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  • Segundo o americano Garrett McNamara, amigo e detentor do recorde Mundial, a Big Mama terá sido a maior onda alguma vez surfada. E segundo a WSL?!?
  • No passado dia 17 de Janeiro de 2018 Hugo Vau apanhou a onda das ondas, a mítica “Big Mama”. As primeiras estimativas e medições apontam para os 35 metros, que a serem comprovadas, primeiro pela World Surf League e posteriormente, pelo Guinness World Records (falta a homologação oficial, para confirmar que o recorde foi batido), destruirá por completo o recorde prévio de 23,77 mts da onda surfada na Praia do Norte a 1 de Novembro de 2011 pelo americano e amigo Garrett McNamara.

    Para quem não se conseguiu deslocar à Nazaré, teve a possibilidade de acompanhar toda a ação através das nossas três web cams, em direto. (Praia da Vila ; Praia do Norte Panorâmica ; Praia do Norte).

     

    As ondas que rebentam neste sítio são muito raras, tendo Hugo esperado pela mítica “Big Mama” praticamente 7 anos. São precisas condições muito específicas de maré, tamanho de ondulação, período e vento, para que a onda quebre neste local. As imagens, devido à contraluz, levantam muitas dúvidas… mas várias testemunhas afirmam inegavelmente que o recorde foi efetivamente batido. Diz-se que esta onda de Vau teria cerca de 35 metros (+100 pés). 

    Estivemos à conversa com o Hugo que nos facultou não só novas imagens para ajudar a montar o grande puzzle que poderá ajudar a validar o novo recorde Mundial, como também nos explicou todo o trabalho que tem sido desenvolvido ao longo de vários anos, por ele e não só, na Nazaré para se chegar ao patamar atual:

    Beachcam - Consegues descrever-nos em que pensas ao surfar uma onda destas?

    Hugo Vau - Pensa-se em muita coisa! Aquelas ondas são tão grandes que desde a crista até lá em baixo dá tempo para pensar em tudo (risos). Após ser puxado pelo Alex Botelho, larguei o cabo e fiz um fade (atrasei, fiquei mais deep, fiz uma curva para a zona mais profunda), a mota foi para a direita e eu surfei a onda para a esquerda (na perspetiva do surfista), até ficar mais vertical e ser impossível passar para a esquerda. A velocidade e massa de água nesta onda é uma coisa impressionante. Quando fiquei na zona critica surfei para a direita até sair para o canal. Penso que atingi 60 a 65 km por hora.

    Essencialmente, quando se está a descer uma onda daquelas é preciso manter muita concentração e, acima de tudo, ter muita vontade de a descer. É preciso estar-se completamente conectado de forma, a que se consiga fazer uma leitura da onda que permita uma experiência tranquila. Agora, aquela onda em particular, vi logo que ia ser enorme. Pensei que talvez fosse a maior onda que já tinha surfado — e acabou por ser mesmo.

     

    BC - Como te sentes com o testemunho do Garrett McNamara, ao afirmar que se alguém merece aquela onda és tu!

    HV - Trabalhamos junto há uns bons anos e mesmo antes de surfar esta onda fui 2 vezes aos WSL XXL Awards, por ondas que apanhei puxado por ele, logo temos uma relação muito forte. Existindo esta relação de amizade e trabalho com muitos anos, faria todo o sentido ele fazer este tipo de afirmação, tanto para mim como para o Andrew Cotton. Se o recorde fosse homologado, ficaria na família e assim sendo faria toda a lógica. Ele sente-se orgulhoso, não só por eu ser português, mas também por fazer parte da família.

     

    BC - Este feito, pelo menos até à data tem um sabor agridoce, como se sente uma pessoa que pode ter destruído por completo o recorde mundial e possivelmente, não ter forma de o provar?

    HV - É bastante doce, pois antigamente as lendas eram passadas de boca a boca, mas o mais importante é que, para quem estava dentro e fora de água, aquele foi o maior dia de sempre, alguma vez surfado na Nazaré e eu apanhei a maior onda do dia. Mas para mim e também para o Alex o momento foi único e especial, já nos conhecemos há 10 anos e já perseguimos isto há bastante tempo. Finalmente as nossas vidas alinharam-se e surgiu esta equipa vencedora. Foi uma aposta mesmo acertada, é uma pessoa genuína e com excelente carácter e atitude para comigo e para com o mar. Não posso deixar de agradecer ao Jorge Leal pelo call excelente e desta forma termos uma equipa 100% Portuguesa e representada de Norte a Sul do país - eu de Lisboa, o Alex do Algarve e o Jorge Leal do Porto. Um agradecimento ao Marcelo Luna por estar presente na equipa de segurança, embora felizmente não tenha tido necessidade de intervir.

