limites, ou este estado de graça irá terminar e vai começar a sofrer as habituais dores de um rookie por estas andanças. Uma coisa parece ser certa. Com ou sem ida a Trestles, Morgan Cibilic está lançado para uma sempre importante distinção: o melhor rookie da temporada.

    Gabriel Medina - Agora sim o vencedor e diga-se o patrão do World Championship Tour por estes dias. Em cada ida para a água, Gabriel Medina continua a dar um recital de surf e a mostrar com letras maiúsculas que é o maior candidato ao título mundial de 2021. Parece estar na melhor forma da sua já gloriosa carreira. Está mais motivado do que nunca e a recente associação a Andy King, o seu novo treinador, tem-se revelado perfeita. Certamente tem calado a boca dos mais céticos. Gabriel parece estar inserido numa bolha, palavra tão em voga por estes dias, onde nada o perturba. Apenas está preocupado em ir para a água, desfrutar e plasmar no oceano aquilo que sabe fazer com uma prancha de surf debaixo dos pés. Verdadeiramente impressionante. Duas vitórias em quatro etapas da perna australiana, dois triunfos sobre Ítalo Ferreira, o que parece denotar um certo ascendente sobre o atual campeão mundial e acima de tudo a impressionante estatística de que nos cinco eventos já realizadas em 2021, se descontarmos Margaret River, Medina em quatro deles ganhou ou fez segundo lugar. Números que seguramente inquietam os rivais e que deitaram por uma terra uma das imagens de marca de Medina no WCT. Os pálidos inícios de temporada.

    Liam O'Brien - Australiano, apareceu com o wildcard de substituição do lesionado Kelly Slater. Talvez movido pelas energias do lugar do GOAT, este desconhecido para a  maioria fez um brilharete em Strickland Bay. Na sua primeira aparição mundialista, Liam garantiu um magnifico terceiro lugar. Apenas o compatriota Morgan Cibilic travou esta apresentação de sonho. Nesta sua incrível caminhada, O'Brien foi autor de um 'shocker' ao eliminar Filipe Toledo, resistindo às fortes investidas do surfista que tinha vencido a etapa anterior do WCT. É verdade que o facto de competir no seu país, não ter nada a provar e da grande maioria dos surfistas não conhecer esta onda jogou a favor do 'aussie'. Contudo, a performance esteve lá e isso ninguém tira a Liam O'Brien. Agora veremos se este surfista, que já em 2021 tinha obtido bons desempenhos no WQS regional, consegue aproveitar o plus motivacional desta exibição para o ataque à qualificação para o WCT de 2022. Talvez a breve trecho voltaremos a ouvir falar deste nome. 

    Julian Wilson - Ao mesmo tempo que temos testemunhado a ascensão meteórica de Morgan Cibilic, o eterno candidato ao título Julian Wilson continua a não corresponder às elevadas expectativas geradas sobre si a dado momento. A isso juntou um dececionante início de campanha em 2021 que atirou o australiano para posições no ranking mundial nada condizentes com o seu valor. Em Strickland Bay, Julian Wilson mostrou uma versão mais perto do seu potencial ao chegar até aos quartos-de-final. Para quem está de fora continua a saber a pouco, mas para Wilson a etapa de Rottnest Island pode ter marcado um antes e um depois na sua trepidante temporada. Este pode ser o ponto de inflexão para uma segunda metade de época condizente com os seus pergaminhos. A qualificação para o surf-off de Trestles parece muito complicada. No entanto, existem outros objetivos pela frente que podem e devem motivar o experiente surfista de 32 anos. Desde logo, o facto de estarmos cada vez mais próximos da prova olímpica de Tóquio'2020. A juntar à glória olímpica, porque não tentar regressar aos triunfos numa etapa do WCT. É que para Wilson o dique de triunfos no Mundial já está a seco desde 2018. É tempo a mais para um atleta deste gabarito.

    Sally Fitzgibbons - Um pouco à semelhança do que acontece com o compatriota Julian Wilson no masculino, Sally é uma eterna candidata ao título, mas por um ou outro motivo nunca conseguiu obter esse logro. Logo nos seus primeiros anos no WWT, a australiana foi três vezes vice-campeã mundial e é daqueles casos em que está regra geral entre as melhores, mas no final não consegue ser a melhor. Em Strickland Bay, voltou a encontrar-se com as boas sensações e acima de tudo com as vitórias, oferecendo mesmo à Austrália o único triunfo nesta perna. Sally Fitzgibbons deu um pulo no ranking e mostrou aos mais esquecidos que é um dos nomes a ter em conta para estar presente no surf-off de Trestles. Não está na pole-position ao título mundial como a troika constituída por Carissa Moore, Tyler Wright e Stephanie Gilmore, no entanto, Fitzgibbons num dia em que esteja em perfeita sintonia com o oceano não pode ser descartada. 

    Stephanie Gilmore - A lendária surfista australiana continua a não conseguir dar com a tecla na presente temporada. Em Rottnest Island foi apenas nona e somou o seu pior desempenho da temporada até ao momento. Já lá vão cinco campeonatos, nenhuma vitória e uma perna australiana sem motivos para sorrir. Pelo meio alguns desempenhos modestos que mostram uma Stephanie mais vulnerável em comparação com os últimos cursos. Poderá Gilmore estar aos 33 anos a entrar na fase descendente da sua carreira ou trata-se apenas de um mau momento de forma? Curiosamente o seu melhor desempenho nas últimas semanas foi um segundo lugar em Margaret River, onde nunca venceu uma etapa do WWT. O que me leva também a questionar se não poderemos estar diante de um problema motivacional? A verdade é que as sucessivas performances modestas já começam a fazer perigar o lugar de Steph em Trestles. É quinta do ranking mundial, mas empatada em pontos com a aguerrida Johanne Defay e tem igualmente a prodigiosa Caroline Marks a morder os calcanhares. Os alarmes já ecoam bem alto e Gilmore terá forçosamente de ripostar.

    Johanne Defay - Num Women's World Tour dominado por surfistas norte-americanas/havaianas e australianas, Johanne é um oásis. Uma lufada de ar fresco e uma demonstração de que estamos perante um Mundial. É a melhor surfista europeia da atualidade e uma das surfistas que esteve em melhor forma na perna australiana. Sempre com um estilo muito trabalhoso, mas com muito talento à mistura, Defay está a dar tudo em busca de um lugar em Trestles. E se continuar nesta toada bem merece ser premiada com essa prémio gordo. Dentro de água não se deixa amedrontar por nenhum nome e o Rip Curl Rottnest Search foi a prova disso mesmo. Para além de ter assinado o melhor score combinado de uma das jornadas, a francesa foi finalista vencida e cometeu a proeza de eliminar a atual líder do ranking mundial, Carissa Moore, nas meias-finais. Agora vai falhar o Mundial ISA para ter tempo de repouso, de modo a recuperar de lesão, o que poderá ser mais um indicador de que Johanne Defay está totalmente focada em chegar à briga do título mundial. A acontecer será sem dúvida um grande feito dada a feroz concorrência. 

     

     

     

     

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