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  • Paulo Rosa, o homem que poucos veem e conhecem, mas por quem todos chamam
    18 maio 2020
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    ANSurfistas
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    Redação
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  • Depois de um percurso literalmente bottom to the top, como mandam as regras do surf, Paulo Rosa lidera atualmente a equipa da Fire.
  • Já lá vão cerca de 20 anos desde que Paulo Rosa chegou ao surf. Não veio com uma prancha debaixo do braço, bem pelo contrário. Mas veio ajudar a que a modalidade chegasse até nós de uma forma mais efetiva, por exemplo. Está ligado desde sempre a eventos, à realização e produção, tanto a nível internacional como nacional. Resumindo, coloca campeonatos de pé, sendo parte determinante na logística dos mesmos. Ainda assim, apesar de toda a importância que foi tendo na evolução dos campeonatos de surf ao longo dos anos, Paulo Rosa é, muito provavelmente, um perfeito desconhecido para a grande maioria dos fãs do surf nacional.

    Mas é para isso mesmo que estamos aqui nós… para vos dar a conhecer um nome que está sempre behind the scenes. “O primeiro evento de surf que fiz foi um QS 6 estrelas, em 2001 ou 2002, na Ericeira, se a memória não me falha”, começa por contar Paulo Rosa, em conversa com o Beachcam, sobre aquele que na altura era o principal campeonato internacional a acontecer em Portugal. “Comecei graças a conhecimento de amigos. Era preciso uma pessoa para a produção e foi assim que tudo começou”, relembra. Como era rookie naquelas andanças, teve de apanhar aquela onda do set que sobra, porque ninguém a quer. “Quando se chegava a uma equipa de produção começava-se sempre por uma tarefa que ninguém queria, que era ser driver. Era o rapaz que podia estar 11 dias a trabalhar num evento na Ericeira, mas nesses 11 dias a única altura em que estava na Ericeira era quando ia dormir”, explica-nos.

    “Passava o dia a ir para Lisboa, para entregar cassetes de vídeo dos resumos, ainda em VHS, ou ir buscar pessoas, por exemplo. Passava o dia inteiro no carro a fazer serviços e chegava ao final do campeonato sem estar na praia. Lembro-me que nesse primeiro campeonato houve um dia em que, depois de fazer toda a estrada nacional desde Lisboa, uma vez que ainda não havia auto-estrada, chego a Ribeira d’Ilhas ainda bem de dia, por volta das 17 horas. E dizem-me que precisavam que fosse novamente a Lisboa…”, recorda Paulo Rosa, entre gargalhadas.

    A partir daí começou a progredir na carreira. No ano seguinte à estreia entrou na saudosa Alfarroba, mantendo-se por lá alguns anos. “A partir daí começou a ser apanágio, em Setembro, fazermos esse campeonato todos os anos. Ao mesmo tempo, pouco depois, começámos a ter o circuito nacional de surf com sete etapas e quatro ou cinco do Pro Júnior. Havia meses que era todos os fins-de-semana. Conseguimos juntar uns grupos giros de produção de eventos e quando era assim tentávamos aguentá-los, já com aquele ritmo de produção”, frisa.

    “O surf nunca foi um evento que pagasse bem, mas era fixe. Era na praia, ao ar livre, com muitos desafios… Acabava por ser engraçado”.

    “Tirei Ciências do Desporto e a minha vocação sempre foi virada para o desporto. Fui treinador de andebol e também fui instrutor de musculação. A verdade é que o que fazes na faculdade acaba por ser o que depois fazes cá fora. E na faculdade eu já fazia os eventos desportivos, assim como alguns não desportivos. Depois tentávamos escolher os eventos que pagavam bem, mas também os mais porreiros. O surf nunca foi um evento que pagasse bem, mas era fixe. Era na praia, ao ar livre, com muitos desafios… Acabava por ser engraçado. Começavas a ficar mais por dentro do desporto e em certa altura davas de caras com aqueles surfistas que vias nas revistas, como o Tom Curren, por exemplo. A determinada altura, a minha vida segue por eventos e o surf estava lá dentro”, admite Paulo Rosa.

