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- Foi uma verdadeira montanha-russa de emoções fortes aquela que o surfista costarriquenho viveu no segundo semestre de 2021. Da desilusão profunda à euforia total de cumprir de um sonho. É assim o microcosmos do desporto e a vida.
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No último verão, o surf fez a sua estreia no maior evento desportivo do mundo. Os Jogos Olímpicos. Para Tóquio'2020 qualificaram-se 40 surfistas (20 homens + 20 mulheres). Um lote para o qual apurou-se com distinção o nosso Frederico Morais.
Só que em vésperas da partida de Lisboa para Tóquio, Kikas ficou retido em Portugal. O motivo? Fácil de adivinhar. O surfista de 29 anos foi infetado com o novo coronavírus. A notícia caiu quem nem uma bomba no dia em que realizou-se a cerimónia de abertura dos Jogos da 32ª Olimpíada e originou um imbróglio à Associação Internacional de Surf (ISA).
É que a 48 horas da ida para a água da primeira prova olímpica de surf da história, o elenco masculino estava coxo. De acordo com a lista de alternates divulgada pela ISA meses antes da prova, o italiano Angelo Bonomelli estava pré-designado como substituto de Frederico Morais. No entanto, dado o pouco tempo que tinha para aterrar no país do sol nascente, o surfista transalpino não conseguiu contornar toda a burocracia em tempos de pandemia, o gerou grande revolta em Bonomelli, pelo que a sua vaga passou para Carlos Muñoz, por convite da entidade presidida por Fernando Aguerre.
Porém, apesar de todos os esforços para chegar em tempo recorde a Tsurigasaki Beach a fim de competir no seu heat, a verdade é que Carlitos não completou com sucesso este contrarrelógio. Chegou fora de horas ao destino e com isso caiu por terra as esperanças de Muñoz participar neste momento histórico e único na carreira de um atleta, seja lá qual for o desporto. Simultaneamente, a Costa Rica ficou privada de um representante no setor masculino. O país cujo lema é Pura Vida ficou-se apenas pelo feminino, onde também houve muito para contar em relação à dramática forma como Leilani McGonagle foi eliminada.
Foi assim com esta enorme frustração que Carlos Munoz teve de fazer um reset à cabeça, reagrupar e cerrar fileiras para a próxima batalha. A Challenger Series, circuito onde estava em jogo a qualificação para o Championship Tour (CT) de 2022.
A abrir esta aventura caiu uma eliminação precoce na sempre complicada onda de Huntington Beach, na Califórnia. Depois, o costarriquenho viajou para o Velho Continente e aí mostrou a sua melhor versão ao conseguir dois resultados muito fortes em Ribeira d'Ilhas e Hossegor, mais concretamente dois quintos lugares.
E eis que Muñoz chegou ao North Shore da ilha havaiana de Oahu bem posicionado e com excelentes probabilidades de conseguir uma histórica qualificação para o CT. Para si e para a Costa Rica. Em Haleiwa, o surfista com aparência a fazer lembrar o icónico Rob Machado não se deu nada bem, talvez acusando em demasia a pressão inerente à responsabilidade do momento. Perdeu de primeira num heat no qual cometeu uma interferência. Um verdadeiro pesadelo aquele que foi vivido na meia-hora em que esteve no mar de Haleiwa com a licra de competição vestida.
Nos dias seguintes, Carlos Muñoz ficou de calculadora na mão e com o seu destino entregue aquilo que os oponentes fossem fazendo no tradicional campeonato havaiano. A ansiedade era muita a cada heat realizado. Sofreu a bom sofrer, mas no último dia de campeonato, com a eliminação do australiano Kalani Ball nas meias-finais, chegou a notícia pela qual Carlitos desejava e tanto lutou. Assegurou a qualificação para o CT 2022 via Challenger Series. Ocupou a última vaga entre os 12 atletas que carimbaram o passaporte para a divisão máxima do surf mundial. Foram apenas 350 pontos de distância para o surfista que ficou imediatamente atrás de si na tabela classificativa, o australiano Jordan Lawler.
Um momento singular na história do surf da Costa Rica e da América Central, pois esta é a primeira vez que tal região do globo irá ter um surfista no CT masculino. Do lado feminino, as notícias também foram ótimas para o surf costarriquenho com a requalificação de Brisa Hennessy, uma das principais protagonistas desta edição inaugural da Challenger Series.
"Mal consigo acreditar no que aconteceu. Agradeço a todos os que acreditaram em mim, apoiaram-me e fizeram esta caminhada ao meu lado. Tem sido uma grande aprendizagem. Obrigado a todos", disse um hiper mega contente Carlos Muñoz ao sítio oficial de internet da World Surf League. E não é para menos, tal a grandeza do feito que protagonizou.
Foi uma verdadeira montanha-russa de emoções fortes aquela que este surfista viveu no segundo semestre de 2021. Da desilusão profunda à euforia total de cumprir um sonho. É assim o microcosmos do desporto e a própria vida.
Carlos Muñoz tem o seu nome gravado para todo o sempre na história do surf costarriquenho e agora vai desfrutar, pelo menos durante um ano, de surfar nas melhoras ondas do planeta inserido no comboio dos duros. A estreia gozando do prestigiante estatuto de surfista do CT está marcada para o final de janeiro na onda rainha do surf mundial, Pipeline. Havia melhor lugar para tal momento solene? Agarra que é tua, Carlitos!
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FotografiaWSL/Damien Poullenot
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FonteAlexandre Melo
