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- Iniciativa vai desenvolver-se este mês na praia da Fonte da Telha e também terá agregada uma vertente social e ambiental.
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Entre os vários projetos em que participa, Tiago Pires, o primeiro surfista português a chegar à elite do surf mundial e grande desbravador do caminho para a nova geração, tem um novo objetivo em mente e vai tentar colocá-lo em prática já no próximo dia 23 de junho, sábado, na praia da Fonte da Telha.
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Em conjunto com a EDP, Saca está a tentar colocar de pé a maior aula de surf do Mundo, que pretende ficar registada no livro do Guinness World Records. O atual recorde foi anotado em dezembro de 2015, quando 320 surfistas vestidos de Pai Natal foram até Bondi Beach, na Austrália, para a maior aula de surf até à data. Esse é o registo que está na mira para esta organização portuguesa e que Tiago Pires pretende bater.
O Beachcam esteve à conversa com Tiago Pires sobre este ambicioso projeto e também sobre outros assuntos da carreira e do surf nacional.
Beachcam - Em primeiro lugar, como surgiu esta ideia da EDP maior aula de surf do mundo? Partiu de ti? Em que é que te inspiraste?
Tiago Pires – Sim, a ideia partiu de mim. Já tinha pensado neste evento há uns anos, mas só agora é que resolvi pô-lo em prática. Isto nasce de uma ideia de querer fazer um evento fora da caixa e com impacto a nível Nacional e Internacional. Portugal é um país onde o surf está muito ativo e presente em qualquer pedaço de costa, por isso foi fácil imaginar este tipo de evento a acontecer. Fui investigar aos recordes do Guinness e, por acaso, havia um registo de recorde da maior aula de surf do Mundo, o qual passou imediatamente a ser o meu alvo a abater.
“Temos uma grande hipótese de surpreender o Mundo com um número muito acima do que está registado, pois Portugal unido tem uma força brutal”.
B - Qual tem sido o feedback das escolas e dos surfistas sobre esta iniciativa? Acreditas que vai ser mesmo possível bater este recorde?
TP - O feedback tem sido surpreendentemente positivo, quer da parte dos surfistas e das escolas, como da parte dos nossos parceiros que nos ajudam a tornar isto possível. Em relação ao recorde, acho que, se as escolas de surf se motivarem e aderirem à iniciativa, temos mais do que hipóteses para bater o recorde. Ou melhor, temos uma grande hipótese de surpreender o Mundo com um número muito acima do que está registado, pois Portugal unido tem uma força brutal.
B - Além da vertente social que está inerente à iniciativa, acreditas que este tipo de ações também podem ajudara enaltecer o surf português fora de portas?
TP - Penso que sim. Para mim é muito importante estar a contribuir para a sociedade, quer na vertente social, com o contributo que vamos dar à Fundação Operação Nariz Vermelho, quer na vertente ambiental, com a limpeza de praia que vamos fazer em parceria com a Surfrider Foundation. É claro que também não queria deixar passar esta oportunidade para trazer ao evento uma parte de componente didática, com uma palestra que será feita sobre a Segurança no Mar e a formação das ondas e também, ao fim ao cabo, promover um momento de convívio e troca de experiências entre as várias escolas de surf que temos espalhadas pelo país.
“É-me inata a vontade de querer ultrapassar barreiras e estabelecer recordes”.
B - Agora, que estás numa fase pós-carreira de alta competição, vês-te a entrar em cada vez mais iniciativas originais como esta? Há mais alguns projetos em mente?
TP - Sempre gostei de estar ligado a este tipo de iniciativas, desde que tragam algo de novo e de benéfico para a sociedade. É-me inata a vontade de querer ultrapassar barreiras e estabelecer recordes, pois ao fim ao cabo foi aquilo que fiz durante a minha carreira como surfista, por isso acredito que sim. Acredito que continuarei muito atraído a associar-me a este tipo de iniciativas. Tenho alguns outros projetos em mente, mas, todavia, não os passei para o papel. Acredito que num futuro próximo poderei vir a apresentá-los.
B - Do que é que tens mais saudades quando pensas nos tempos de WCT?
TP - De surfar ondas perfeitas com mais uma pessoa na água. Do estilo de vida exigente que me obrigava a estar sempre no meu limite.
B - Estás também a gerir a carreira de alguns jovens surfistas nacionais. Como tem corrido esse projeto? É possível no futuro aumentar o leque de surfistas com quem trabalhas?
TP – Sim, está a correr bem. Penso que é um projeto que tem pernas para andar e, sim, é mais do que possível aumentar o leque de surfistas com quem trabalho.
“Um exemplo a seguir, a meu ver, é o trabalho que o Miguel Blanco tem feito. Mesmo sem recursos em abundância, o Miguel tem andado incansavelmente atrás do sonho dele”.
B - Após teres saído do circuito há 3 anos, atualmente como vês o surf português no panorama internacional? Acreditas que o Frederico pode ir ainda mais além no WTC, que outro surfista o possa acompanhar brevemente na elite mundial e que esta geração mais nova que está as surgir pode chegar longe?
TP - Penso que o panorama do surf nacional vem pouco a pouco a evoluir e penso que a grande mudança acontecerá daqui a uns anos quando as gerações dos Afonsos e João Maria Mendonças estiverem a chegar à casa dos 20 anos. Para já, continuamos na nossa tendência, ou seja, poucos representantes a terem sucesso no exterior. Há sem dúvida alguns atos isolados que continuam a colocar-nos no mapa, mas ainda não atingimos um patamar de consistência, como é o caso do Brasil ou da Austrália. Precisamos de acreditar mais e, sobretudo, sair de Portugal para passarmos mais tempo juntos do ‘circo’.
B - Olhando agora de fora qual achas que é o principal aspeto a ser melhorado pelo surfista português no geral?
TP - Como já referi antes, o surfista português precisa de uma dose de aventureirismo muito mais reforçada, ou seja, passar muito mais tempo fora de casa atrás das melhores ondas do Mundo e junto dos melhores surfistas. Um exemplo a seguir, a meu ver, é o trabalho que o Miguel Blanco tem feito. Mesmo sem recursos em abundância, o Miguel tem andado incansavelmente atrás do sonho dele, viajando grande parte do ano e, consequentemente, evoluído como surfista. Precisamos de ter mais exemplos bons e maus para que as pessoas comecem a acreditar no caminho que é preciso percorrer.
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Fotos: WSL
Entrevista: João Vasco Nunes
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FotografiaWSL
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FonteJoão Vasco Nunes
