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  • Guilherme Fonseca: “Têm sido anos de muito sacrifício” (ENTREVISTA)
    28 setembro 2022
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    ISA
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  • Gui aponta o companheirismo de Frederico Morais como um dos fatores decisivos para a medalha conquistada.
  • Chegou a Portugal há dois dias e tem vivido uma verdadeira azáfama desde então. Algo natural quando se alcança um resultado de destaque a nível internacional, como o 4.º posto alcançado no Mundial ISA, de Huntington Beach. Um feito especial e construído por Guilherme Fonseca com muito trabalho e uma boa dose cósmica. Aos 25 anos, Gui conseguiu o grande resultado da carreira, colhendo, finalmente, os frutos de todo o “sacrifício” despendido em prol do surf e olhando com outros olhos para o futuro que tem pela frente.

    Da viagem à Indonésia ao casamento do irmão em que não esteve presente, passando pelas críticas à convocação. A história californiana de Fonseca teve tudo para terminar em conto de fadas. A “história da Cinderela” do Mundial ISA, que Chris Cote tantas vezes mencionou ao longo da transmissão do evento, foi portuguesa. Um jovem surfista do Oeste, que em 2022 está a viver o grande ano da carreira. Depois da medalha de cobre, Guilherme já olha com ambição alta para a etapa final da Liga MEO Surf, onde se pode sagrar campeão nacional. E depois Peniche, onde cresceu a surfar, tornando-se num dos maiores especialistas de Supertubos. É lá que quer ajustar contas com o tempo e com todos aqueles que duvidaram do seu talento.

    Beachcam (BC) - Regressaste na passada segunda-feira a Portugal. Como têm sido estes primeiros momentos após o sensacional resultado que conseguiste?

    Guilherme Fonseca (GF) - Tem sido incrível. Nas ruas de Peniche quase todos olham para mim e dão os parabéns. Tenho sentido um apoio gigante. É bom sentir esse reconhecimento pelo trabalho que tenho vindo a desenvolver e pelo resultado que alcancei. Têm sido anos de muito sacrifício.

    BC - Valeu a pena não teres ido ao casamento do teu irmão Daniel Fonseca [tricampeão nacional de bodyboard]?

    GF - Sim, mas foi uma decisão difícil. O meu irmão também me deu luz verde para ir. Felizmente, correu tudo bem. Acho que essa situação despertou algo mais forte em mim para que o campeonato me corresse bem. Durante a prova, as ondas estavam sempre a vir ter comigo.

    BC - Huntington Beach é uma praia que, historicamente, não tem sido muito favorável para o surf de competição português. No entanto, neste Mundial ISA cedo mostraste estar conectado com aquela onda. Qual foi o segredo?

    GF - Na baía de Peniche surfo muitas vezes ondas parecidas. Ao mesmo tempo, senti que Huntington era uma onda que valia a pena esperar. Durante o free surf, via-se bem quando o set vinha qual seria a melhor onda. Não havia insides, nem ondas intermédias. Era preciso esperar. Essa foi quase sempre a minha tática durante todo o campeonato. Não fiz muitas ondas por bateria. Esperei e fui na onda certa. Depois, o meu backside está super consistente e foi só fazer o meu surf.

    BC - Após o fim do campeonato, disseste que não fizeste a final que querias. O que faltou naqueles 35 minutos decisivos?

    GF - Naquele heat em concreto, caí a fazer uma manobra numa onda de set, o que não devia ter acontecido. Se tivesse feito essa manobra, logo no início do heat, teria conseguido uma nota alta. Foi um pormenor, mas que me teria permitido entrar na disputa. Depois, não entrei em sintonia com os sets e meti-me a apanhar ondas intermédias. Além disso, estalei a prancha logo no início da final e nem me apercebi.

    BC - À medida que ias avançando no campeonato, sentiste que, nomeadamente, os surfistas do CT que tinhas pela frente ficavam surpreendidos com o teu desempenho?

    GF - Sinceramente, nem pensei nisso. Estava integrado na 'bolha da Seleção', focado no meu surf e naquilo que podia controlar. Acho que isso foi bom. Olhei para os meus heats como uma superação para mim e não como uma superação de pensar: vou com o surfista 'x' ou 'y' e estou com medo, não tenho surf para ele. Pensei, antes, que tenho as minhas armas, preciso de apanhar ondas com potencial e fazer boas notas. Não pensei muito nos outros.

    BC - Depois de nunca teres sido convidado para o CT de Peniche, acreditas que agora deixaste a organização sem mais argumentos para seres finalmente convidado?

    GF - Já não digo nada. Acho que já este ano a entrada dependia de um patrocinador do evento. Para o ano, com certeza será igual. Este foi mais um resultado que provou que mereço estar lá, apesar das situações serem completamente diferentes. Prefiro mostrar a minha atitude e o meu surf, com vídeos nos Supertubos e o resto não depende de mim. Agora, vou continuar a fazer algum tipo de pressão para tentar estar presente nesse evento. Vamos ver o que acontece.

    BC - Os Jogos Olímpicos para ti são...

    GF - Neste momento, um sonho. Agora, dei mais um passo para acreditar que é possível. Foi um sinal do céu que tenho de continuar a lutar. Tenho sentido dificuldades este ano. No entanto, parece que quanto maiores são as dificuldades e a pressão mais consigo sobressair.

