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  • Vasco Ramalheira, da prancha dividida na Costa Nova aos Jogos Olímpicos de Tóquio
    27 setembro 2020
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  • Após vários anos a desfrutar das ondas da região de Aveiro, em 1993, surgiu a oportunidade de encarar o surf de uma forma mais séria, fora de água.
  • Foi na Costa Nova que teve o primeiro contacto com o surf, nos idos anos de 80, graças a uma prancha que tinha sido comprada a um turista inglês e que dividia religiosamente com os amigos. Por lá se fez surfista. Cresceu, entrou no dirigismo e ajudou a criar um evento inovador e que tem ajudado a evidenciar o surf feminino. E por lá continua, com exceção das viagens que faz para levar a tecnologia aos campeonatos de surf. E uma das próximas viagens de Vasco Ramalheira será até Tóquio, para os Jogos Olímpicos, em 2021.

    Vasco é um dos maiores impulsionadores do surf em Aveiro, quer seja como vice-presidente da Assembleia Geral da Associação de Surf local ou como organizador do já tradicional evento exclusivamente feminino, que nos últimos 16 anos acontece na Costa Nova. Pelo meio ainda teve tempo para desenvolver com outras pessoas um sistema informático que se viria a revelar determinante para o surf de competição. É com a Refresh que Vasco Ramalheira anda de campeonato em campeonato a fornecer pontuações e um software de apoio ao julgamento a tempo e horas. E foi por um desses campeonatos, no Porto, que conversámos com um dos surfistas que conhece como ninguém uma das regiões menos exploradas da nossa costa.

    “Comecei a fazer surf aos 15 anos. Comprámos uma prancha a uns ingleses que estavam de férias na Costa Nova. A prancha nem shop tinha e nós não sabíamos sequer fazer surf. Passávamos horas no mar, à vez, sem fato. Tentávamos aprender com o erro e foi assim que o surf entrou na minha vida. Depois, mais tarde, fiz uma viagem ao Brasil e trouxe uma prancha de bodyboard. Entretanto, estava a estudar e a trabalhar e consegui comprar um fato isotérmico e comecei a ir ao mar com mais regularidade”, recorda-nos Vasco, de 52 anos.

    Após vários anos a desfrutar das ondas da região de Aveiro, em 1993, surgiu a oportunidade de encarar o surf de uma forma mais séria, fora de água. “A convite do Rui Félix integrei a Associação de Surf de Aveiro. Depois tirei o curso de juiz de surf e de treinador e acabei por fazer parte de algumas das direções da associação. Até que em 2004 surgiu a ideia de criar um evento exclusivamente feminino. Tinha estado num evento em França também exclusivamente feminino e inspirei-me nisso”, conta.

    “Falei com o Rui Félix, que na altura era o diretor técnico da Federação Europeia de Surf, e perguntámos se seria possível fazer uma prova feminina do circuito europeu de bodyboard e a resposta foi positiva. Depois falei com o Luís Ferreira, que na altura também estava na direção da Associação de Surf de Aveiro, e apresentámos o projeto, tendo todo o apoio para avançar com a ideia”, explica-nos Vasco Ramalheira. E foi assim que nasceu um dos eventos de ondas mais característicos da região Centro.

    É já mais de uma década a trabalhar em prol do surf feminino, o que vai ao encontro da brutal evolução demonstrada pelas melhores surfistas nacionais desde 2012 para cá. “O evento começou em 2005 só com bodyboard e no final dessa década tivemos pela primeira vez prova de surf, que conseguimos fazer com o apoio da Sumol. No primeiro ano tivemos cinco inscritas. No segundo ano dez… Este ano entre trials e prova principal tivemos 39 surfistas inscritas. Há muito mais competidoras hoje em dia e sentimos que fazemos parte dessa engrenagem do surf feminino nacional nos últimos anos. Mas esse é ainda mais um mérito das competidoras, dos pais que as apoiam, da ANS, que cria condições para que elas possam evoluir”, vinca.

    “Tem havido uma evolução também a nível regional. Já há algumas competidoras locais na Liga MEO Surf. Gostaríamos que as nossas surfistas chegassem longe, em primeiro lugar. Mas claro que ficaríamos muito satisfeitos se tivéssemos uma surfista no topo do surf mundial. Acompanhamos todo o percurso da Teresa, Yolanda, Camilla e Carol… e ficamos orgulhosos quando fazem resultados lá fora”, sublinha Vasco Ramalheira.

