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- A um mês do arranque da Liga MEO Surf 2022, o presidente da ANS fala do calendário da nova temporada, mas também de outros temas relevantes no âmbito da competição que define os títulos máximos do surf nacional.
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Na semana passada foi apresentada a 12ª edição da Liga MEO Surf, a competição que define os títulos máximos do surf nacional. Entre abril e outubro serão realizadas cinco etapas, sendo o regresso dos Açores a grande novidade do calendário que arranca a 1 de abril na Figueira da Foz. Pela primeira vez desde 2009, os melhores surfistas de Portugal vão surfar nas águas açorianas.
Numa altura em que estamos a um mês do arranque da nova época, o Beachcam esteve à conversa com Francisco Simões Rodrigues, o presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS), entidade organizadora da Liga MEO Surf.
Uma conversa na qual o responsável máximo da ANS fala do calendário da temporada que se avizinha, mas também de outros temas como o 20º aniversário do acordo institucional entre a ANS e a Federação Portuguesa de Surf ou a importância que a Liga MEO tem desempenhado na evolução das performances dos surfistas nacionais além-fronteiras.
Beachcam (BC) - Depois de duas edições da Liga com um sucesso estrondoso debaixo de contexto pandémico, o que podemos esperar para esta edição de 2022?
Francisco Simões Rodrigues (FSR) - Muito obrigado pelas palavras! Foram realmente dois anos de muito empenho! Fizemos o primeiro campeonato de surf no mundo em junho de 2020, duas etapas em 2021 ainda com o Estado de Emergência vigente e, em dois anos, cumprimos com toda a nossa agenda desportiva recorrente. Para isso, houve muitas teias complexas ao nível dos licenciamentos assim como a constante reestruturação do calendário. Com a compreensão de todos os parceiros (incluindo os patrocinadores e municípios), consegue-se chegar a 2022 com a certeza de que as relações de longa data existentes (muitas com mais de cinco anos, outras com mais de 10 anos) são o melhor indicador da maturidade e solidez da Liga MEO Surf. Em 2022, vamos rodar novamente uma das localizações das etapas, com a inclusão da etapa dos Açores, reforçando-se assim a cobertura geográfica e a missão de desenvolvimento do surf em todos os cantos de Portugal. Por seu turno, face ao cenário pandémico atual, teremos também o regresso da componente social e de sustentabilidade, incluindo-se aqui as limpezas de praia numa perspetiva pedagógica com as escolas dos concelhos visitados e integrados no programa 'Amar o Mar' do grupo Jerónimo Martins em parceria com o Pingo Doce. Por fim, no ponto que mais interessa que é a competição de surf, a visão é sempre a mesma, que os mais novos estarão agora ainda mais capacitados para complicar a vida aos mais experientes. Vai valer a pena acompanhar os melhores surfistas nacionais naqueles que são certamente os principais palcos para o surf de competição em Portugal.
BC - Desde que é presidente da ANS já fez muito em prol do desenvolvimento da Liga MEO Surf. O regresso dos Açores ao calendário era aquela "vitória" que faltava?
FSR - É uma boa perspetiva de ver o tema, mas não é por aí. A realidade é que o Município da Ribeira Grande já faz um trabalho muito interessante com o surf há uma série de anos. A aproximação foi feita à ANS já há algum tempo, mas ainda não tinha sido oportuno. Estamos muito contentes por finalmente ser possível. Já vai bem longe o ano de 2009, que foi a última vez que vimos os melhores surfistas nacionais a competir em São Miguel. Curiosamente, essa prova foi vencida por Frederico Morais (e Francisca Santos nas senhoras), ele que em 2022 não poderá competir por ser um surfista da elite do surf mundial. Tenho a certeza de que uma prova nas ilhas, com tudo a competir de calções e em ambiente renovado, vai ser certamente um sucesso. Espero também que possa ser um bom contributo para a evolução do surf nos Açores. Muito obrigado também a todos os patrocinadores, em especial aos principais para esta etapa, o MEO e a Allianz.
BC - Ao nível da logística, a ida aos Açores que tipo de esforços irá implicar à caravana da Liga MEO?
FSR - Claro que esse é um dos desafios. A componente do transporte aéreo faz toda a diferença assim como a transmissão em direto na Sport TV, que já está a ser coordenada há algum tempo. Estamos a ser bem acompanhados pelo Município da Ribeira Grande e pelo Rodrigo Herédia, organizador das provas da World Surf League nos Açores, a quem dirijo também uma palavra de agradecimento. Contamos com a boa vontade de todos!
BC - Regressa os Açores, mas no sentido contrário não temos nenhuma etapa no concelho de Cascais ou até mesmo na Caparica e Algarve. A que se deve essa situação?
