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É no fim de semana de 9 e 10 de abril que arranca a temporada de 2022 do Circuito Nacional de Bodyboard Crédito Agrícola, que pelo terceiro ano consecutivo volta a ter esta instituição como patrocinador principal.

E à semelhança do que sucedeu o ano passado, a Figueira da Foz abre as hostilidades da principal competição do bodyboard nacional, sendo que o período de inscrição para esta etapa fecha às 23h59 desta sexta-feira, dia 1 de abril.

Em 2021, Manuel Centeno e Teresa Padrela sucederam a Daniel Fonseca e Joana Schenker como campeões nacionais Open. Títulos conquistados num campeonato épico em Supertubos, a latitude da derradeira etapa da época. Por isso, Manuel e Teresa vão vestir a licra verde durante a temporada de 2022. É o elemento que distingue os vigentes campeões nacionais.

Depois de ter alcançado o nono título nacional Open aos 41 anos, Manuel Centeno tem uma perspetiva muito particular acerca da posse da licra verde e da "defesa" do título.

“A partir do momento em que toca a buzina para o primeiro heat, nada é meu. Sei que vou andar com a licra verde de campeão, mas a verdade é que o título está em aberto para todos. E digo isto porque penso ser a maneira certa de encarar estas coisas. Não quero defender nada. Quero é atacar qualquer coisa, neste caso, a vitória", disse o consagrado bodyboarder.

Para Centeno, a receita da longevidade e, sobretudo, da longevidade ganhadora é simples: “A minha receita é a mesma há muito tempo. Quatro semanas antes do campeonato ajusto umas rotinas com um pouco mais de volume de piscina, depois alivio a carga e passo a surfar simulando heats. E na última semana estou numa coisa de explosão e não dou tanto volume. Posso até perder de primeira, mas aumento as probabilidades de ter sucesso.”

E quanto ao circuito e, particularmente, o seu arranque, na Figueira da Foz?

“Ao longo dos anos mudei a minha relação com a Figueira. Não era daqueles sítios que me atraía, mas nos últimos tempos tem-se revelado uma caixinha de surpresas. A Figueira tem ondas ótimas. Ali, tem sido realizado um grande trabalho a organizar campeonatos. Quanto ao calendário, é excelente este ano e até passamos pelo sítio onde aprendi a surfar. Tem duas ondas de classe mundial, Peniche e Nazaré. Figueira também é excelente. Só Leça da Palmeira é que não se enquadra nesta categoria, mas tem muita tradição de bodyboard e não tem uma prova do Nacional há mais de uma década. Felizmente tem uma autarquia que se interessou porque não basta o organizador querer. As autarquias têm de querer e apoiar", explicou Manuel Centeno.

Já Teresa Padrela, que sagrou-se campeã nacional Open pela primeira vez na carreira, também se mostrou muito entusiasmada com o calendário e a oportunidade de vestir a licra verde.

“Estou muito motivada com este calendário. Pela primeira vez vou competir na área do Porto. Parece-me bastante bom e motivador. As outras três etapas não podiam ser melhores escolhas”, considerou a bodyboarder de Carcavelos.

De entre todas, Teresa não esconde que tem uma favorita: “ A etapa de Peniche é a que mais me motiva, uma vez que foi ali que sagrei-me campeã nacional Open. E, ainda por cima, pode ser, novamente, a etapa decisiva.”

O título do ano passado, disputado literalmente até à última onda com Filipa Broeiro, ainda está bem fresco na memória. Padrela espera que a "bola volte a cair” para o seu lado: “Espero que esta época tenha o mesmo desfecho. O ano passado foi até ao último segundo e espero que este ano seja igualmente disputado. Mas mesmo que não tivesse ganho, estava envolvida na história. Felizmente, a bola caiu para o meu lado e tenho trabalhado muito na pré-época para que volte a acontecer.”

Teresa terá um ano competitivo muito cheio, conjugando o Nacional com o Circuito Mundial, que vai cumprir na íntegra, com passagens pelo Chile, Brasil, África do Sul e Sintra. Felizmente, as datas do Nacional foram pensadas para permitir essa compatibilidade de calendários.

Quanto às rivais para a campanha que se avizinha, a campeã nacional tem uma visão curiosa: “Acredito que sejam as 'suspeitas do costume', mas com algumas bodyboarders mais novas a fazer algumas surpresas. É ver o que fez a Mariana Silva o ano passado, em Peniche. Protagonizou uma grande exibição.”

Se os bodyboarders são os grandes protagonistas, o palco também tem um papel a desempenhar. Há muitos anos que a Figueira e os desportos de ondas mantêm uma relação frutuosa, conforme sublinha o vereador do Desporto da autarquia local, Manuel Domingues.

“O município tem uma relação antiga com os desportos de ondas, apoiando desde há muito a sua prática e os seus agentes. A Figueira é um local onde os bodyboarders se sentem bem. Temos um clube como a Associação de Bodyboard Foz do Mondego, uma associação das mais antigas a nível nacional, que muito tem feito pelo bodyboard, tendo já formado campeões nacionais e internacionais, e cujo responsável, Nuno Trovão, é inclusive o selecionador nacional da modalidade.”

De resto, o bodyboard e eventos com a projeção do Nacional, também cumprem um desígnio importante para a economia, explica o vereador figueirense:

“Um dos grandes desígnios do Município é o turismo. Este tipo de atividades traz visitantes ao concelho, quer nacionais quer internacionais, dinamizando o comércio local e promovendo a imagem da Figueira da Foz.”

A enquadrar esta competição, o selo da Federação Portuguesa de Surf (FPS), que tem no seu presidente, João Aranha, um forte apoiante da causa do bodyboard.

“É muito gratificante assistir ao lançamento de mais uma edição deste Circuito Nacional de Bodyboard, que tanto prestígio tem trazido à modalidade. Da parte da Federação a que presido, a organização tem todo o apoio e a certeza de que estaremos todos a remar para mais uma temporada de grandes êxitos, espetáculo e consequente desenvolvimento do bodyboard português”, assegurou o presidente da FPS.

Por sua vez, Isabel Matos, diretora de Comunicação e Relações Institucionais do grupo Crédito Agrícola, não esconde que é com "enorme prazer que o Crédito Agrícola renova o seu acordo com o Circuito Nacional de Bodyboard. Este evento é a conjugação ideal entre a prática desportiva e a agenda ambiental, dimensões que nos aproximam do público em geral e, mais especificamente, dos jovens. Este apoio, permite-nos reforçar a nossa influência nestas áreas de importância primordial hoje e no futuro".

Calendário: 

1ª etapa - Figueira da Foz (9 e 10 de abril)
2ª etapa - Matosinhos/Porto (17 e 18 de setembro)
3ª etapa - Nazaré (15 e 16 de outubro)
4ª etapa - Peniche (12 e 13 de novembro)

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