     

    BC - Vem esta situação demonstrar uma vez mais a importância de os surfistas trabalharem cada vez mais de perto com os fotógrafos e cinematógrafos?

    HV - A nossa equipa desde 2011 sempre incluiu estas pessoas. Neste dia, só mesmo o Jorge Leal estava preparado para esta situação, mas a distância do farol que se encontrava esta onda, traiu todos os fotógrafos menos o Leal, que estava à espera da onda, uma vez que foi ele que fez o call. É muito importante este trabalho em conjunto, o Leal aka “Jesus” é sem duvida uma das pessoas que mais tempo passa a olhar para a praia do norte, não só a fotografar e filmar, como posteriormente a editar, e todos nós já bebemos bastante dos seus ensinamentos na leitura destas ondas. Segundo “Jesus” este foi o momento, cinematograficamente falando, mais bonito.

      

    BC - Tens conhecimento de mais imagens sobre a tua onda? E se sim, existe um lado mais comercial do desporto, em que os detentores das mesmas tentem fazer o máximo de dinheiro com as imagens?

    HV - Até agora tudo o que foi aparecendo serviu para construir um puzzle gigante que vai validando a onda surfada mesmo até ao fim. Certamente se houvesse uma imagem completamente nítida valeria bastante dinheiro.

    Tenho tido uma experiencia engraçada agora que nunca tinha tido com este mediatismo todo. Dão os parabéns, sentem orgulho nacional por existir a possibilidade de um português ter destruído o recorde Mundial para a maior onda de sempre surfada, ainda por cima foi uma onda surfada “top to bottom”.


     

    BC - Teremos novas incursões à Big Mama? Abriste um novo campo na Nazaré?

    HV - Certamente! Os pescadores já falavam nesta onda mítica há bastante tempo, Nós íamos para o mar e quando voltávamos eles diziam-nos: pensam que é isso só? Ainda não viram nada. Há uma que rebenta muito de vez em quando! Penso que isto é uma nova etapa de superação e ultrapassagem de novos limites. Os fatores estavam todos alinhados naquele dia. Mas não tenho duvidas que este foi o “primeiro dia do resto da vida do Big Mama”.

     

    BC - Fala-nos da importância dos teus patrocinadores e quanto tempo demorou até chegar a este patamar

    HV - Desde 2007 que surfo na Nazaré (4 anos antes da chegada do Garrett), e a partir daí o envolvimento das marcas tem aparecido progressivamente, com a Mercedes Benz, a Seadoo com equipamentos excelentes, motas brutais com 300 cv, foi um desafio pois tivemos um período de adaptação a estes “monstros”, mas depois disto não conseguimos trabalhar com outras máquinas. A Patagónia foi a marca que inventou os coletes insufláveis, o que permitiu aos surfistas terem outro tipo de segurança dentro de água. As pranchas embora desenhadas pela Mercedes são produzidas pelo Cartaxana da Spo, o que permitiu uma grande evolução no surf. A Prio apareceu mais recentemente, mas também foi uma ajuda imprescindível, pois sempre que saímos levamos duas motas e estes “monstros” bebem desalmadamente, o que permite estarmos o máximo tempo possível dentro de água. É uma grande responsabilidade, mas tenho de fazer uma boa gestão, não só dos recursos técnicos, como humanos!

     

    BC - Em que fase esta todo o processo de validação?

    HV - O mais difícil está feito, que foi surfar a onda (risos). Vou deixar as coisas rolarem naturalmente, mas está nas mãos da WSL.

    Não vou à procura de bater um recorde ou de apanhar uma onda maior do que a de outra pessoa. Vou à procura de me divertir o mais possível. Costumo dizer que me sinto como uma criança com uma onda de meio metro ou 30 metros, pois o surf traz-me bem-estar e felicidade e é isso que procuro

     

    Para acompanhar e confirmar live, os dados sobre o estado do mar, pode usufruir da nossa rede de livecams e reports preparada para essa finalidade.

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    Fotos - Jorge LealVitor Estrelinha e Rafael Riancho

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