    Até que no virar da década, surge a Fire, como consequência de todo este processo evolutivo. Apesar de tudo apontar para o fim da ligação ao surf, voltou ao local onde tudo começou para mais um campeonato épico, daqueles com lugar reservado na memória coletiva do surf nacional e internacional. “Estive muitos anos na Alfarroba e quando passei para a Fire pensei que o surf acabava ali, que tinha sido apenas uma passagem. Por mais engraçado que seja, a Quiksilver veio bater-nos à porta para fazer o Quiksilver Pro 2010 e 2011, na Ericeira. E a partir daí é um bicho que se ganha. Esse campeonato foi um marco na minha vida de produção de eventos, com condições incríveis. Houve um nível de envolvimento de streaming, com uma empresa irlandesa que já fazia o Quik Pro France, que ajudou a elevar os padrões para o futuro”, assegura.

    Facilmente, Paulo Rosa aponta o streaming como o busílis na evolução que se registou nos campeonatos de surf, não só em termos de transmissão, mas também em tudo o resto que foi despoletado por esse aumento de qualidade de imagem. “Foi a grande pedrada no charco e o grande exemplo para o resto do Mundo. No passado já fazíamos uma brincadeira com o Sapo, que nos dava essa possibilidade de transmitir os eventos, mas de uma forma muito simples, através de uma handy cam, que estava ligada diretamente à mesa do speaker. Mas depois houve o boom das transmissões, que passaram a ser televisivas”, aponta. “Houve outras coisas que evoluíram muito, como os sistemas de pontuações, as exigências técnicas dos juízes. Mas todas elas despoletadas pela transmissão. A partir do momento em que houve uma boa empresa a fazer boas transmissões de streaming, passou-se a ter replays, tudo. Foi uma bola de neve, que levou a uma grande alteração em tudo o resto”, defende Paulo Rosa.

    Depois de um percurso literalmente bottom to the top, como mandam as regras do surf, Paulo Rosa lidera atualmente a equipa da Fire que é o braço direito da Associação Nacional de Surfistas na organização da Liga MEO Surf. Se em casa poucos são aqueles que o conhecem, a verdade é que no terreno não há quem não precise da sua ajuda. Quer sejam os competidores, os juízes ou mesmo os jornalistas. Desde a complexa logística de um palanque, até à alimentação, ou mesmo colocar a buzina a funcionar e as prioridades em ordem, tudo passa pela coordenação do bodyboarder mais surfista das ondas nacionais.

     


    Paulo Rosa, o primeiro a contar da esquerda, na gala dos Portugal Surf Awards, em 2018, que também foi colocada de pé pela Fire. 

     

    “Um ano ou dois depois da Ericeira, a ANS falou connosco e apostámos no projeto da Liga, que foi um autocarro que chegou até aos dias de hoje. O processo da Liga MEO Surf está perfeitamente casado com a ANS. A ANS trata de todo o lado desportivo com a Federação. Tudo o resto, incluindo o processo de angariação de patrocínios, a definição das estruturas, a definição do evento, o licenciamento, todas as necessidades básicas que são precisas, desde a alimentação, às condições de trabalho e às estadias, é nossa responsabilidade. Sabemos o que os juízes precisam para fazer o trabalho e vamos à procura disso. Até o Beach Marshall e as prioridades fazem parte das nossas competências. No caso das prioridades, que é um algo específico com uma exigência elevada, tentamos formar uma pessoa para que seja sempre ela a ter essa função. A parte gráfica, de decoração e de produção de imagem também passa por nós. A parte desportiva está toda organizada, nós, por trás, só temos de montar o evento, só temos de fazer acontecer”, realça Paulo Rosa.

    Para colocar tudo a funcionar, Paulo Rosa conta com uma equipa de dezenas de elementos. Muitos deles são fãs das ondas. Mas não do mesmo tipo de prancha, o que origina constante brincadeira em tom de rivalidade saudável nas etapas. “Eu também fazia bodyboard e nas equipas de produção já há muito tempo que dizíamos que não queríamos ter surfistas a trabalhar connosco. Mas havia uma razão lógica para isso, não era por qualquer tipo de estereótipo ou competitividade entre os dois desportos. É que sempre que tínhamos um surfista na equipa, por exemplo, na Ericeira, ele queria era ver o campeonato e os heats. Nós temos um grande problema, que é vermos o campeonato poucas vezes, porque temos sempre preocupações a toda a hora. Embora isto seja na brincadeira, a primeira regra para os eventos era que não se podia levar pranchas de surf, porque ninguém vai conseguir fazer surf. Nem fazer surf, nem ver campeonatos”, brinca.