    Mas em 2020 a Miss Costa Nova Cup teve de enfrentar novos desafios, sobretudo devido à pandemia, Desde logo, a perda do naming sponsor. Ainda assim, nem por isso o evento deixou de ir para a água. “Este ano tivemos muitos desafios, mas o associativismo é feito disso e a Associação de Surf de Aveiro conseguiu superá-los de forma relativamente fácil. Todos os parceiros, como a ANS, A FPS, A Câmara Municipal de Ílhavo e a Capitania, em coordenação com a DGS, ajudaram-nos a ultrapassar esses detalhes e fazer a 16.ª edição do evento. Este ano, com a pandemia, os maiores patrocinadores decidiram resguardar-se, mas acabou por ser muito importante o apoio da Câmara Municipal e do Turismo do Centro de Portugal, mais os parceiros locais, que fizeram com que o evento tivesse o nome da própria terra”, afirma.

    “É curioso começar a perceber que a população da zona já marca férias a coincidir com a data do evento, uma vez que existem muitas atividades paralelas que permitem à população participar, como as experiências de surf gratuitas ou iniciativas ambientais, por exemplo. Isso faz com que exista um grande envolvimento da população, que é muito gratificante para nós”, ressalva Vasco.

    Sobre o futuro, Vasco Ramalheira garante que a prova está para durar. Deixa uma porta aberta à internacionalização, dependendo dos apoios que surgirem, mas rejeita a ideia de mudar o conceito original. “A abertura do evento a homens fugiria à originalidade do evento. Mesmo que criássemos um dia a prova masculina, a prioridade seria sempre dada à prova feminina. São elas que acabam por ter menos atenções, e por vezes entram nas condições mais fracas das provas. Ali elas é que gerem quando e em que condições querem entrar na água. Por isso, acredito que o figurino se irá manter assim. Uma possível internacionalização já não depende só de nós, uma vez que estamos numa região sem empresas grandes que apostem no surf para nos dar um volume de apoio suficiente para isso. Temos algumas dificuldades em chegar a essas empresas”, frisa.

    Mas nem só o evento mais feminino do surf nacional rouba as atenções a Vasco. O trabalho na Refresh, como já referido, leva-o a vários campeonatos de Norte a Sul, até que chegou a oportunidade de ir para o estrangeiro e, agora, Tóquio. “Entretanto, lá em Aveiro, juntei-me ao Rui Félix, Miguel Almeida, António Campos, Luís Ferreira e ao Orlando Duarte e começámos a desenvolver um sistema informático para campeonatos. O Rui Félix no final dos anos 80 esteve num campeonato em França em que o sistema informático era bastante rudimentar. Quando regressou tivemos uma reunião de direção da Associação de Surf de Aveiro e falámos sobre a possibilidade de fazer um sistema informático. Foi aí que falámos com o Miguel Almeida e com o António Campos, ambos engenheiros informáticos, de forma a dar vida a esse projeto”, precisou.

    “O projeto foi andando devagarinho no início. A primeira prova que fizemos foi o Mundial de Bodyboard em São Jacinto e depois começámos a fazer provas nacionais para a Federação Portuguesa de Surf. Foi aí que surgiu a possibilidade de fazermos provas para a ISA e a partir desse momento começámos a trabalhar mais afincadamente. Foi assim que nasceu a Refresh. Neste momento somos quatro pessoas a trabalhar no projeto, pois o António Campos e o Orlando Duarte já não estão na Refresh. O ano passado recebemos, então, essa confirmação de que o programa tinha sido validado para estar nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Já lá tivemos no ano passado num evento de teste e esperamos que tudo aponte para que em 2021 os Jogos se realizem mesmo”, desejou Vasco.

    Sobre o surf na região de Aveiro, Vasco garante que ainda está pouco explorado, embora isso também tenha as suas virtudes para quem é local “Penso que há muitas zonas em Portugal por explorar em termos de surf. Por exemplo, em São Jacinto, que fica em Aveiro, não há surfistas e tem um centro de alto rendimento. Ou vamos para lá nós ou vão surfistas do norte do país. Há vários casos assim, enquanto há outras zonas, como Carcavelos, Caparica, Peniche, Ericeira e mesmo o Porto que estão sobrelotadas de surfistas. Somos alguns surfistas ali pela Praia da Barra, Costa Nova e Vagueira e convivemos bem com o facto de não sermos muitos”, termina, com um sorriso à mistura.

     

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