    BC - Tocaste no ponto das dificuldades. Como viste o elogio público que Frederico Morais te fez após o campeonato?

    GF - Já me dava bem com o Kikas, mas partilhei quarto com ele durante 10 dias. Foi incrível ficarmos uma dezena de dias juntos. É uma pessoa com a qual me identifico bastante. Somos muito parecidos no foco, na maneira de pensar, trabalhar e treinar. Tivemos conversas incríveis nesses dias. Esteve sempre a puxar por mim e a dar-me conselhos. Sem dúvida que a sua presença no campeonato e no quarto influenciou o meu resultado, principalmente em termos psicológicos. É dos melhores competidores do Mundo, pelo que receber essas palavras dele é um motivo de orgulho. Fiquei feliz.

    BC - Referiste que vinhas a ter um ano difícil. O quão importante foi a viagem à Indonésia para a mudança de todo um 'mindset'?

    GF - Sinceramente, o meu foco na Indonésia foi, em vez de investir o dinheiro que tinha angariado nos QS da Europa, investir esse dinheiro para produzir conteúdo, surfar ondas boas e fazer evoluir a minha visibilidade nas redes sociais, que era o meu objetivo. Hoje em dia, se um surfista não tem visibilidade, não arranja patrocinadores para conseguir viver esta vida. Fui com esse foco. No entanto, passou-se um mês e a meio da viagem recebi a notícia de que havia sido selecionado para o Mundial ISA. Decidi ficar.

    BC - O que mudou essa convocatória na tua estadia pela Indonésia?

    GF - Um surfista vai para a Indonésia para surfar ondas perfeitas, mas por causa do campeonato que aí vinha fiquei um mês a surfar ondas más e onshore todos os dias. Fui com o intuito de evoluir em ondas perfeitas, criar conteúdo, mas tive de mudar o foco para ondas não tão boas. São treinos completamente diferentes.

    BC - Olhando para a prova olímpica de Paris'2024, que vai ser em Teahupoo, uma onda tubular como os Supertubos, como avalias o facto de o apuramento ser feito numa onda como Huntington Beach?

    GF - Na minha opinião, não faz sentido haver uma prova olímpica em Teahupoo. Vão ser apenas ondas tubulares para a esquerda. Acho que seria mais justo fazer o evento num beach break em Hossegor. Ali, as ondas são mais polivalentes. Possibilitam esquerdas, direitas, tubos, surf de rail e aéreos. Como as Olimpíadas vão ser em Paris, fazia mais sentido ser em Hossegor. Assim, em princípio, vai ganhar um tube rider e não um surfista polivalente. Mas é o que há e é nisto que temos de competir.

    BC - Concluído o Mundial ISA, já estás inscrito no QS dos Açores. A partir daqui vamos ver-te cada vez mais vezes no circuito de qualificação?

    GF - Vou fazer o resto do QS europeu da época de 2022/2023. Tenho também o objetivo de ser campeão nacional de surf no final do mês. Depois, se houver apoios e condições financeiras para continuar, continuarei.

    BC - Tens 25 anos e já mencionaste que ainda tens muito para dar. Até onde pensas que ainda podes chegar?

    GF - Claro que o CT é o objetivo final, mas, neste momento, aquilo que está na minha cabeça é ser campeão nacional e obter a qualificação para a Challenger Series. Dar um passo de cada vez. No próximo ano, haverá novo Mundial ISA. Quero ir a El Salvador e qualificar-me para os Jogos Olímpicos.

    BC - Falaste que tens o objetivo de ser campeão nacional de surf pela primeira vez. És o atual número dois do ranking e a prova decisiva vai ser em Peniche. Consideras que o fator casa dá-te uma ligeira vantagem sobre a restante concorrência?

    GF - Sim, sem dúvida. Surfo ali quase todos os dias, esteja pequeno ou grande. Sei o material que tenho de usar. Por outro lado, vou ter mais pressão porque as pessoas estão à espera que me dê bem. A pressão faz parte e é algo com que tenho de lidar. Neste Mundial ISA, também senti que inicialmente houve bastantes críticas pelo facto de ter sido convocado. Isso é algo a que já estou habituado. Vou continuar a mostrar que mereço mais do que os outros porque trabalho mais. É isso que tanto eu como o Kikas temos em comum.

    BC - Como lidaste com as muitas críticas que dizes ter recebido? Consideras as mesmas injustas?

    GF – Sim, porque as pessoas não veem as coisas. Pensam que vou para a Indonésia para relaxar e divertir-me. Na Indonésia, a minha rotina era praticamente a mesma todos os dias: surfar, comer e dormir. Fui com a minha namorada, que abdicou de muita coisa em Portugal. Filmava-me todos os dias e o seu apoio foi bastante importante. Fez toda a diferença. Infelizmente, as pessoas criticam sem saber o trabalho que há por trás. Essas críticas não consigo controlar, mas, de certa forma, picam-me ainda mais. Consigo utilizar tudo isso para ter ainda mais motivação naquilo que faço. Para chegar aqui é preciso mesmo muitos sacrifícios.

     

     

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