    Ainda assim, o raio de ação da Fire estende-se muito além do surf ou do desporto. “Costumamos dizer que fazemos surf ao fim-de-semana. O surf é um projeto de intenções para a Fire. Durante muito tempo tivemos uma estratégia de não aparecer. Sempre pecámos por não dizer o nosso trabalho. Estrategicamente, o surf é daqueles projetos que te põe no mapa. Temos duas áreas de intervenção, a dos eventos e as implementações dos produtos em pontos de venda. Quando vamos aos hipermercados e vemos aquelas publicidades das marcas, com provas e imagens dos produtos, somos nós que fazemos isso. Por outro lado, temos congressos, festas de natal, concertos, projetos com marcas de automóveis”, explica-nos.

    “Nesta fase, se um campeonato de surf acontecer é um sinal que estamos a caminhar para a normalidade”.

    Após ser parte integrante da evolução constante nos campeonatos de surf, a Fire já está a preparar-se para um novo paradigma no surf e na sociedade. Com a chegada do Covid-19 as etapas da Liga MEO Surf foram adiadas e se regressarem certamente que serão num contexto bem diferente. Paulo Rosa garante que o trabalho está a ser feito diariamente para conseguir fazer do surf um exemplo para a sociedade. “De dia para dia vamos vendo o que podemos fazer para o regresso das etapas. Já há várias modalidades que pararam. Mas acho que o surf pode dar um grande sinal à sociedade. Nesta fase, se um campeonato de surf acontecer é um sinal que estamos a caminhar para a normalidade”, assevera

    “A Fire está a preparar-se a ela própria para estes novos tempos. Estamos a tentar, de acordo com todas indicações, conseguir fazer os eventos. De dia para dia há novas informações, proibições, formas de fazer as coisas... O que queremos é que quando a Liga MEO Surf arrancar façamos tudo o que a DGS recomenda. A DGS e também o senso comum. Esse vai ser o nosso desafio. Não vamos adiantar medidas além das óbvias, que passa pelo uso de máscaras e utilização de álcool gel, porque cairia no erro de dizer uma coisa que hoje está certa e amanhã já não está. Até porque desta fase do desconfinamento até ao estarmos tranquilos numa etapa, ainda falta muito”, sublinha.

    Apesar de todo o trabalho logístico não permitir tempo para assistir aos campeonatos, Paulo Rosa ainda consegue encontrar algumas entreabertas para assistir aos seus ídolos. Sim, porque em quase duas décadas, já teve o privilégio de ver crescer alguns dos atuais nomes do surf nacional e também ver outros sair de cena. “Na atualidade, o Vasco Ribeiro e o Kikas [Frederico Morais] são os meus surfistas de predilecção. Vimos eles crescerem no Pro Júnior. Cada um com o seu estilo, o Kikas mais reservado, o Vasco mais divertido, sempre com muitas histórias pelo meio. Da malta mais antiga gosto muito do Grego [José Gregório], porque era um competidor tremendo. Podia falar também do Xaninho [Alexandre Ferreira] que, apesar de nunca ter sido campeão nacional, sempre transmitiu uma grande aura por onde passava”, aponta.

    Por fim, não hesita em apontar o heat mais memorável a que assistiu desde que é parte integrante do surf nacional, com um episódio caricato pelo meio. “Foi uma meia-final com o Grego, o Saca [Tiago Pires], o Justin Mujica e o Ruben Gonzalez em Supertubos, algures em 2005 ou 2006. O André Pedroso entrou no campeonato e fez o tubo mais comprido que alguma vez vi. Foi o último dia do campeonato e os Supertubos estavam a funcionar de forma perfeita. Toda a gente estava a filmar e a fotografar. O André Pedroso entrou num tubo muito longo e a meio todos pararam de filmar porque pensaram que era impossível sair. Mas ele saiu de forma incrível, com tudo a gritar na praia. Foi um 10 perfeito. No fim ele veio pedir-nos uma imagem, mas ninguém tinha captado o momento [risos]. Depois disso, aconteceu aquele super heat entre a nata da nata daquela época. Nunca mais me vou esquecer”, remata Paulo Rosa, o homem que pode parecer invisível, mas que está de braço dado com a história do surf nacional e que ajuda a que essa mesma história seja bem visível. Cada vez mais visível!

     

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