FSR - O Algarve saiu do calendário em 2020 por imposições de licenciamento que inviabilizaram os nossos planos por completo. Isto foi explicado aos surfistas algarvios que, na altura, procuraram a ANS para perceber as razões. Quanto às demais localizações, sem desprimor nenhum por Cascais ou pela Caparica, onde já fizemos ótimas etapas por diversas vezes, mas estamos muito contentes com as provas na Ericeira e Peniche na Liga MEO Surf. Esta última, designadamente o Bom Petisco Peniche Pro 2021, foi até o melhor evento do ano na temporada passada. A realidade é que, num conjunto de 5 etapas anuais, não dá para ir a todo o lado, pelo que o caminho é ir variando na justa medida do possível. Não podemos esquecer que a Norte, estamos desde sempre no Porto e em Matosinhos com o Joaquim Chaves Saúde Porto Pro e, na zona Centro, também há muitos anos, com o Allianz Figueira Pro.
BC - Há planos para um hipotético aumento do número de provas ou 5 etapas por ano é o ideal?
FSR - Desde que lidero o projeto da Liga MEO Surf que fixamos as 5 etapas anuais (com uma 6ª etapa especial em Ílhavo a pontuar para o ranking feminino). Isto porque, segundo os regulamentos, em 5 etapas globais, pontuam 4 para a classificação final, o que se revela equilibrado do ponto de vista desportivo. Se fossem menos etapas, por exemplo 4 etapas, pontuariam 3 etapas no final, que é pouco. Se fossem 6 etapas, pontuariam as mesmas 4 etapas e, se fossem 7 etapas, pontuariam 5 etapas, o que é muito! Acresce ainda a gestão entre etapas nacionais da Liga MEO Surf e as agendas internacionais dos surfistas que, para 5 etapas, já é complexo o suficiente. Enfim, 5 etapas é quase um "número mágico" que pretendemos continuar a seguir.
BC - Este ano, celebra-se o 20º aniversário do acordo institucional entre a Federação Portuguesa de Surf (FPS) e a Associação Nacional de Surfistas. Quão importante tem sido esse acordo para a pacificação e evolução do surf nacional?
FSR - É um dos acontecimentos mais importantes para o surf de competição em Portugal. Se na altura haviam dúvidas quanto à existência das duas entidades, a realidade é que, passados estes anos todos, o governance do surf está bem servido e, a Liga MEO Surf, é o melhor indicador de que ter uma entidade autónoma à FPS, com meios próprios, para tratar da camada principal do surf português, faz todo o sentido. Devemos todos orgulhar-nos por termos criado um modelo que até já foi versado numa tese de doutoramento como um exemplo de sucesso e a ser seguido.
BC - Desde que as competições de surf foram retomadas em ambiente pandémico, o surf português tem estado em grande destaque além-fronteiras. Considera que foi crucial para esse sucesso o facto dos surfistas terem tido na Liga MEO Surf uma plataforma regular de competição quando tudo estava parado?
FSR - Parece-me evidente que, enquanto o mundo parou, o facto dos surfistas portugueses terem estado em plena atividade é um forte contributo para a sua evolução e cria dinâmicas positivamente diferenciadoras. Veja-se o caso de Frederico Morais. Foi campeão nacional da Liga MEO Surf 2020, aquele que foi o seu único título oficial na primeira temporada de pandemia e participou em todas as etapas. No ano seguinte, enquanto muitos dos seus pares da elite mundial vestiram uma licra de competição em plano oficial depois de 12 meses sem o fazer, o Frederico chega muito forte e faz uma campanha fantástica. Se foi a Liga a razão de tudo? Claro que não. Se ajudou? Muito ou pouco....tenho a certeza que sim!
BC - Em que medida a Liga MEO Surf pode ajudar a ser uma mais valia em termos do projeto Olímpico?
FSR - Penso que esta pergunta pode ser melhor respondida pelo selecionador nacional, David Raimundo. Mas olhemos para 2021 onde, à data da última qualificação olímpica em El Salvador, os surfistas portugueses já levavam três etapas de Liga MEO Surf no currículo desportivo dessa temporada e, para os jogos em si, com mais uma etapa adicional. Trata-se de rodagem competitiva, que é sempre importante! Se calhar, muitos dos adversários dos portugueses estrearam-se em competições de alto nível exatamente em El Salvador. Por seu turno, para os mais novos em percurso potencial olímpico, é na Liga que podem estar mais próximos do modus operandi dos olímpicos e fazer o necessário confronto geracional e de experiências, que fará acelerar o desenvolvimento desportivo.
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FotografiaANSurfistas/Jorge Matreno
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FonteRedação
