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- Fevereiro é quase unânime, embora também apresente os seus contras...
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A mudança do MEO Rip Curl Pro Portugal de outubro para fevereiro foi uma das grandes novidades do novo calendário divulgado pela WSL para o WCT 2021. Uma mudança que faz com que a etapa de Peniche passe de penúltima para segunda do circuito, realizando-se numa altura do ano que deixa expectativas elevadas à organização do circuito mundial de surf. Fomos, por isso, falar com alguns dos locais mais assíduos e experientes de Supertubos para perceber se a mudança é benéfica.
Numa recente entrevista concedida ao site “Tribuna”, do Expresso, Francisco Spínola, líder da WSL EMEA (Europa, Média Oriente e África), falou pela primeira vez publicamente sobre esta mudança, garantindo que a mesma vai trazer, entre outras coisas, melhores ondas à etapa portuguesa. A confiança manifestada por Spínola vai ao encontro da opinião geral de vários dos locais de Supertubos, que não hesitam em escolher os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro como os melhores do ano no mais famoso beachbreak do oeste português.
“Fevereiro é bem melhor que outubro. Em termos de ondas e de direção de vento”, começa por atestar Jorge Cação, um dos mais experientes locais de Supertubos. A mesma ideia é passada por Guilherme Fonseca e pelo irmão Daniel Fonseca. “Para mim os melhores meses em Supertubos são dezembro, janeiro e fevereiro. Está sempre a entrar muito swell, com consistência”, afirma Gui, um dos guerreiros portugueses do WQS. “Se fosse eu a fazer um campeonato em Supertubos faria sempre em Janeiro ou Fevereiro. São os meses com mais swell, sobretudo de noroeste, que é a melhor direção para Superubos. Também há lestadas e nortadas, o que faz com que cerca de 70 por cento dos dias por essa altura tenham ondas boas”, acrescenta Daniel, campeão nacional de Bodyboard.
Apesar de a maioria ter uma opinião favorável em relação ao mês de fevereiro em Supertubos, considerando uma “boa ideia” a mudança de datas do campeonato, também há quem discorda das condições nesta época do ano. “Em Fevereiro há a possibilidade de estar um mês de vento sul, que não é nada bom para Supertubos”, ressalva Nuno Silva. “É muito fácil haver uma semana seguida sem ondas, o que pode ser arriscado para o futuro do campeonato. As recordações que tenho dessa época, que é junto ao Carnaval, é de vento sul e chuva. Depois há a limitação de os dias serem mais pequenos. Penso que podem estar a dar um tiro no pé ao mudar o campeonato para fevereiro”, frisa.
Jorge Cação, por exemplo, admite a presença de dias de vento sul, mas não tem dúvida em relação à consistência desses meses de inverno. “Penso que esta mudança foi uma boa ideia, mas só depois de aplicado na prática é que poderemos ver se resulta. Entre janeiro e fevereiro é a melhor altura do ano para quem gosta de surf. Penso que esta alteração tem tudo para dar certo e manter o campeonato em fevereiro para o futuro. Com uma janela de duas semanas, pode ser difícil acertar nos melhores dias, mas vai haver sempre surf. Por vezes, pode haver tempestade, mas grande parte dos dias o vento predominante é o norte”, assegura o professor de educação física.
“Fevereiro é uma época que combina as duas coisas que são precisas para Supertubos funcionar bem: swell e vento. Em outubro podes apanhar um ou dois dias bons, mas também podes apanhar vários dias seguidos de vente sul, com ondas de fraca qualidade. Se for aos meus registos de filmagens, o mês de fevereiro é dos que rende mais, com aquelas sessões de ondas clássicas. Em sete dias, consigo surfar seis dias”, atira Daniel Fonseca. As mesmas memórias são transmitidas pelo irmão, Guilherme. “Acho uma decisão muito boa, vão haver muito melhores ondas. Apanho muitos tubos nessa altura. É sempre aí que tenho as melhores filmagens e melhores ondas em Supertubos”, confessa.
Apesar de nos primeiros anos Supertubos ter proporcionado condições e campeonatos memoráveis, a verdade é que num passado recente o mesmo já não tem acontecido. Longe vão aqueles três dias perfeitos de 2011 que permitiram realizar o campeonato mais rápido de sempre da WSL e um dos mais espetaculares. “Nos últimos anos nota-se um atrasar das ondas. Há muito tempo apanhávamos ondas boas em agosto, nas chamadas marés vivas. Depois passou para setembro. Quando o campeonato começou ainda havia ondas boas em outubro, mas nos últimos anos já nem em outubro isso acontece. As ondas boas têm vindo em dezembro, prolongando-se depois até janeiro, fevereiro e, às vezes, março. A minha ideia é que cada vez há ondulações mais fortes, mas num período de tempo mais curto”, aponta Jorge Cação.
“Em outubro é sempre muito arriscado e não há assim tanta abundância de swell grande. Fevereiro é mais frio, mas em termos de ondas boas e grandes tubos a probabilidade de acontecer é maior. Aquilo que aconteceu em 2011, com três dias seguidos perfeitos de campeonato, foi quase um milagre. Em outubro aquilo não costuma acontecer, assim tão grande, perfeito e consistente. Esse tipo de dias seguidos a bombar acontece mais em janeiro e fevereiro”, argumenta Guilherme Fonseca.
A quase unanimidade de fevereiro não significa que essa opção apenas acarreta prós, pois também existem alguns contras. O frio e os dias curtos são os mais apontados. “O único problema que há nessa altura é o facto de os dias serem pequenos e com algum frio, embora seja frequente apanhar dias de céu limpo, em que perto da hora de almoço se está bem só de t-shirt”, afirma Daniel Fonseca.
“Vai haver mais frio, é certo. Mas a ideia de criar uma nova sazonalidade no turismo pode funcionar. Deixa de haver um período de verão tão longo, até outubro, mas poderá haver a oportunidade de trazer turismo noutra época do ano”, destaca Jorge Cação, indo ao encontro de uma ideia igualmente revelada por Francisco Spínola. Neste ponto, Nuno Silva também está de acordo. “Em relação ao turismo, as pessoas podem ver o potencial daquela altura do ano. Em outubro o clima é mais convidativo e embora Supertubos não seja tão consistente, há sempre surf na Península. Mas em fevereiro, os turistas do Norte da Europa poderão comprovar que o nosso inverno é outra realidade em relação ao deles”, sintetiza.
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Fotografiawsl
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FonteRedação
