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- Selecionador nacional mantém ambição para Tóquio, de onde quer trazer uma medalha.
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Portugal partiu com muita ambição para El Salvador e trouxe do Mundial ISA um dos resultados mais históricos do surf nacional, com duas medalhas individuais, um terceiro lugar coletivo e ainda mais duas vagas olímpicas. Algo que o selecionador nacional David Raimundo considera um feito tremendo, não só para o surf português, mas para o desporto nacional no seu global.
“Sinto um orgulho enorme do que conseguimos alcançar. Antes do Mundial, nas entrevistas que concedi, sempre que me perguntavam se era possível qualificar mais um surfista para Tóquio'2020 disse sempre que iríamos tentar colocar mais três surfistas. Infelizmente, o Vasco Ribeiro ficou a uma ronda do sonho olímpico e Portugal de ter feito o pleno. Conseguimos qualificar a Yolanda Hopkins e a Teresa Bonvalot, o que é um feito gigante para o desporto português e o surf em particular”, começou por afirmar Raimundo, após a chegada da comitiva portuguesa a território luso.
Sobre os Jogos Olímpicos, que estão a menos de dois meses de distância, o timoneiro luso mantém a ambição para tentar voltar a fazer história. “Não vamos partir como favoritos, mas vamos lutar pelas medalhas até ao fim das nossas forças. Não sabemos se vamos poder voltar a estar nuns Jogos Olímpicos num futuro próximo, pois não sabemos se o surf vai continuar como disciplina olímpica. Neste momento, temos uma oportunidade e vamos fazer dela uma possibilidade para voltar a fazer história para Portugal. Temos três atletas, vamos tentar que um deles consiga lutar e alcançar uma medalha nos Jogos Olímpicos, apontou David Raimundo à imprensa presente no Aeroporto, antes de responder às perguntas colocadas diretamente pelo Beachcam.
Beachcam - Além dos apuramentos olímpicos, Portugal saiu de El Salvador com o terceiro lugar da classificação coletiva. Este foi um resultado que superou as expectativas?
David Raimundo - Este foi o campeonato mais difícil de gerir desde que sou selecionador, pois estávamos ali com um objetivo muito individual. Isto porque o atleta para conseguir a qualificação para os Jogos Olímpicos tinha de ser com a sua prestação individual. Por isso, foi ali um misto de emoções ao longo de toda a prova. Inicialmente, muito foco naquilo que era a prestação de cada surfista nas suas baterias e a partir do momento em que conseguimos a qualificação olímpica abriu-se uma janela de oportunidade de lutarmos por um lugar no top 3 do Mundial. A eliminação do Vasco hipotecou um pouco as hipóteses de atingir a primeira posição, pelo que ficámos ali na luta pelo segundo ou terceiro posto. Conseguimos o terceiro lugar, o que é uma prestação brilhante no Mundial ISA mais difícil de sempre. A esta classificação, Portugal conseguiu obter pela primeira vez duas medalhas individuais. É histórico.
B - Sente que estes três apuramentos para os Jogos Olímpicos são o culminar de todo um trabalho que o David tem vindo a desenvolver como selecionador desde 2013?
DR - Neste momento é o culminar daquilo que já era um sonho que tinha desde criança. Sonho esse que passava por estar nos Jogos Olímpicos. Não consegui como atleta e agora como treinador o sonho está prestes a realizar-se. Dentro de sete semanas, temos a oportunidade de mostrar ao mundo o quão forte é o surf de Portugal.
B - E depois dos Jogos Olímpicos, o que se segue?
DR - O meu contrato vai até ao fim do mandato da atual direção. Depois da participação olímpica há ainda coisas importantes a fazer. Temos pela frente o EuroSurf Júnior, que vai realizar-se em Santa Cruz. Só no final do ano é que iremos fazer um balanço. Agora, comprometo-me com aquilo que sempre fiz desde dezembro de 2013. Muita paixão, muito profissionalismo e como disse na altura em entrevista para a revista 'SurfPortugal', quero ser campeão do mundo ao serviço da Seleção Nacional de Surf. Já fomos três vezes vice-campeões do mundo, agora a medalha de bronze, várias medalhas pelo caminho, este é um objetivo que poderá estar em aberto se houver uma continuidade. Até lá, tudo não passa de futurologia. O foco agora está na preparação dos Jogos Olímpicos e, depois, no EuroSurf Júnior.
B - Desde o momento que entrou na Federação como selecionador até ao presente, sente que Portugal nos eventos internacionais é um país cada vez mais respeitado aos olhos das outras nações?
DR - Além-fronteiras, o surf português sempre foi respeitado. Seja com o Tiago Pires, que abriu as portas do WCT, depois com a chegada do Frederico Morais, o título mundial Júnior do Vasco Ribeiro, bem como o título europeu júnior por seleções. Porém, sempre nos faltou aquela consistência que outros países apresentam. Gradualmente vamos estando cada vez mais próximos da elite, pelo que nos dias de hoje os outros países já olham para nós como sendo uma ameaça. O surfista português (masculino e feminino) tem muita qualidade. É alguém que trabalha imenso e não é por acaso que tivemos os resultados recentes. O Vasco é o campeão europeu de 2021 da WSL, a Teresa Bonvalot venceu o QS da Caparica numa final 100% portuguesa com a Mafalda Lopes. E a própria Carolina Mendes foi terceira classificada nesse mesmo campeonato.
B - Enquanto responsável técnico de uma seleção, como é que o David olhou para o facto de alguns tops mundiais do CT terem abandonado abruptamente a prova?
DR - A partir do momento em que esses surfistas foram obrigados a competir existe um compromisso de honra e respeito. Não só pelos seus patrocinadores, colegas de profissão que estavam em luta pelas vagas olímpicas, mas acima de tudo pelo desporto e país que estão a representar. O que aconteceu é algo que envergonha o nosso desporto. Não gostei do que vi e não me revejo nessa maneira de estar no surf. Portugal tinha um atleta, no caso o Frederico Morais, que estava com um pé e meio dentro dos Jogos Olímpicos, mas nunca passou pela cabeça do Kikas deixar abruptamente a competição.
B - Durante o Mundial, vimos o David a ser algo crítico com a pontuação atribuída aos surfistas nos heats que ditaram as eliminações do Vasco Ribeiro e da Carolina Mendes. Acha que o modo de avaliação dos juízes nas provas debaixo da chancela da ISA tem de ser revisto?
DR - Em relação à arbitragem no Mundial não só eu como também os atletas e outros selecionadores tivemos dificuldades em compreender qual era a aplicação do critério de julgamento ao longo de toda a prova. Num dia avaliavam de uma maneira e no dia a seguir a avaliação já era diferente. Isso tem muito a ver com a composição dos painéis de juízes, que é mista. Uns teoricamente são formados pela ISA e outros estão habituados a fazer as provas da WSL. Não é que uns sejam melhores do que os outros. Só acho que tem de existir uma linha condutora mais realista e que esteja mais em consonância com aquilo que é praticado ao mais alto nível, isto é, o CT e o circuito WQS.
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FonteRedação
