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- O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, esteve presente na cerimónia que fechou o projeto Ericeira WSR+10.
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Realizou-se na passada quinta-feira, dia 24 de fevereiro, a cerimónia de encerramento do Ericeira WSR+10, projeto comemorativo do 10º aniversário da Reserva Mundial de Surf da Ericeira (RMSE) promovido pelo Ericeira Surf Clube (ESC) e financiado pela Comissão Europeia, contando com o apoio do Município de Mafra.
Esta foi uma sessão marcada pela apresentação do estudo sobre o impacto da Reserva Mundial de Surf da Ericeira na última década. Apresentação essa feita por Juanma Murua, que deu o mote para um painel de reflexão, constituído por representantes das instituições responsáveis pela gestão da Reserva.
A tarde na Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, na Ericeira, também foi marcada pelas intervenções da eurodeputada Maria da Graça Carvalho (online) e do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, a quem coube o encerramento dos trabalhos.
A 'madrinha' do Ericeira WSR+10 falou sobre 'A Perspectiva Europeia para a Nova Economia Azul – Prioridades, iniciativas e objetivos 2030', não deixando de fazer alusão à invasão militar da Ucrânia por parte da Rússia: “Este é um dia triste para a Europa e para o mundo. Estamos aqui reunidos para falar de assuntos mais interessantes e felizes, nomeadamente o pacto ecológico europeu”, disse Maria da Graça Carvalho antes de abordar as respostas à crise climática, que deverão promover a criação de empregos e riqueza, mas sempre numa perspetiva de sustentabilidade, nomeadamente do mar que representa o maior recurso natural português, temas que aproveitou para fazer a ponte para o projeto comemorativo do 10º aniversário RMSE.
Seguidamente, Pedro Bicudo (presidente da SOS – Salvem o Surf e membro do Vision Council das Reservas Mundiais de Surf) apresentou 'A visão das associações surfistas sobre a RMSE': dos principais problemas identificados em 2019 e respetivas propostas para os resolver ou mitigar (como a criação dum Parque Natural e de uma Reserva Marítima) à importância de as entidades que integram o Conselho Restrito Municipal de Gestão da Reserva continuarem a conversar e partilhar as suas perspetivas regularmente, fez uma viagem desde a candidatura que originou este galardão até à atualidade.
Antes do primeiro break da tarde, dois dirigentes do ESC passaram pelo palco da Casa de Cultura: o diretor da Área de Inovação e Redes Colaborativas fez uma apresentação dos resultados do projeto europeu Ericeira WSR+10 com 'Olhos no Futuro'. Miguel Toscano salientou o papel deste clube como agente de desenvolvimento local sustentável, focando-se também na mudança de mentalidades no que toca à inclusão de pessoas com deficiência na criação de impactos positivos.
Já Luís Bernardes (membro da Direção do Departamento de Sustentabilidade do ESC) apresentou o curso de formação Ericeira WSR+10 'Surfing e Sustentabilidade', duas realidades ligadas de forma umbilical no âmbito deste projeto, que ambiciona capacitar mil pessoas a nível europeu.
Por sua vez, Juanma Murua apresentou o estudo de impacto da RMSE na última década, destacando que mais do que pretender reduzir tudo ao impacto económico da RMSE em euros (cedendo à tentação de muitos economistas, como ele) pretendeu fazer uma fotografia do impacto do surfing na Ericeira. Juanma concluiu que o "surf contribuiu para aumentar o número de alojamentos turísticos e escolas da modalidade, mas a pressão turística trouxe problemas ambientais", tal como noticiado pela Lusa.
A agência noticiosa portuguesa destaca também que o "crescimento económico que o surf trouxe, com o aumento do número de turistas, aumentou a pressão urbanística e o tráfego" e a RMSE "não teve um reflexo positivo na qualidade de vida dos residentes", uma vez que os "espaços verdes não aumentaram à proporção, nem contribuiu para o aumento do emprego ou do poder de compra dos residentes".
