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- Uma jornada de quatro dias na qual o experiente big rider português viveu um momento de pura conexão com o seu surf spot de eleição na ilha de São Miguel.
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Em Portugal, todos nós sabemos que o 'Santo Graal' das ondas grandes é a Nazaré. É na pesada onda fabricada no Canhão que, entre os meses de outubro/março, realizam-se sessões atrás de sessões à caça do recorde mundial da maior onda surfada, seja em termos masculinos ou femininos.
É também na Praia do Norte que anualmente decorre um prestigiado evento de ondas gigantes, desde o ano passado exclusivo à variante de tow-in.
Porém, no território nacional a Nazaré não é o único local que os big riders têm para surfar ondas grandes, apesar de ser nesta latitude que os destemidos atletas montam os seus 'acampamentos base'.
No meio do Oceano Atlântico, nos arquipélagos dos Açores e Madeira, existe todo um manancial à disposição dos surfistas. Spots mágicos, alguns ainda por desbravar, que completam a oferta de um país que tem a prática de surf bem enraizada.
Precisamente à caça de novos surf breaks é isso que volta e meia João de Macedo faz com as suas já famosas expedições, envolvidas no projeto 'EDP Mar Sem Fim' do qual é mentor. Estas são aventuras que têm como objetivo descobrir ondas com potencial para nomeações de prémios nacionais/internacionais e consequente capacidade para quem sabe um dia ocorrer nessas paragens um evento de surf.
"O nosso objetivo sempre foi o de apoiar o surf de ondas grandes nacional e essa até ao momento tem sido uma missão bem cumprida. Os prémios têm sido um sucesso e continuam a aparecer novos valores numa especialidade que não é muito massificada. As expedições fazem também um pouco parte disso. Aplicar todo o know-how adquirido com a Nazaré, nomeadamente ao nível da logística, noutros contextos. É, sem dúvida, um grande desafio", começa por dizer João de Macedo ao MEO Beachcam.
A mais recente destas expedições aconteceu na semana passada. Apesar do atual contexto pandémico e com todas as restrições de mobilidade inerentes, o trio João de Macedo, António Silva e Glyn Ovens, "no fundo a equipa que vai participar no Nazaré Tow Surfing Challenge", decidiu que "era necessário colocar as motos dentro de água" e fazer as coisas acontecerem.
O palco até acabou por não ser algo novo, "pois já há seis anos que é território de expedições". Falamos da ilha de São Miguel, nos Açores, mais concretamente na cidade da Ribeira Grande, zona de Santa Bárbara.
Foi nesta latitude que houve quatro dias de muita ação e ao qual ao trio acima mencionado juntaram-se Lucas Chumbo, Michelle des Bouillons, Ian Cosenza, Alemão de Maresias e o local Pedro Calado. Coadjuvados pelo indispensável conhecimento de quem conhece o terreno como a palma da sua mão, Marco Medeiros, chefe de segurança e operador de resgate das expedições no mar dos Açores.
O palco predilecto foi a esquerda do Pico da Viola, onde João de Macedo surfou um tubo incrível. "Uma bênção" nas suas palavras e que exibe na plenitude "todo o potencial que esta onda tem". O momento rapidamente tornou-se viral nas redes sociais e Macedo não esconde que é uma onda que poderá aceder às nomeações dos Big Wave Awards da World Surf League.
"Penso que tem o seu potencial e será incrível se for finalista nos Big Wave Awards. Claro que os tubos feitos em Jaws são mais compridos, mas a onda tem o seu tamanho. Para mim mais do que a hipotética nomeação o que fica é o facto de ter surfado a onda em Portugal, neste caso nos Açores, num local muito especial. É um sítio com um ambiente natural brutal. Estes destinos mais fora da caixa são algo que me motiva muito", confessa o antigo competidor no Mundial de Ondas Grandes.
Este foi um momento de pura conexão com o Oceano Atlântico e que foi feito em tow-in, até porque nesta onda a remada é só para quem já trata por tu o Pico da Viola. "No barco tínhamos as pranchas de remada, contávamos com a ajuda do Pedro Calado, mas o tow-in permite ter uma abordagem mais segura e conhecer melhor a onda para depois poder arriscar surfar a onda na remada. De início, não dá para enfrentar esta onda na remada. Rebentam ondas gigantes que varrem tudo e há muitas pedras soltas, trata-se de um sítio super intenso", garante o surfista de 43 anos.
Introduzido a este pico pelo emblemático Zé Seabra, o grande repercussor do Pico da Viola, Macedo ficou "encantado" desde a primeira hora com "este sítio mágico". "É o meu local de eleição" em São Miguel, mas não é o único com potencial.
O Baixio de Santana, onde Lucas Chumbo brilhou com um tubo, é também um "local lindo", sendo uma "onda que mais facilmente dá para partilhar com o grande público". Isto porque possui "muita segurança, bom acesso e fica situada em frente aos areais de Santa Bárbara, onde costuma realizar-se o evento do World Qualifying Series".
João de Macedo não tem dúvidas. "Estes dois picos são do melhor que há no mundo, pois quando estão a carburar proporcionam grandes ondas".
Concluída com sucesso mais uma expedição, o big rider português garante que apesar das muitas expedições já realizadas aos Açores há ainda muito por desbravar. "Já batemos muitos spots, mas há ainda muita coisa a explorar. O arquipélago é constituído por nove ilhas e há muito potencial. Às vezes no verão temos swells de sul, enquanto no inverno é mais a costa norte que costuma funcionar. O potencial é indiscutível e é uma emoção constatar tudo isso enquanto surfista".
E o que torna este destino tão especial, por exemplo, em comparação com a Madeira? "A natureza tem uma outra vida. O mar bate com mais força, os swells não são tão limpos, os ventos são mais fortes e as tempestades nascem ali perto. Os Açores são um sítio mais violento do que a Madeira, que também é uma ilha incrível", diz a voz da experiência.
Surfar ondas grandes já não é só sobreviver
João de Macedo é reconhecidamente um dos mais experientes big riders portugueses, dedicando-se há muito a uma hercúlea atividade, que constantemente desafia a natureza e cujo nível está cada vez mais elevado, conforme é possível ver pelas performances nas mais recentes ondulações gigantes.
"Não há limites. Tem sido incrível assistir à evolução da segurança, nomeadamente ao nível dos coletes e resgates, o que dá mais confiança aos atletas. No entanto, também as pranchas têm evoluido muito. Isso faz com que surfistas como Kai Lenny ou o Nic von Rupp queiram surfar as ondas e não apenas sobreviver. Eu próprio também penso dessa forma. Todo este trabalho dos atletas junto dos shapers aliado à evolução da segurança faz com que os surfistas fiquem mais focados na performance das ondas", explica.
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FotografiaRod Caetano
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FonteAlexandre Melo
