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  • Brasileiros vão ser metade do WCT em 2 anos
    25 julho 2018
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  • Caso terminasse agora a temporada, Brasil passaria de 11 para 13 representantes em 2019, dando continuidade à tendência que se tem assistido na última década...
  • A última década do surf competitivo mundial tem assistido a uma verdadeira mudança, a um render da guarda. Nem tanto de gerações. Mais de nações. Os brasileiros chegaram para se intrometer entre os históricos anglo-saxónicos (Austrália, Estados Unidos, Havai e até África do Sul). Não só o fizeram, como ainda varreram a concorrência pelo meio. Chegaram ao tão ambicionado título mundial. Repetiram a gracinha no ano seguinte. E, entretanto, já dominam o circuito mundial de surf – assim como o circuito de qualificação (WQS).

    Por enquanto, esse domínio apresenta-se sobretudo nos resultados. A badalada “tempestade brasileira” veio para ficar e os triunfos brasileiros são cada vez mais comuns. No entanto, esse domínio também está perto de se verificar em número de atletas entre a elite mundial. Aos poucos, o Brasil vai aumentando o seu contingente e a matemática mostra-nos que, caso esta tendência se mantenha, bastarão dois anos para o Brasil ter, mesmo, a maioria absoluta dos surfistas do top 34 mundial.

    Uma projeção verdadeiramente impensável se recuarmos, apenas um pouquinho, até 2010, quando o país de Vera Cruz tinha apenas quatro surfistas entre o, então, top 44 mundial. Por essa altura, Adriano de Souza e o estreante Jadson Andre davam cartas, enquanto Marco Polo e Neco Padaratz ficaram pelo caminho na redução que o Tour sofreu a meio da temporada – aí, o Brasil ficou apenas representando por dois surfistas.

    “Parem de lhe chamar tempestade! É uma verdadeira alteração climática!”

    Esta frase foi escrita [em inglês] por João Valente, histórico diretor da SURFPortugal e enorme conhecedor do surf mundial, também ele com ligação ao Brasil. Apenas 10 palavras que explicam na perfeição toda esta mudança e nova ordem que os surfistas brasileiros têm imposto no surf mundial. Foi escrita no início de junho após uma surpreendente e emotiva vitória de Willian Cardoso na etapa do CT em Uluwatu, na Indonésia.

    Mas se o triunfo do Panda foi inesperado, o mesmo não se pode dizer dos restantes. Em 2018, já se realizaram seis etapas do WCT e apenas uma viu um anglo-saxónico no lugar mais alto do pódio. Foi logo na primeira, em Snapper Rocks, na Austrália, com Julian Wilson a sair vencedor. Depois disso, Italo Ferreira bisou (Bells e Keramas) e Filipe Toledo também (Rio e J-Bay). São “apenas” 5 triunfos em 6. E Medina ainda nem entrou nestas contas…

    Em termos de ranking mundial, isto só poderia colocar o Brasil na frente da luta pelo título mundial de 2018. Filipe Toledo segue firme na liderança, com Medina no 3.º posto e Italo logo a seguir no 4.º. No top 10 regista-se ainda a presença de Willian Cardoso em 7.º lugar. Dados que colocam os brasileiros bem posicionados para um eventual 3.º título mundial. Depois de Adriano de Souza em 2014 e Gabriel Medina em 2015, será, agora, a vez de Toledo subir ao topo do surf mundial? Vai bem lançado!

    A isto podemos ainda juntar um triunfo no primeiro QS10000 da temporada do WQS, com Peterson Crisanto a vencer em Ballito, na África do Sul, e também o triunfo de Deivid Silva no QS6000 de Sidney - um dos três que já se realizaram até ao momento. Menos decisivas nas contas, mas também elas válidas foram as vitórias de Wesley Santos no QS1500 de La Plata, na Argentina, e de Jerónimo Vargas no QS3000 de Arica, no Chile.

    Resultados que colocam os brasileiros também na frente do ranking WQS. Peterson Crisanto segue na liderança após os 10 mil pontos arrecadados em Ballito. Algo que lhe dá uma almofada confortável para chegar ao WCT de 2019. Contudo, Alejo Muniz, Deivid Silva, Thiago Camarão e Jadson Andre também estão dentro dos lugares de qualificação – no caso de Alejo e Jadson seria um regresso à elite mundial. Depois, há ainda Miguel Pupo e Alex Ribeiro bem próximos do cut. A “tempestade” não parece ter fim à vista…

    Vamos, então, aos números, contas e projeções. Analisando o passado recente dos brasileiros no WCT, é possível ver que ao longo dos últimos anos o número tem subido progressivamente. Dos 4 em 2010 passaram quase para o dobro em 2011: 7. Aí foi quando se começou a falar verdadeiramente de uma Brazilian Storm e quando o sonho do título começou a parecer cada vez mais próximo. Depois de um par de anos em que estes números estagnaram e onde a força brasileira aproveitou para se afirmar e fixar bases, eis que se deu a verdadeira revolução.

     Em 2015, dos 7 surfistas brasileiros do WCT nenhum falhou a qualificação, o que originou que o número disparasse, pois do WQS chegaram três representantes (Caio Ibelli, Alex Ribeiro e o regressado Alejo Muniz). No ano seguinte o Brasil perdeu um representante, mas este ano ganhou mais dois, estando agora nos 11. Um número que coloca o Brasil já como a nação mais representada do Tour, roubando uma “bandeira” que os australianos carregaram anos a fundo.