O estudo encomendado pelo ESC para analisar o impacto do surfing e das atividades associadas a estes desportos em termos económicos, sociais, ambientais e de imagem deu o mote para um painel de reflexão, que apresentou perspetivas marcadas pelas posições das instituições representadas, que integram o Conselho Restrito do Conselho Municipal da RMSE: Miguel Barata de Almeida (presidente do ESC), Pedro Bicudo (presidente da SOS – Salvem o Surf), Tiago Matos (presidente da Associação dos Amigos da Baía dos Coxos) e Pedro do Carmo Silva (vereador da Câmara Municipal de Mafra), aos quais se juntaram Juanma Murua, da Murua Consulting, e o moderador Miguel Pedreira.
Entre outras posições, Miguel Barata de Almeida considerou que os números do estudo apresentado devem ser encarados de frente e com coragem, apontando a necessidade de criação dum Observatório da RMSE e destacando o aumento de atletas do ESC e de participantes nos campeonatos organizados pelo clube.
Por seu turno, Tiago Matos priorizou a fragilidade e respeito pela natureza sentida pelos surfistas em face do interesse no desenvolvimento característico doutros stakeholders. Este dirigente associativo relembrou também, a necessidade de proteção legal para haver uma efetiva preservação da RMSE, passo para o qual é imprescindível a existência de vontade política por parte dos responsáveis.
Respondendo às preocupações de Tiago Matos, Pedro Carmo Silva, considerou que o ponto de equilíbrio (nomeadamente entre o desenvolvimento económico e a preservação ambiental) é o mais difícil de atingir mas que alguns passos importantes já foram dados nesse sentido. Pedro Bicudo destacou a enorme pressão existente sobre o bem escasso que são as ondas, numa época de tanta apetência pela prática do surf.
Nas suas palavras, “a RMSE pode ser suspensa, mas se os seus agentes quiserem podem torná-la a melhor do mundo” – a opção por um ou outro caminho encontra-se apenas dependente das escolhas tomadas pelos responsáveis.
Já para Juanma Murua é preciso trabalho para tirar partido das conclusões do estudo e torná-lo uma ferramenta que possa contribuir para uma maior sustentabilidade da RMSE, sendo necessária uma maior partilha e colaboração entre os agentes responsáveis pela Reserva.
Findo o painel, Miguel Barata de Almeida encerrou o Ericeira WSR+10, destacando alguns dos momentos-chave deste projeto, afirmando as necessidades de cativar os mais jovens para se envolverem na salvaguarda da RMSE e de se constituir uma figura jurídica de proteção para a Reserva, para mais numa época de tanta pressão imobiliária. O presidente do ESC revelou ainda a possibilidade de trazer o museu do surf para a Ericeira, concluindo esta sua intervenção com um desejo que o "Ericeira WSR+10 seja o princípio e não o fim!”
O presidente da Câmara Municipal de Mafra, Hélder Sousa Silva, fez de seguida a ponte com o Ministro do Mar, destacando que a responsabilidade pela RMSE deve ser partilhada por todos os agentes envolvidos e considerando que o Ericeira WSR+10 permitiu unir e mobilizar a comunidade.
O edil mafrense partilhou também que o 'Guarda ou Guardião permanente da Reserva' anunciado na conferência inaugural do projeto já se encontra no terreno desde o início de 2022.
Tal como sucedera na intervenção Maria da Graça Carvalho, o ministro do Mar não deixou passar a oportunidade de referir o ataque militar da Rússia à Ucrânia Ricardo Serrão Santos, que havia visitado recentemente a RMSE, destacou a importância da Reserva e das características imanentes ao surf, que tem sido um nicho cada vez mais relevante no turismo costeiro de Portugal, reconhecido nomeadamente pela Estratégia Nacional para o Mar 2021-2030.
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FotografiaEriceira WSR+10
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FonteRedação
