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- Nuno Vitorino, um dos três representantes nacionais, também lamentou a forma de atuar da ISA, dizendo que esta "portou-se mal".
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Foi com grande surpresa que a Seleção Nacional acabou por não competir no Mundial, que se disputou na semana passada na Califórnia. Horas antes dos atletas portugueses entrarem na água para a estreia, a Federação Portuguesa de Surf decidiu que, perante a escalada global do coronavírus, aliada ao anúncio de que Trump ia fechar as fronteiras norte-americanas, o melhor seria não colocar os atletas em risco, optando por uma retirada estratégica e um regresso imediato a Portugal. Já em Portugal, e de quarentena, FPS e atletas criticam a forma como a ISA não agiu perante este problema global.
João Aranha, presidente da FPS, afirma que nada foi feito por parte da entidade organizadora do evento, acusando mesmo a ISA de “irresponsabilidade” ao ter continuado o campeonato, mesmo com mais seleções a se terem recusado a competir, como foi o caso da Itália – ainda assim, a prova seguiu e foi a Espanha a conquistar o título mundial. Já Nuno Vitorino, um dos atletas da Seleção Nacional, fala numa prova desvirtuada, corroborando as críticas à ISA.
“Mais uma vez, a ISA demonstrou uma total incapacidade de ajudar as seleções nacionais”, começou por apontar João Aranha. “Nada fez. Não houve qualquer tipo de apoio, nem a nível de contactos com as autoridades nem sequer ao nível de contactos com companhias aéreas. Ainda por cima a prova decorria perto da sede da ISA, no país onde trabalham diariamente, não era num local remoto qualquer. A única resposta que recebi foi: ‘se abandonarem, compreendemos perfeitamente’. Não precisamos da compreensão para nada, precisávamos era de apoio e esse foi zero. Nem sequer consideraram devolver o valor das inscrições. Além disso, continuar a prova foi, na minha opinião, uma irresponsabilidade considerando o panorama mundial”, atirou o líder federativo.
Após inteirar-se diariamente da evolução que o vírus estava a ter a nível mundial e de ter percebido que os Estados Unidos iam fechar as fronteiras, Aranha não quis arriscar em ficar no país. Uma decisão tomada em conjunto e que teve o apoio dos atletas. “O presidente dos EUA anunciou o fecho de fronteiras e no contacto com as companhias aéreas vi que não havia qualquer garantia e que seria arriscado. Reunimos com a equipa e dei-lhes a conhecer o cenário sendo que, pela minha experiência em cenários de emergência, a minha decisão seria de retirar sem arriscar. Toda a equipa foi solidária e da mesma opinião. As medalhas podiam esperar, as vidas não”, frisou.
“Fui analisando a situação relativa ao Covid19 diariamente. Mantive o contacto com Portugal de forma a entender o que as nossas autoridades poderiam fazer para nos ajudar, caso o pior acontecesse e o regresso ficasse comprometido. Apesar de sempre disponíveis, tanto a Secretaria de Estado como o IPDJ, nos informaram que se houvesse problemas era impossível ir lá retirar a equipa e iríamos ficar por nossa conta. No terreno o Cônsul Honorário de Portugal em San Diego foi extremamente prestável. Já o consulado geral em São Francisco nem sequer respondeu aos contactos”, revelou o presidente da FPS.
Nuno Vitorino, um dos três representantes nacionais, também lamentou a forma de atuar da ISA. “A ISA portou-se mal. Enquanto atleta, e já faço alta competição desde 1998, foi a primeira vez que me senti abandonado pela organização de um evento. É de lamentar porque Portugal faz um grande esforço para estar presente neste evento”, vincou Nuno Vitorino, que está em quarentena voluntária, tal como toda a comitiva, desde que chegou a Portugal, há cerca de uma semana.
“Íamos com muitas expectativas para conseguir medalhas. Apesar de ter ficado triste com a situação, reconheço que a decisão do presidente João Aranha foi a mais acertada. As decisões são tomadas com os dados que temos na altura e não nos devemos arrepender do que foi feito. Em tempos de guerra temos de tomar as decisões necessárias. Por exemplo, Espanha só chegou a casa na quarta-feira e França demorou dois dias, com diversas ligações e custos que para nós seriam um pouco incomportáveis. O Mundo estava a mudar muito rápido e tínhamos menores na comitiva, por isso tomámos a melhor decisão”, sublinhou o surfista português.
Um desfecho que, embora expectável, não era previsível que acontecesse de forma tão rápida à partida para a Califórnia. “Escalou bastante rápido e obrigou a reajustes ao plano”, sublinhou João Aranha, antes de garantir acreditar que o próximo Mundial ISA, que serviria de qualificação olímpica, não se vai realizar, embora a ISA mantenha esse desejo, para a prova que ainda está marcada para Maio deste ano, em El Salvador.
“Nesta altura ainda a ISA considera que a prova de qualificação olímpica, os World Surfing Games, se poderão realizar. Acho que estão a delirar e não se vai conseguir. A prova seria de 9 a 17 de Maio em El Salvador. Além da pandemia, El Salvador já tinha proibido a entrada a vários países, o que iria desvirtuar a possível qualificação, além de ser de uma total injustiça para os países impedidos de competir. A participação estará dependente da evolução da pandemia mas parece muito difícil nesta altura”, rematou.
Por sua vez, Nuno Vitorino deixou a garantia de que no próximo ano a Seleção Nacional de Surf Adaptado vai voltar ainda mais forte ao Mundial. “Vamos concentrar-nos no futuro. Quando tiver passado esta epidemia e houver outro Mundial vamos lá com tudo. Embora desta vez o jogo tinha sido um pouco viciado, quero dar os parabéns e um forte abraço a todos os vencedores. Voltaremos em breve com mais força e energia para mostrar o nosso valor”, prometeu.
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FotografiaISA
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FonteRedação
