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- Kanoa Igarashi e Hiroto Ohhara superaram Murakami na corrida por uma vaga olímpica.
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O surf prepara-se para fazer a estreia olímpica em Tóquio e com um restrito lote de apenas 40 atletas – 20 homens e 20 mulheres – a poderem marcar presença nas olimpíadas japonesas, conseguir uma vaga não foi um processo nada fácil para os surfistas dos quatro cantos do Mundo que o tentaram. Se conseguir cumprir um dos requisitos para estar em Tóquio já era complicado, em virtude da feroz concorrência, consegui-lo por duas vezes é algo quase hercúleo. O japonês Shun Murakami fê-lo. Mas nem por isso conseguiu a tão sonhada vaga para os Jogos.
Murakami é o protagonista de uma das histórias mais frustrantes de todo o complexo processo de qualificação olímpico de surf. E tudo remonta há cerca de três anos, quando o top mundial Kanoa Igarashi decidiu passar a representar o Japão, país onde nasceu, na WSL, em prol dos Estados Unidos, país onde cresceu e se fez surfista. Com o Japão a ter assegurado uma vaga masculina e feminina via wildcard para os Jogos, o popular Kanoa sabia que ficava com a ida a Tóquio praticamente garantida.
Evitando, assim, uma grande luta com os surfistas norte-americanos, onde os havaianos também estavam incluídos, por apenas duas vagas, Igarashi libertou um grande peso de cima, optando por representar um país onde era uma verdadeira estrela em ascensão. Só que essa mudança acabou, agora, por ter repercussões em surfistas como Shun Murakami.
Já a competir pelo Japão em 2019, Igarashi assegurou uma das 10 vagas pelo ranking do circuito mundial da WSL nesse mesmo ano. O Japão ficava, assim, com apenas mais um lugar disponível na prova masculina para Tóquio. E já nem precisava do wildcard, uma vez que no Mundial ISA de 2019 Shun Murakami afirmou-se como o melhor asiático, carimbando mais uma vaga nipónica.
Só que essa vaga conquistada por Murakami não era a título pessoal, mas, sim, nacional. Dessa forma, o pequeno surfista do país do Sol Nascente teria de ir a El Salvador carimbar o bilhete para Tóquio. Para tal, precisava “apenas” que nenhum compatriota terminasse dentro dos lugares de qualificação e à sua frente, sendo que Kanoa Igarashi não entrava nestas contas, por estar qualificado pelo primeiro degrau hierárquico, o CT. Um pouco à semelhança do que aconteceu com Frederico Morais em El Salvador, que ficou oficialmente confirmado em Tóquio após a derrota de Miguel Blanco.
Foi assim, perante toda esta indecisão, que a ação em El Salvador foi avançando. Murakami mostrou que não cedia à pressão e foi superando ronda após ronda de forma imparável até atingir a final do quadro principal. Algo que o garantia já dentro do top 5 do Mundial ISA de 2021. O pequeno surfista nipónico conseguia, assim, a dupla qualificação, algo impensável, tendo em conta os mais de 50 países e 200 surfistas em prova.
O principal beneficiado deste feito de Murakami era o indonésio Rio Waida, que conseguia uma histórica vaga para o seu país. Waida foi o segundo melhor asiático no Mundial ISA de 2019 e beneficiou de Murakami ter libertado essa vaga com a prestação conseguida em El Salvador. Ponto final na história? Não, nada disso…
O facto de o Japão apenas ter uma vaga livre, em virtude da qualificação de Igarashi, veio trazer um suspense final a todo o processo de qualificação. Isto porque a seleção asiática ainda tinha Hiroto Ohhara em prova. E as contas eram simples: quem terminasse melhor posicionado em El Salvador ia a Tóquio. Com 39 vagas já decididas, incluindo todas as femininas, os dois surfistas nipónicos guardaram a decisão da vaga final para o último dia de prova em El Salvador.
Murakami até tinha vantagem para o dia final, porque ainda tinha uma “vida”, enquanto o compatriota já estava nas repescagens. Só que a sorte não o protegeu nos heats decisivos. Na final do quadro principal Murakami caiu para a final das repescagens, onde se encontrou com Ohhara. E aí foi Ohhara a levar a melhor, vencendo a bateria com 17 pontos. Murakami não conseguiu melhor que o quarto posto desse heat, dizendo adeus ao Mundial e ao sonho olímpico.
De forma algo improvável, Hiroto Ohhara conseguiu juntar-se a Kanoa Igarashi na equipa olímpica japonesa, terminando ainda no 4.º posto da geral deste Mundial, para infelicidade de Shun Murakami. A par dos peruanos Daniella Rosas e Lucca Mesinas, que garantiram postos de qualificação nos Pan-Americanos de 2019 e no Mundial ISA de 2021, Murakami foi um dos três surfistas a cumprir os requisitos olímpicos em duas ocasiões - excetuando os do CT. Contudo, feitas as contas de todo o complexo processo qualificativo, para ele, ao contrário da dupla peruana, não houve um lugar em Tóquio…
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FotografiaISA
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FonteRedação
