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- Após a simulação feita em diversos ambientes reais, tanto terrestres como marinhos, chegaram à conclusão que os copos continuavam na mesma, apenas com ligeiras diferenças.
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Apresentam-se como copos biodegradáveis e de origem 100 por cento vegetal, com uma decomposição estimada de “45 a 60 dias”. Mas um velejador e uma bióloga marinha quiseram comprovar se essa realidade era verdadeira e descobriram que as coisas não funcionam bem assim. No referido período de tempo, os copos só se degradam em combustão industrial.
A ideia do teste surgiu depois de os indivíduos em questão terem ido às festas do Mar, em Cascais, deparando-se com copos descartáveis de uma marca de cerveja que passavam uma mensagem de ser “100% biodegradáveis” e “inteiramente de origem vegetal”. Mas o teste mostrou uma realidade diferente, de acordo com uma notícia publicada agora pelo jornal “Público”.
A janela de tempo foi publicitada pela Câmara Municipal de Cascais e pela Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCCB), em Agosto de 2018. A empresa detentora da Sagres, a marca identificada nos copos, é a cerveja oficial das Festas do Mar e disponibilizou os mesmos copos que utiliza noutros eventos, como o festival de música NOS Alive. “Demoram apenas entre 45 e 60 dias a desaparecer”, lia-se, então, num dos comunicados que anunciava os copos que vieram substituir os de plástico.
Mas houve quem desconfiasse disso. Miguel Lacerda, o velejador, e Ana Pêgo, bióloga marinha e gestora do projeto Plasticus Maritimus, decidiram, a título individual, no final de agosto, começar uma “experiência científico-caseira” para “testar a degradação dos copos”. O objetivo passava perceber o que acontecia aos copos caso “as pessoas os deixassem no chão, em vez de os deitarem nos recipientes próprios”, que são disponibilizados pelo município.
Após a simulação feita em diversos ambientes reais, tanto terrestres como marinhos, chegaram à conclusão que os copos continuavam na mesma, apenas com ligeiras diferenças. “A única alteração foi a perda de intensidade da tinta, no copo exposto ao ar/sol”, explica Miguel Lacerda.
Ana foi mais longe e a 28 de agosto depositou ainda um copo num compostor doméstico. “Tinha muitas esperanças nesse”, comenta, entre risos. No último fim-de-semana, quase 50 dias depois, foi verificar o estado da degradação e teve uma surpresa: “Para já, nada aconteceu. Nem sequer amoleceu.”
A bióloga marinha está a testar “um total de 11 copos, três marcas e quatro ambientes: terra, ar, água e compostor”. Além da Sagres, estão assinados pela Heineken (feitos de plástico) e pela ecOKAY, uma empresa francesa multidisciplinar regida “por princípios ecológicos”. Esta última diz que os copos que vende são “100% biodegradáveis”, degradando-se “em 47 dias numa compostagem industrial e 120 dias numa compostagem doméstica”. “Por isso, apesar de ainda não ter registado quaisquer alterações, ainda estão dentro do prazo”, ressalva Ana.
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FotografiaMiguel Lacerda Facebook
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FonteRedação
