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- Saca elogiou as ondas de Carcavelos, que vão receber novamente a prova.
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São já um par de anos sem competir profissionalmente. Com a “reforma” surgiram algumas lesões delicadas, que têm tirado Tiago Pires da água e da sua melhor forma. Contudo, o primeiro surfista português a chegar à elite do surf mundial recusa perder o apetito pelas ondas de qualidade. O Capítulo Perfeito vai ser o palco do regresso de Saca à competição e, embora admita não estar a 100 por cento, mostra toda a motivação para dar espetáculo nas ondas de Carcavelos.
Apesar de admitir que nos últimos tempos tem treinado mais “a mudança de fraldas do que tubos”, Tiago Pires classifica-se como um surfista “nato, que vive e se alimenta de tubos”. Algo que, juntamente ao seu historial, fazem dele um dos grandes favoritos na votação para entrar no Capítulo Perfeito 2022, mas também para vencer a prova, caso lá chegue.
Nunca é demais recordar que há 10 anos, foi ele o primeiro surfista a sagrar-se vencedor deste evento especial de tubos. Uma manobra com a qual Saca tem uma relação muito especial, como descreveu ao Beachcam, à margem da conferência de imprensa de apresentação do evento que se vai realizar mais uma vez em Carcavelos.
Beachcam - Tens vindo a ser afetado por problemas físicos num joelho. Já estás recuperado a 100 por cento?
Tiago Pires - Os últimos três anos foram bastante conturbados. Desde 2018 que contraí uma lesão num joelho, o que já me obrigou a duas intervenções cirúrgicas. Penso que, agora, estou a chegar a um momento em que considero que estou apto a surfar. Fisicamente ainda não estou bem, pois acabei por perder bastante ritmo. Entretanto, também fui novamente pai. Hoje em dia, o meu contexto de vida não está orientado exclusivamente para o desporto. Porém, quando o assunto é tubos fala-se de uma técnica muito especial. A técnica de entubar é algo que nunca irei esquecer. Basicamente, este é o único estilo de surf que procuro. Já não procuro fazer sessões de manobras. O movimento do tubo acho que não pesará tanto em termos físicos. É só dropar uma onda pesada e conseguir agarrar uma linha. Isso acaba por aliciar-me a estar presente. Se fosse um campeonato de manobras, provavelmente não estaria apto a competir.
Beachcam - Estás numa outra fase da tua vida. Ainda assim, vais olhar para o campeonato com aquele instinto de competidor nato ou será mais numa toada de desfrutar do ambiente?
Tiago Pires - É uma questão curiosa. Em 2020, não me senti muito ligado à competição. Foi um dia difícil em termos das condições do mar. Acabou por haver heats em que estivemos muito tempo a remar contra a corrente e a tentar encontrar ondas. Cada ano é um ano, todos os dias são diferentes. Sei que a técnica e a vontade estão lá, portanto acho que vou apresentar-me em boas condições.
Beachcam - O que significa para ti a onda de Carcavelos?
Tiago Pires - É uma onda mítica e com muita história no universo do surf. Ao longo da minha carreira, obtive grandes resultados e performances em Carcavelos. Trata-se de uma praia na qual sinto-me muito bem. Esta é uma onda com bastante força e buracosa. Vivo para este tipo de ondas. É sempre um prazer surfar em Carcavelos e ter a praia cheia a vibrar com os surfistas. É uma espécie de um mini-anfiteatro, onde se sente bem a presença da comunidade do surf na praia, o que torna tudo muito bonito.
Beachcam - Atualmente, como é que olhas para o tubo no contexto do surf? Achas que é uma manobra menos procurada, uma vez que os surfistas estão cada vez mais versáteis?
Tiago Pires - O tubo será sempre a manobra rainha e a mais respeitada do surf. Nenhum surfista será respeitado se não souber fazer tubos, enquanto outras manobras podemos passar bem sem elas. Um surfista será sempre criticado se não for bom a fazer tubos. Portanto, os tubos acabam por ser a parte mais mágica e intensa do surf, onde é preciso um maior compromisso.
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FotografiaHélio António/Capítulo Perfeito
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FonteRedação
