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  • 10 notas sobre o Allianz Ericeira Pro
    06 julho 2020
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  • Esta foi uma etapa que serviu para revolucionar de certa forma o panorama atual do surf nacional.
  • O Allianz Ericeira Pro ofereceu muita emoção aos fãs do surf nacional e coroou Afonso Antunes e Carolina Mendes como os vencedores da segunda etapa da Liga MEO Surf 2020. Apesar do desfecho poder representar alguma surpresa para os mais despercebidos a verdade é que ambos surfaram muito e acabaram por subir ao mais alto do pódio.

    Mas, antes do pódio final, houve muitas histórias, muita emoção e até alguns pormenores que podem ter fugido aos olhares mais atentes. Esta foi uma etapa que serviu para revolucionar de certa forma o panorama atual do surf nacional, com os mais jovens a surgirem cada vez mais crescidos a questionar a ordem natural das coisas e com as performances femininas com um nível cada vez mais alto.

    Eis 10 notas sobre o que se passou nos últimos três dias em Ribeira d’Ilhas:

    Ribeira d’Ilhas nunca desilude

    Esta é uma das frases mais ouvidas por todo o lado, quer seja no campeonato ou em casa. É verdade que em termos de condições não foi o mais inesquecível dos campeonatos, mas em Ribeira há sempre ondas para fazer a festa. E com a presença dos melhores surfistas nacionais tudo fica mais fácil de gerir, pois muitos têm o dom de transformar ondas más em pontuações altas. É por isso mesmo que Ribeira d’Ilhas a mais icónica sala de espetáculos natural do surf português. Um campeonato ali pode não correr na perfeição, mas nunca é uma desilusão. Além de que há poucas experiências tão ricas como assistir ao campeonato à esquerda da praia, na zona das rochas…

    Miguel Blanco, um campeão de todo o direito

    Nos dois últimos anos Miguel Blanco foi o melhor surfista da Liga MEO Surf e, por isso, levou o caneco para casa duas vezes. A “partida” de Frederico Morais para o circuito mundial e a baixa de forma de outros tops pode ter dado a sensação a alguns que o nível dentro de água regrediu nos últimos dois anos. Mas Blanco provou na Ericeira – e já o tinha feito na Figueira -, que é um campeão por direito próprio, que não tem de provar nada a ninguém. O surf que está a apresentar e o triunfo sobre Frederico Morais comprovam isso mesmo.

    Um competidor de excelência

    Para quem vê de fora e não está tão familiarizado com o fator incerteza que a natureza oferece, pode ter a sensação que à partida para estas etapas a vitória já está entregue a Frederico Morais. Só que depois entra a natureza em jogo. A derrota de Kikas nas meias-finais foi uma das maiores surpresas do evento. Mas é algo perfeitamente normal, sobretudo tendo em conta que as ondas escassearam nesse heat. Contudo, Frederico mostrou vários pormenores que fazem dele um surfista de topo. Pode não parecer, mas esta foto é mesmo deste evento. Uma esquerda em Ribeira pode não parecer natural, mas a verdade é que Kikas chegou a vencer um heat graças a duas esquerdas. Quando a natureza não ajuda há que improvisar. Kikas foi mais para o inside e fez pela vida. É nesses pormenores que se vê a grandeza competitiva do surfista de Cascais.  

    Deitar cedo e cedo erguer…

    De fora poucos podem saber, mas entre os surfistas e as pessoas ligadas aos campeonatos todos brincam e enaltecem o facto de Yolanda Hopkins ser sempre, sem exceção, a primeira surfista a entrar na água. Muitas vezes fá-lo ainda de noite. No último dia do campeonato, Gony Zubuzarreta decidiu brincar com essa situação, garantindo que, desta vez, tinha sido ele o primeiro. Gony chegou a Ribeira às 5h22 da manhã. Com a noite ainda posta. O que ele não sabia é que a essa hora já Yolanda estava na água. É assim que se evolui. Foi assim que Yolanda chegou ao título nacional no ano passado. É assim que este furacão algarvio vai ultrapassando barreiras que poucos – só mesmo ela e o seu treinador – julgavam ser alcançáveis. E é assim que também tem contribuído e muito para que as rivais “acordem”. É que para bater Yolanda é preciso elevaram muito o nível, tal como se viu no dia final. (Isto para não falar no nível de compromisso, como aconteceu na onda em que praticamente varreu as pedras sem nada a temer).

    A revolta de Teresa

    Seguindo o raciocino anterior, o sucesso recente de Yolanda Hopkins teve o dom de despertar a melhor surfista que há em Teresa Bonvalot. Na Figueira e em Cascais a surfista de Cascais voltou ter performances de elevado recorte técnico. Foi a surfar assim que se tornou num dos maiores fenómenos do surf nacional. Apesar da derrota frente a Yolanda nas meias-finais, depois de ter feito uma das melhores manobras que há memória em provas femininas da Liga MEO, Teresa ficou bastante chateada com o julgamento. Já todos sabemos que a forma de avaliar competições de surf é subjetiva e, por vezes, a balança não pende para o nosso lado. Tal como muitas vezes já pendeu para o lado de Teresa. A jovem surfista, de 20 anos, pode ter ficado chateada com o resultado e com o facto de não ter vencido mais uma etapa – todos sabemos como ela adora vencer. Contudo, não tem de ficar chateada com a sua performance, pois o surf que tem mostrado pode levá-la a voos mais altos.

