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- Já superou duas rondas no EDP Billabong Ericeira Pro e o QS10000 português pode ser decisivo para o futuro da carreira do jovem peruano.
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Lucca Mesinas começou desde muito cedo a dar nas vistas em provas da ISA, sobretudo depois de conseguir chegar ao pódio no Mundial Júnior de 2014 e de ter sido prata nos ISA World Surfing Games de 2016. Contudo, o jovem peruano demorou em impor-se em provas da WSL e só no ano passado começou a dar os primeiros sinais de progresso. Agora, aos 23 anos, Mesinas viu finalmente o estrelato chegar à sua carreira. Isto porque o triunfo nos Jogos Pan-Americanos, no início de agosto deste ano, garantiram a primeira vaga olímpica para Tóquio’2020 ao Peru.
Desde então, as coisas parecem estar a mudar na carreira do pequeno surfista natural do norte do Peru. Mesinas acredita mesmo que a qualificação olímpica pode ter sido mesmo a pedra de toque para o arranque de uma carreira internacional ao mais alto nível. O sonho é chegar ao WCT e frisa que já faz falta um latino entre a elite mundial. Depois de no ano passado ter conseguido terminar pela primeira vez na carreira entre o top 100 mundial, mais concretamente no 63.º posto do ranking, o arranque da presente temporada voltou a não ser famoso, estando atualmente fora do top 100.
No entanto, agora, depois de já ter conquistado o Olimpo, Lucca Mesinas está a dar-se bem nas desafiantes ondas de Ribeira d’Ilhas, onde já superou duas rondas no EDP Billabong Ericeira Pro. O QS10000 português pode ser decisivo para o futuro da carreira do jovem peruano e estivemos à conversa com ele para conhecer melhor a primeira estrela olímpica gerada pelo surf.
Beachcam – Já tinhas estado na Ericeira no ano passado. O que tens a dizer sobre o país e também sobre as ondas portuguesas?
Lucca Mesinas - Já tinha estado em Portugal algumas vezes. Vim aqui no ano passado e também já tinha competido nos Açores. Gosto muito de Portugal, é um lugar incrível, um dos mais bonitos da Europa. Adoro a Ericeira, as ondas são muito boas aqui. É inacreditável como há tantas ondas de qualidade num trecho de costa tão pequeno. Podes dar-te ao luxo de escolher onde e que tipo de onda queres surfar. É fantástico!
B – Chegaste a este campeonato e passaste logo duas rondas com distinção. Qual o segredo? Foi tudo natural ou observaste os locais para perceber como se surfa uma onda tão peculiar?
LM - Não estou cá há muito tempo, vim direto dos Açores, e acabou por ser chegar e competir logo. Acho que não tenho segredos, penso apenas em divertir-me. Este campeonato está com ondas muito boas, das quais gosto bastante, e o melhor a fazer é saber escolher as ondas e tentar perceber qual a melhor parte da onda para fazer as manobras. É isso que tento fazer.
B – Recentemente conquistaste o ouro nos Jogos Pan-Americanos e com isso garantiste uma vaga olímpica para o Peru. Foi algo que mudou a tua vida e que trouxe mais mediatismo?
LM – Por causa dessa medalha de ouro que venci, muitas pessoas passaram a conhecer-me. Foi uma ótima oportunidade que consegui aproveitar da melhor maneira. Nunca tinha tido tanta gente a ver-me competir num campeonato. Foi muito bonito e representou uma grande mudança para mim. Hoje em dia há muita gente a ver surf, o Peru tem cada vez mais representantes. Conseguimos sete medalhas nas provas de surf dos Pan-Americanos, o que faz com que a modalidade seja cada vez mais conhecida no país. O Peru tem uma cultura de surf muito antiga. Sempre quisemos estar no WCT e, em relação a isso, estamos a melhorar aos poucos. Creio que no futuro vamos ser uma potência do surf mundial, como a Austrália ou o Brasil, por exemplo. Estar nos Jogos Olímpicos foi um grande passo para nós.
B – De que zona do Peru és e de que forma contactas com essa tão famosa cultura surfista peruana?
LM - Sou do Norte do Peru, quase junto ao Equador. Vivo num sítio que tem as melhores ondas do Peru, muitas esquerdas, tubulares e perfeitas. É um sítio muito conhecido e concorrido, tanto por surfistas como por turistas. Chama-se Mancora. Sempre tive contacto com o surf. Os meus pais colocaram-me a surfar com 6 ou 7 anos e sempre convivi de perto com o mar. É uma cultura muito rica. Temos ondas boas e quentes e um bom clima. É um local único. Nunca experimentei os Caballitos de Totora [embarcações com que os peruanos dizem que inventaram o surf há muitos séculos], porque são típicos de Trujillo, uma cidade mais a sul, mas a verdade é que gostava muito de aprender [risos].
B – Apesar de já teres um currículo interessante em termos de provas ISA, ainda te falta dar o salto nas provas da WSL. Por que razão pensas que os peruanos, apesar de terem uma geração cheia de talento, têm tanta dificuldades em singrar ao mais alto nível?
LM - É difícil para os peruanos conseguirem singrar na WSL, sobretudo porque não temos muitas provas no Peru ou na América Latina. Há muitas provas no Brasil, na Austrália ou na Europa, mas acaba por ser difícil para nós viajar para competir fora de portas e demonstrar o nosso valor, muitas vezes frente a surfistas do WCT. Ainda assim, é preciso sermos positivos e continuar a melhorar. Nas competições da ISA tudo é diferente. Para começar, competes pelo teu país, o que me agrada muito. Na WSL as coisas são mais individualizadas. Estás com os teus compatriotas, mas competes por ti próprio, não tens um selecionador, nem uma delegação em comum. No entanto, no ano passado consegui vencer dois campeonatos, um QS3000 em Barbados, e um QS1000 em Acapulco, no México. Este ano não está a correr tão bem, mas estou agora na Ericeira, já passei um par de rondas e espero conseguir continuar a avançar na prova.
B – Quando pensas que poderá haver um peruano no WCT? Queres ser o primeiro a conseguir esse feito?
LM - Espero que brevemente exista um peruano no WCT ou até mesmo um surfista latino. Toda a América Latina merece. Nos homens nunca houve um latino no WCT e já é altura de isso acontecer. Tivemos apenas a Sofia Mulanovich [campeã mundial de 2014] no circuito feminino, que é uma grande referência para nós. Estamos a trabalhar para conseguir essa vaga e acredito que falta muito pouco para isso acontecer. Espero ser um dos que irá conseguir esse feito, seja o primeiro ou um dos primeiros. Chegar ao WCT sempre foi o meu sonho e esta ida às Olimpíadas pode ser o toque que faltava para isso acontecer.
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