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- Não é preciso recuar muito no tempo para se encontrar o último exemplo de uma finalíssima a decidir o Tour...
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A WSL anunciou uma grande mudança estrutural no sistema que decide o título de campeão mundial. A partir do próximo ano, o campeão sairá de uma etapa final, onde quem vencer será o campeão. De pouco valerão pontos, rankings e as contas a que nos habituámos desde sempre. Dois surfistas vão chegar ao heat decisivo e quem vencer é campeão. Tão simples quanto isto.
Uma novidade que já fez correr muita tinta, entre elogio e críticas, como é habitual em qualquer medida disruptiva em qualquer área da sociedade. De um lado os que defendem o método tradicional, que premeia a regularidade e um ano inteiro de resultados. Do outro aqueles que realçam a emoção e espetáculo que uma emoção destas irá trazer.
A verdade é que esta medida evita que, por exemplo, o título se decida antes do tempo, tirando depois toda a emoção à etapa de Pipe, como aconteceu, por exemplo, em 2016, quando John John Florence carimbou o título em Peniche, de forma antecipada. Outra grande consequência é o facto de o título poder passar a ser decidido mais vezes numa “negra” entre os dois melhores surfistas, quiçá grandes rivais.
Isto é algo que nos transporta para o passado. Até porque a WSL conta com alguns exemplos de títulos mundiais que só foram decididos no último heat do ano. Mesmo depois de 11 etapas, de inúmeros heats e de centenas de pontos. A decisão ficou para o heat final do Pipe Masters numa versão do quem vencer é campeão.
Não é preciso recuar muito no tempo para se encontrar o último exemplo desses. No ano passado Italo Ferreira foi campeão mundial depois de bater Medina na final em Pipe. Se Medina tivesse vencido a final era ele o campeão. Foi “mata-mata”, como dizem os brasileiros, e a verdade é que foi dos desfechos mais emotivos dos últimos tempos, a par daqueles que também tiveram perto de ver essas “negras” acontecer.
Talvez essa disputa entre Italo e Medina só não tenha sido mais reputada por se tratarem de dois surfistas brasileiros, para tristeza do batalhão anglo-saxónico. Certamente que uma finalíssima entre John John e Medina, para apimentar ainda mais a rivalidade entre ambos, teria outro tipo de impacto, mas é isso mesmo que esta nova medida vem procurar.
É preciso recuar mais 16 anos para encontrar a penúltima “negra” no circuito mundial. Foi em 2003, em pleno apogeu do surf como desporto, muito por culpa da maior rivalidade que este desporto já viu. Kelly Slater e Andy Irons frente a frente em Pipe, na casa de Andy onde Slater é rei. O havaiano acabou por levar a melhor, numa final que ficou para a história. E ficou para a história por isso mesmo, por ter sido uma finalíssima entre dois grandes rivais. Mais uma vez frisamos que essa isso mesmo que a WSL está à procura.
São estes os dois maiores exemplos que jogam a favor desta mudança. E outros tantos ficaram à beira de acontecer. Como em 2012, quando todos foram surpreendidos pelo anti-herói Josh Kerr. Joel Parkinson chegou a Pipe na frente do ranking, mas Kelly Slater estava logo ali na curva a mirar o 12.º título mundial. Ambos foram avançando firmemente e em perspetiva estava uma final entre os dois. Quem ganhasse era campeão mundial.
Todos acreditavam no título do implacável KS, sobretudo tento como rival um surfista conhecido por ser o pé frio do Tour, depois de vários “quase títulos”. Só que a história nesse ano não jogou a favor do rei, que perdeu incrivelmente para o darkhorse Josh Kerr, que nessa manhã já tinha sido hospitalizado depois de um wipeout e que na ronda anterior tinha batido Yadin Nicol nos últimos 10 segundos, garantindo a continuidade no Tour a Tiago Pires.
Foi assim que Parko foi campeão e conquistou o único título da carreira, com muitos nervos e alívio à mistura, depois de uma derrota de Slater – que nunca mais conseguiu esse 12.º título - nas meias-finais em que poucos apostavam. A final acabou por ser ganha por Joel Parkinson, mas disso poucos se lembram. É também por isso, e por tudo o resto que já foi dito, que esta alteração vem trazer um novo sentido e emoção ao título mundial de surf.
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Fotografiawsl
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FonteRedação