    Mudança de nome e também de surf

    Carolina Mendes regressou aos triunfos mais de um ano depois. O último tinha sido ainda como Carol Henrique. A mudança de nome apanhou muitos de surpresa, mas deveu-se apenas a questões burocráticas. A verdade é que depois de uma temporada de 2019 algo apagada, Carol regressou mais forte que nunca e a querer disputar o pódio com as favoritas. À partida para todas as etapas todos pensam que vai ser uma questão a decidir entre Teresa Bonvalot e Yolanda Hopkins. Mas Carol já leva duas finais. Na Figueira foi por pouco que não venceu. Na Ericeira viveu a história ao contrário e virou a bateria nos últimos segundos. Mas o mais impressionante foi a forma como surfou nas meias-finais, fazendo o melhor score do campeonato, com um 9,50 pelo meio e descartando ainda uma nota na casa dos 7 pontos. É um regresso de saudar ao lugar mais alto do pódio. O melhor elogio que se pode dar a Carol é apelidar este triunfo de justíssimo, sobretudo quando tem duas adversárias numa forma tão impressionante.

    Perloiro à espreita

    Um dos surfistas que tem apresentado o melhor surf neste regresso é, sem dúvida, Luís Perloiro. Ultrapassada a lesão grave que sofreu e as inseguranças naturais dos surfistas que chegam à idade adulta, Perloiro está a impressionar pelas performances que tem tido nestes dois campeonatos, com um surf bem afiado e power e sempre a fazer algumas das notas mais altas do campeonato. Apesar de ter ficado duas vezes pelos quartos-de-final, curiosamente eliminado em ambas por Afonso Antunes, a verdade é que Lula está a mostrar que nas próximas vezes poderá ser ele a chegar ao lugar mais alto do pódio. E isso só será uma surpresa para que não tem visto a sua evolução constante nas etapas. Nesta etapa foi o surfista que colocou mais dificuldades a Afonso Antunes na fase man-on-man e foi por pouco que não fez com que o desfecho desta prova fosse diferente.

    O local e os seus discípulos

    Tiago Pires no passado e Tomás Fernandes no presente são invariavelmente descritos como os locais de Ribeira d’Ilhas, praia onde tantos sucessos já conseguiram para as respetivas carreiras. Contudo, há outros que, embora não tenham atingido esse nível de sucesso, estão tanto ou mais ligados ainda a esta onda. Henrique Pyrrait é um desses casos. Foi ali que aprendeu a surfar, foi ali que cresceu e é ali a sua segunda casa e onde dá aulas de surf. Dessa forma, poucos conhecem as direitas de Ribeira como ele. Sobretudo em condições mais difíceis, como as que se viram no campeonato. É que Neco deve ter mais horas de surf ali nos últimos anos do que todos os outros surfistas da Liga juntos. A sua caminhada quase imbatível rumo às meias-finais, deixando pelo caminho nomes como… Tiago Pires e Tomás Fernandes, foi uma das histórias laterais mais bonitas deste campeonato. E ver os seus pupilos a correr atrás dele heat após heat foi ainda mais delicioso. Neco foi só o expoente máximo da bela prestação dos “meninos de Ribeira” ao longo de todo o campeonato.

    Os nomes já não vencem heats

    Vasco Ribeiro vai no segundo campeonato seguido sem chegar à fase man-on-man. Desde a Ericeira no ano passado, logo na etapa inaugural, que não chega a uma final na Liga MEO Surf. E desde Sintra, em 2018, que não vence uma etapa. Não parece que estamos a falar de um dos surfistas mais letais que o surf nacional já viu e de um dos maiores triunfadores, que está agora a atravessar uma idade crucial. Todos anseiam pela retoma do surfista da Poça, pois ninguém duvida que faz imensa falta ao surf nacional e à Liga MEO ter Vasco de regresso à sua melhor forma. Esperamos que estes dados e esta sequência negativa sejam deitados ao lixo já na próxima etapa, na Praia Grande. O mesmo para Francisco Alves, que soma duas derrotas seguidas na ronda inaugural. Apesar de Xico levar (quase) tudo para a brincadeira e de ser claramente o campeão das etapas nas redes sociais, todos, inclusivamente o próprio surfista da Caparica, desejam que esta fase seja rapidamente ultrapassada. É que ninguém duvida que ambos têm surf para muito, muito mais. À parte disso, estas eliminações surpreendentes também vieram provar que nesta Liga MEO Surf, onde os jovens se estão a afirmar cada vez mais, os nomes já não vencem heats. Nem sequer na primeira ronda.

    Um predestinado a cumprir o destino

    Desde os 10 anos que uma comunidade em peso antevê uma carreira de sucesso para o sucessor de João Antunes. Desde cedo começaram a elogiar a linha do surf do pequeno Afonso. Entretanto, sobressaiu a técnico. Depois vieram os resultados precoces. Depois de já ter conseguido vários sucessos internacionais, Afonso fez história na Liga. Além do surf que já apresenta aos 16 anos, conseguindo medir forças e estar ao nível de homens, o que mais impressionou foi a eficiência competitiva de Afonso. Sofreu antes da fase man-on-man, mas depois foi em crescendo até ao lugar mais alto do pódio. É a receita ideal para vencer. Tornou-se no segundo mais jovem de sempre a vencer uma etapa, apenas superado pelos 14 anos de Vasco Ribeiro, em 2009, em São Pedro do Estoril. Afonso lidera a nova geração do surf nacional e aquela que já mostrou estar a postos para a viragem da década. Os próximos recordes dependem apenas dele e das suas ambições e metas. Mas o futuro parece, claramente, risonho.

     

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  • Fotografia
    Jorge Matreno/ANSurfistas
  • Fonte
    Redação
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