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- Após quatro dias e muitas horas de transmissão houve muito mais lições a retirar deste peculiar campeonato, que serviu de oitava paragem do World Tour 2018 e que se manterá no circuito para 2019.
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Foram quatro dias intensos de surf, que nos colaram ao ecrã para perceber o que este inédito Surf Ranch Pro poderia trazer de novo para o World Tour e o surf mundial. Quer fossem a favor ou contra, a verdade é que muitos estiveram também atenciosamente a seguir a mecânica da nova prova na piscina de ondas de Kelly Slater. Desde os primeiros passos na qualificação, até aos momentos finais.
Tudo terminou com as vitórias, mais ou menos, anunciadas de Gabriel Medina na prova masculina e de Carissa Moore na prova feminina. Mas houve muito mais lições a retirar deste peculiar campeonato, que serviu de oitava paragem do World Tour 2018 e que se manterá no circuito para 2019.
Após quatro dias e muitas horas de transmissão, em que o fuso horário até não foi mauzinho para os portugueses, eis 10 (+1) notas (meramente opinativas) a retirar da histórica edição inaugural do Surf Ranch Pro.
1 - Começando pelo início, passe o pleonasmo, o primeiro dia de prova foi, realmente, muito aborrecido. Não há que ter medo de assumi-lo. Contudo, no segundo dia, e com a entrada dos tops em ação, deu para perceber que o problema não estava no formato da competição. Basicamente, cerca de metade – ou mais, até… - dos surfistas do Tour são aborrecidos!
2 - Foram os aéreos que fizeram a diferença, sobretudo do lado masculino, o que tornou esta prova num desfile de técnica e progresso. Os mais “puritanos” foram atirados para o fundo da tabela… E, preparem-se, porque o futuro do surf olímpico só pode passar pelas piscinas. O formato, quer gostem ou não, adequa-se e já está semelhante, além das componentes físicas. Imaginam uns Jogos na Suíça com a prova de surf a ter de ser feita no mar? Também é possível que no futuro exista um circuito só de ondas artificias, cada uma com a sua característica. Até seria mais justo para os outros…
3 - Uma das maiores surpresas na fase de qualificação foi a ausência de Jordy Smith nos finalistas. Mesmo perante este resultado, juntando o que vi agora e também na Founders Cup, continuo a achar que o sul-africano é um dos que surfa esta onda com mais improviso e elegância… Não!?
4 - Entre as surpresas nos finalistas destaque para Sebastian Zietz e Miguel Pupo. O brasileiro sempre teve talento e técnica, pelo que este resultado não pode ser encarado com estupefação. Até porque o grande problema dele - e que o tirou do Tour no ano passado - é o facto de ter de competir contra outros surfistas ao mesmo tempo e de ter de ir na raça em busca de ondas e resultados. No Surf Ranch, como não há disputa nem escolha de ondas, fica mais fácil para ele.
5 - Do lado feminino a maior surpresa foi a forma como a adolescente Caroline Marks, de apenas 16 anos, destruiu as ondas, tanto para a esquerda como para a direita. Terminou no 4.º posto, mas deixou uma garantia: em 2019 vai estar na luta pelo título mundial. Apontem!
6 - A vitória na prova feminina não teve qualquer surpresa. Carissa dominou desde o primeiro minuto, fez as melhores pontuações tanto na esquerda como na direita e envergonhou até alguns dos competidores masculinos. Nem a elegância de Stephanie chegou sequer aos calcanhares do power da havaiana.
7 - Já nos homens, Gabriel Medina foi o mais completo e por isso ganhou. Surfou de uma forma monstruosa, mas também beneficiou do vacilo de Toledo nas esquerdas, algo que já se tinha visto na fase de qualificação, repetindo-se no dia final. Com um 9,80, que para muitos foi 10, o líder do ranking protagonizou o momento do campeonato, mas mesmo assim não conseguiu ficar no lugar mais alto do pódio. Toledo foi o performer do evento, mas faltou-lhe a “frieza dos números” do rival.
8 - Uma palavra sobre Frederico Morais. Não fiquem desapontados com o resultado, pois não era de esperar mais. Isto sem qualquer desprimor pelo surf de Kikas. O surfista português foi regular como costuma ser, mas esta onda não encaixa bem no surf dele e ali não basta regularidade. Até porque também não dá para jogar como o lado tático, onde ele é dos mais fortes do Tour. A “guerra” de Frederico segue agora para França e Portugal, onde, aí sim, tem a sua verdadeira “piscina”.
9 - Nos momentos mais cómicos do campeonato destaca-se a aparição de Willian Cardoso com a máscara de um Panda, fazendo jus à sua alcunha. O brasileiro não tinha nada a perder e entrou na diversão. A verdade é que esta onda não é nada amiga de surfistas mais corpulentos como ele, ou mesmo Wade Carmichael e Kikas. Logo, não há igualdade de circunstâncias para todos - sorte a de Tomas Hermes, que quase cabia de pé nos tubos. É certo que os mais atirados também levam depois vantagem em ondas como Teahupoo ou Pipeline. Mas a coragem é coisa que se treina e ganha a qualquer momento. A barriga também, no caso do Panda. Mas a altura e a corpulência, por exemplo, nem por isso…
10 - Nota pela negativa para aquela confusão final com as esquerdas. Tudo bem que se deu problema a série deve ser repetida. Mas a justificação de Kieran Perrow de que a série extra serviria para dar mais emoção, não pega. Alargou a prova mais uma hora, prejudicando o “argumento televisivo”, deixou a maioria das pessoas sem perceber o que se passava e, last but not least, ainda nos obrigou a ver o Strider a surfar direitas enquanto a máquina regressava à base…
*Extra - A WSL anunciou igualdade de prémios para homens e mulheres a partir de 2019. Já agora, para quando a igualdade de julgamento?
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