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- É apaixonado pelo surf e o stand up paddle, mas é nesta última disciplina que pretende deixar legado. Para já, Tomás fez história para Portugal e aponta a voos ainda mais altos.
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O ano de 2020 não poderia ter começado da melhor forma para Tomás Lacerda e o stand up paddle (SUP) português.
Na 'GlaGla Race' de 2020, conhecida prova internacional de SUP, o atleta do Clube Naval do Funchal brilhou ao mais alto nível e cumpriu um sonho.
Tornou-se no primeiro atleta luso a vencer uma prova neste evento ao mesmo tempo que foi o primeiro português ao subir ao pódio da competição disputada nos Alpes franceses, mais concretamente nas águas do Lago de Annecy.
Tudo aconteceu na disciplina de Race Técnico, onde o atleta madeirense foi o mais forte entre os atletas da categoria Júnior, sétimo da classificação geral, numa corrida que contou com mais de 600 atletas. Já na prova de Maratona, Tomás Lacerda acariciou novamente a vitória ao ser segundo classificado entre os juniores.
Depois de tal demonstração de força, o MEO Beachcam esteve à conversa com este jovem de 17 anos para ficar a conhecer um pouco melhor alguém que tem pela frente um futuro muito promissor.
No seu currículo já leva seis títulos nacionais e regionais bem como um título de campeão ibérico.
TL - Obtiveste um triunfo histórico, na categoria Júnior, na prova de Race Técnico da 'GlaGla Race 2020'. Este foi um resultado que superou as tuas melhores expectativas?
B - Apesar de ter trabalhado muito, estar calmo e confiante, este foi um resultado que superou as minhas expectativas. Foi uma surpresa. Nunca pensei na especialidade Race Técnico vencer a prova na categoria Júnior e ficar apenas a 30 segundos do vencedor, que é igualmente o melhor do mundo. Esta foi, sem dúvida, a realização de um sonho.
TL - Estás habituado a treinar na Madeira, que tem um clima muito próprio, e de repente passaste para o frio e temperaturas abaixo de 0ºC. Como geriste toda essa situação?
B - Foi estranho e confesso que foi um pouco difícil. Na Madeira, nesta altura do ano, estão 25ºC e andamos de calções. No local da prova enfrentámos temperaturas negativas. Apesar desta situação, tinha junto de mim o material certo para ser competitivo.
TL - Tiveste a possibilidade de competir com o teu ídolo, Ty Judson. Como foi estar ali lado a lado com tal figura?
B - Não há muitas palavras para descrever a sensação que é estar ao lado de alguém que idolatramos. No arranque da prova de Race Técnico fiquei à frente do Ty e isso foi algo que mexeu um pouco comigo. É uma sensação incrível partilhar uma linha de partida e discutir as primeiras posições com alguém que admiramos. É mesmo um sonho e espero que assim continue daqui em diante.
TL - Na sequência do resultado obtido, disseste que estás mais à vontade na prova de Race Técnico em detrimento da prova de longa distância. Existe algum motivo em especial?
B - A prova de longa distância é diferente. O Race Técnico, como o próprio nome indica, é mais técnico, intenso e a velocidade é sempre superior à longa distância. Acho que se calhar é por isso que tenho preferência por essa especialidade.
TL - Começaste da melhor forma a temporada, quais são os teus principais objetivos para 2020?
B - O meu objetivo passa por fazer o maior número de provas de stand up paddle e com isso evoluir. Este é o meu último ano como atleta júnior, pelo que espero vir a conquistar algum título europeu. Sei que tenho muito trabalho pela frente, mas também sei que com trabalho tudo é possível.
TL - Para além do stand up paddle, também fazes surf. Como consegues conciliar a prática das duas disciplinas?
B - Desde os oito anos que faço surf. Costumo dizer que tenho duas grandes paixões: o surf e o stand up paddle. O stand up surgiu na minha vida através de um convite do meu treinador, Ricardo Rodrigues. Comecei a fazer algumas provas e adorei. No entanto, entre os treinos de stand up, continuo a tentar surfar o máximo possível. Nunca deixo o surf à parte, mas o meu objetivo no futuro é ser um dos melhores atletas de stand up paddle.
TL - Como consegues alterar o chip entre duas disciplinas que são diferentes?
B - São adrenalinas completamente diferentes. A adrenalina do surf passa por fazer uma manobra melhor ou apanhar uma onda maior. No stand up é diferente. A adrenalina está em conseguirmos transpor as nossas barreiras físicas e mentais. Em cada treino levamos o nosso corpo e a mente ao limite. Acho que é isso que faz o stand up paddle uma modalidade tão incrível.
TL - Sentes o que o facto de seres da Madeira, uma região delimitada, pode ser um factor que limite a tua evolução?
B - Sentia mais isso em termos de surf. Na minha opinião a região da Madeira é a mais forte do país em termos de stand up paddle. Temos inúmeros atletas. Mesmo para os principais atletas mundiais de SUP, como é o caso do dinamarquês Casper Steinfath, é na Madeira que fazem os seus estágios de pré-temporada.
Acho que é um sítio perfeito, pois permite treinar as diferentes especialidades do stand up paddle. Para além disso temos a facilidade de em apenas cinco minutos, via transporte automóvel, estar a mais de 1000 metros de altitude. Por tudo isto a Madeira é o sítio ideal para ser um atleta de alta competição no SUP.
TL - Como vês o estado do stand up paddle em Portugal? Entendes que este teu desempenho é um caso isolado ou podem surgir, no futuro, mais resultados destes por parte de outros atletas?
B - Penso que nos escalões mais jovens podem vir a surgir mais atletas. Acho que o SUP tem futuro em Portugal. Agora é preciso existir aposta por parte das federações. A meu ver o stand up paddle é um pouco desprezado. Acho que quanto mais tarde for o investimento no SUP, mais tarde iremos conseguir estar ao nível das principais potências da modalidade. Apesar de tudo, tenho a certeza de que num futuro próximo Portugal será uma das grandes nações de stand up paddle no mundo.
TL - Quando falas em desprezo é em comparação com o surf?
B - Acho que existe um grande investimento no surf. Por vezes os resultados nessa disciplina não condizem com o investimento que é feito. Não desprezando o surf, que é uma modalidade que adoro, mas era bom canalizarem menos dinheiro para o surf e mais para o stand up, pois nós também temos capacidade.
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FotografiaFacebook Tomás Lacerda
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FonteAlexandre Melo