    Este aumento de dois atletas pode repetir-se em 2019. Caso os circuitos terminassem agora, seria mesmo isso que acontecia. Neste momento, Jesse Mendes, Ian Gouveia e Yago Dora estão fora dos lugares de qualificação pelo WCT e não ficariam entre a elite mundial. Caio Ibelli também está fora do top 22, mas tem estado lesionado e pode ser candidato a um wildcard – embora concorra por um dos dois disponíveis com Kelly Slater e John John. Ora, mesmo perdendo três surfistas, o Brasil colocaria os cinco já referidos que estão em lugares de qualificação pelo WQS. O que resultaria em 13 surfistas no World Tour 2019 – mais de um terço do total.

    Mantendo esta tendência de ganhar dois representantes por ano, no final de 2020, o Brasil colocaria 17 surfistas no World Tour 2021. Um número que representa precisamente metade do top 34 e que colocaria os surfistas canarinhos em maioria quase absoluta. Mas isto é apenas matemática. Resta perceber o que o futuro nos reserva.

    Com nomes como Weslley Dantas, Mateus Herdy, Lucas Silveira, Samuel Pupo ou João Chianca a surgir entre a nova geração de surfistas brasileiros, além da abnegação que os ex-tops como Alejo Muniz, Miguel Pupo ou Wiggolly Dantas mostram para voltar ao WCT, não seria de espantar que se acentuasse a multiplicação da bandeira brasileira pelo topo do surf mundial. Sim, isto é mesmo uma alteração climática. É a nova ordem do surf mundial!

    Histórico dos brasileiros no WCT desde 2010:

    2010: 4 - Adriano de Souza, Jadson Andre, Marco Polo e Neco Padaratz

    No final do ano mantiveram-se Adriano de Souza e Jadson Andre; Neco Padaratz e Marco Polo saíram na redução do Tour a meio do ano; Qualificaram-se pelo WQS três surfistas: Alejo Muniz, Raoni Monteiro e Heitor Alves.

    2011: 5+2 – Adriano de Souza, Jadson Andre, Alejo Muniz, Raoni Monteiro e Heitor Alves + Gabriel Medina e Miguel Pupo, que entraram na rotação de meio do ano.

    Todos conseguiram a qualificação para 2012. O Brasil não perdeu qualquer surfista, mas também não ganhou via WQS – além dos que já o tinham feito a meio da temporada.

    2012: 7 - Adriano de Souza, Jadson Andre, Alejo Muniz, Raoni Monteiro, Heitor Alves, Gabriel Medina e Miguel Pupo

    No final do ano Heitor Alves e Jadson Andre caíram do Tour. Pelo do WQS qualificou-se Filipe Toledo.

    2013: 6 – Adriano de Souza, Alejo Muniz, Raoni Monteiro, Gabriel Medina, Miguel Pupo e Filipe Toledo

    No final do ano todos conseguiram a qualificação. Pelo WQS Jadson Andre garantiu o regresso à elite mundial.

    2014: 7 - Adriano de Souza, Alejo Muniz, Raoni Monteiro, Gabriel Medina, Miguel Pupo, Filipe Toledo e Jadson Andre

    No final do ano Alejo Muniz e Raoni Monteiro não conseguiram a requalificação. No entanto, o Brasil recebeu Wiggolly Dantas e Italo Ferreira via WQS.

    2015: 7 - Adriano de Souza, Gabriel Medina, Miguel Pupo, Filipe Toledo, Jadson Andre, Wiggolly Dantas e Italo Ferreira

    No final do ano o Brasil não perdeu ninguém, pois todos conseguiram a requalificação via WCT ou WQS. Do WQS chegaram ainda três reforços: Caio Ibelli, Alex Ribeiro e o regressado Alejo Muniz.

    2016: 10 - Adriano de Souza, Gabriel Medina, Miguel Pupo, Filipe Toledo, Jadson Andre, Wiggolly Dantas, Italo Ferreira, Caio Ibelli, Alejo Muniz e Alex Ribeiro

    No final do ano Alejo Muniz e Alex Ribeiro saíram da elite mundial. Pelo WQS chegou Ian Gouveia.

    2017: 9 - Adriano de Souza, Gabriel Medina, Miguel Pupo, Filipe Toledo, Jadson Andre, Wiggolly Dantas, Italo Ferreira, Caio Ibelli e Ian Gouveia

    No final do ano passado o Brasil viu três surfistas falharem a requalificação, com Miguel Pupo, Jadson Andre e Wiggolly Dantas a deixarem a elite mundial. No entanto, cinco brasileiros conseguiram a qualificação via WQS. Jesse Mendes, Michel Rodrigues, Tomas Hermes, Willian Cardoso e Yago Dora são os rookies brasileiros em 2018.

    2018: 11 - Adriano de Souza, Gabriel Medina, Filipe Toledo, talo Ferreira, Caio Ibelli, Ian Gouveia, Jesse Mendes, Michel Rodrigues, Tomas Hermes, Willian Cardoso e Yago Dora

    2019: ?

     

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