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  • Eleições FPS, Entrevista João Guedes: 'O surf português já devia estar num patamar mais elevado'
    28 fevereiro 2022
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  • Se for eleito presidente da FPS, João Guedes revela que irá criar "grupos de trabalho", sendo estes "específicos para cada uma das modalidades" que a entidade tutela.
  • Na corrida eleitoral à presidência da Federação Portuguesa de Surf (FPS), João Guedes é o líder da lista que desafia João Aranha, o presidente da FPS desde 2013, no ato eleitoral agendado para o próximo sábado, dia 5 de março. 

    Ligado ao mar desde sempre, revela que são "muito poucos" os dias em que não vai surfar. "O surf é muito mais do que um desporto", explica. Depois de 18 anos a viver em Cabo Verde, João Guedes deu um passo em frente e decidiu candidatar-se à liderança da FPS. "Tudo surgiu de uma forma muito natural", conta.

    Poucos dias antes de ir a votos, João Guedes concedeu uma entrevista ao MEO Beachcam na qual dá a conhecer o seu percurso e o que norteia o seu programa eleitoral. "É preciso mudar a estratégia para obter novos resultados e atingir plenamente os objetivos a que nos propomos, caso a nossa lista vença as eleições", assegura.

    Beachcam (BC) - Em primeiro lugar, como é que surgiu a ligação ao surf?

    João Guedes (JG) - Nasci, cresci e vivo ao lado da praia. A minha vida foi uma constante relação com o mar. Para além de surfista sou instrutor de mergulho recreativo e mergulhador comercial (profissional), e já agora, apesar da minha idade sou nadador-salvador do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) no ativo com licença renovada. A minha ligação ao surf começou há cerca de 48 anos, como não podia deixar de ser pela paixão que tenho pelo mar. Na altura, existiam muito poucos surfistas em Portugal. No norte do país, existia apenas um grupo de cinco ou seis surfistas ao qual tive o privilégio de pertencer. Nessa altura, não havia material de surf à venda em Portugal e surfávamos com as poucas pranchas existentes, que íamos emprestando uns aos outros. Só passado algum tempo, em 1976, é que tive a minha primeira prancha. Foi uma tia que trouxe do Brasil. Desde aí, gabo-me de serem muito poucos os dias em que não vou surfar, especialmente quando o mar está bom. Sempre gostei de viajar e isso permitiu-me ter surfado em grande parte das ondas míticas do mundo.

    Passei aos meus filhos este gosto pelo surf e hoje em dia orgulho-me muito do percurso que eles têm como surfistas. O surf é muito mais do que um desporto. É uma cultura que faz parte da nossa vida. Foi nesse ambiente que eles cresceram e sempre viveram. Os meus últimos 18 anos foram vividos em Cabo Verde, um destino que apesar de pouco consistente proporcionou-me momentos paradisíacos em ondas perfeitas. Foram milhares de ondas surfadas na maioria das vezes sozinho na água. Agora está na altura de aceitar outro desafio na minha vida de surfista. A Federação Portuguesa de Surf. 

    BC - Quando, como e porquê surgiu a ideia de avançar com uma lista para ir a eleições à presidência da FPS?

    JG - Tudo surgiu de uma forma muito natural. Ao longo dos últimos anos, tenho tido várias conversas sobre o estado do surf em Portugal, com amigos e companheiros de surf de longa data. É unânime que há muito por fazer, principalmente ao nível das bases competitivas e da formação não só de atletas, mas de seres humanos através dos importantes valores intrínsecos ao surf. Não é compreensível que, em 2022, com o estado e a dimensão que o surf atingiu em todo o mundo, tenhamos uma federação de dimensões tão reduzidas e com tantas limitações. Se o surf cresce, esse crescimento tem que estar refletido no profissionalismo dos seus agentes (clubes, associações, escolas, treinadores, juízes e atletas) e também da própria federação. Isso não acontece, a grande maioria dos clubes continua com as mesmas dificuldades de sempre, poucos treinadores se conseguem dedicar de forma adequada à sua profissão, tal como os juízes e, ainda mais impressionante, os próprios atletas têm grandes dificuldades em profissionalizarem-se. Isto não é admissível e tem que ser alterado.

    BC - Quem acompanha o João nesta lista? São pessoas com um passado ligado à modalidade?

    JG - A nossa Direção é composta na totalidade por pessoas com uma ligação intrínseca ao surf, ou seja, verdadeiros surfistas. Para ser surfista não tem que se ser campeão de surf, tem que se compreender o surf. Só compreendendo o surf é que podemos saber o que ele precisa e qual o melhor caminho para o seu crescimento e evolução beneficiando todas as partes envolvidas.

    Penso que quem esteja minimamente por dentro do panorama do surf nacional, irá reconhecer todos, ou quase todos os nomes da Direção desta lista, que pode ser consultada AQUI. São muitos anos de surf combinados, com extensas carreiras e vidas dedicadas inteiramente ao surf, em todas as dimensões. Desde atletas a dirigentes, entre muitas outras vertentes.

    BC - Como avalia a presidência desta direção ao longo dos últimos anos e quais considera serem os pontos positivos e negativos da sua presidência?

    JG - É sempre delicado avaliar o trabalho dos outros. Obviamente que tenho a minha opinião formulada acerca desse assunto, no entanto, prefiro não a revelar porque corro o risco de estar a ser injusto. De momento sem ter a certeza do que na realidade foi feito, posso adiantar que há garantidamente muito trabalho positivo feito pela atual direção, tal como pelas anteriores. Sei que muito desse trabalho passa despercebido e pouco reconhecido, mas isso faz parte do trabalho de uma federação. Não podemos estar sempre à espera de que o nosso trabalho seja reconhecido, nem é com esse intuito que o realizamos. Temos simplesmente que fazer o que nos compete e o que acreditamos ser melhor para o surf com confiança e determinação.

    Da mesma forma que sei há muito trabalho por fazer, nomeadamente a pouca ou inexistente comunicação entre a Federação e os agentes que compõem o surf nacional. Isto é o que na minha opinião mais tem falhado, o que é até reconhecido pela própria direção atual no seu programa. Porém, não basta ter um programa que fale nestes temas e prometa a sua resolução se efetivamente nada se vem a concretizar. É preciso mudar a estratégia para obter novos resultados e atingir plenamente os objetivos a que nos propomos, caso a nossa lista vença as eleições. Iremos com toda a certeza mudar aquilo que tem que ser mudado, da mesma forma que iremos manter tudo aquilo que está bem feito. Temos ideias, medidas diferentes para o desenvolvimento do surf e a experiência que é preciso para que tudo aconteça.

    BC - Considera que deveria existir uma limitação de mandatos à frente da Federação Portuguesa de Surf?

    JG - Essa limitação já existe. Há um limite imposto pelos estatutos da FPS de 3 mandatos, de 4 anos cada. Apenas devido à pandemia, por terem sido adiados os Jogos Olímpicos, o último mandato foi de 5 anos, porque por lei os mandatos têm que coincidir com o ciclo olímpico.

    BC - Em termos competitivos e de seleções, como avalia os últimos anos do surf nacional e quais as metas que gostaria de colocar para o futuro?

    JG - Tem havido um crescimento inegável do surf em Portugal. Em poucos anos, Portugal teve dois surfistas portugueses no Championship Tour (CT) e muitos outros resultados atingidos em outras modalidades, metas que antes eram impensáveis. Obviamente que esse trabalho se deve a um enorme sacrifício desses atletas, no entanto é importante reconhecer que algumas estruturas foram criadas, que os ajudaram a alcançar esses resultados.

    No entanto, face á realidade atual do surf português e das condições naturais que o país oferece já deveríamos estar num patamar mais elevado.

    Para o futuro, a grande meta que pretendemos alcançar é ter um número cada vez maior de atletas profissionais no CT e com isso aumentar exponencialmente as hipóteses de ter um campeão do mundo português, não apenas no surf, mas em todas as modalidades da federação. Os Jogos Olímpicos serão também uma das metas em que estamos empenhados e como os sonhos por vezes se tornam realidade, trazer uma medalha de ouro para casa.

    No entanto, para isso temos primeiro que trabalhar as bases. Não podemos olhar para esse futuro a curto prazo. Tem que se ter paciência, confiança e esperança. É fundamental apostar mais nas camadas juvenis, que estão constantemente a aparecer para que dentro de pouco tempo possam atingir um maior nível competitivo mundial. É fundamental apostar mais nas estruturas que os possam apoiar e ajudar a percorrer o árduo caminho de um atleta de alta competição. É preciso investir para permitir um trabalho mais continuado com os atletas, não apenas para as competições, mas ao longo de todo o ano, com programas de treino ajustados com apoio dos clubes, escolas, treinadores, e um urgente aproveitamento dos ótimos Centros de Alto Rendimento que dispomos.

    BC - Em termos de outras disciplinas para além do surf, qual o papel que tem reservado para estas modalidades?

    JG - Se as dificuldades dos agentes do surf já são muitas, as das restantes modalidades são tremendas. Temos ouvido os clubes que desenvolvem essas modalidades e estamos conscientes das suas necessidades. A federação já perdeu o skate e o mesmo pode acontecer com o stand up paddle (SUP). Isto acontece por não serem dadas as devidas oportunidades às modalidades. No caso do SUP, muitos dos agentes estão no interior do país. É preciso fazer um esforço para levar a federação também a estes locais e dar liberdade aos clubes para desenvolverem um segmento da modalidade que nós, que estamos muito mais ligados ao mar, por vezes não compreendemos. Como destacado no nosso programa, se ganharmos as eleições iremos criar grupos de trabalho dentro da federação, específicos para cada uma das modalidades, que serão responsáveis por definir as medidas de desenvolvimento de cada.

    É fundamental ouvir a voz dos clubes. Estes por sua vez deverão ouvir a voz das escolas e dos treinadores, que por sua vez deverão ouvir a voz dos atletas. Esta é a correta pirâmide de comunicação. Criar associações regionais de clubes para trazer até à Federação a voz dessa gente é fundamental para a evolução do surf. É da discussão e análise das ideias que nasce o ideal. A comunicação entre a Federação e todos os agentes do surf é imprescindível. Terá que ser constante para o seu crescimento e evolução.

    BC - Que papel pode ter a FPS no controlo do crescimento da modalidade no que diz respeito ao ensino e infraestruturas desse mesmo ensino?

    JG - Esse tem precisamente que ser o papel da FPS. Controlar e regular as modalidades, ser a verdadeira tutela do surf. Nesse sentido, sob a nossa direção os regulamentos serão rapidamente revistos e atualizados, para se tornarem mais justos e integradores das modalidades, com mais oportunidades para todos e adaptados às constantes mudanças. De resto, é preciso sentarmo-nos de imediato à mesa das decisões da regulamentação e ordenamento da atividade de surf, que têm vindo a ser tratados ao mais alto nível. É preciso distinguir os clubes e associações das empresas, a formação desportiva do turismo, sempre tendo em conta que também estes agentes, como outros, apesar de não fazerem parte da estrutura federativa, são o cartão de visita do nosso surf para milhares de turistas. Como tal, vão merecer toda a nossa atenção e apoio, sem impormos obrigações desadequadas à sua realidade, mas tendo consciência que precisamos de controlar e limitar esta atividade, que tem vindo a crescer desregradamente em muitos locais da nossa costa.

     

     

     

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