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- Algum tempo após o acidente, Gustavo regressou à vila para fazer as pazes com o Canhão da Nazaré.
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Gustavo Lermen é um surfista de ondas grandes brasileiro que desafiou o Canhão da Nazaré no início do ano. Infelizmente deu-se mal.
Algum tempo depois, após saber das condições favoráveis que iriam estar na Praia do Norte, Gustavo regressou à vila para procurar fazer as pazes com o Canhão. Fica o testemunho na primeira pessoa:
"Quase um ano após surfar pela primeira vez na Praia do Norte e viver uma experiência que para mim foi muito intensa, atendi o chamado de uma previsão favorável e lá voltei.
Naquela ocasião(ver os links http://beachcam.meo.pt/newsroom/2017/01/nazare-20-janeiro-2017-esteve-epico/ e http://www.theinertia.com/surf/what-i-learned-after-my-first-surf-at-medium-nazare/)acabei por ser atingido na cara pela minha prancha. Este incidente teve consequências para minha saúde, um desvio no septo nasal afetou a minha respiração permanentemente e desde então lembro de Nazaré cada vez que inspiro.
Isto tudo mexeu muito comigo, mas sempre tive a certeza que valeu a pena. Por um lado fez-me ganhar alguma confiança e por outro gerou dúvidas se voltaria lá encarar ondas daquele tamanho e potência.
Fiquei muito feliz com as ondas que surfei em janeiro de 2017 e também com a surpreendente repercussão gerada com as matérias publicadas nos sites The Inertia e Beachcam, no entanto uma questão começou a me atormentar, as ondas que passaram e eu não consegui pegar.
Talvez a insatisfação humana ajude a explicar esse sentimento, mas prefiro acreditar que seja por querer melhorar e também pensar que tinha capacidade de pegá-las.
Tudo o que aconteceu naquela semana foi surreal, principalmente porque sou um soul surfer de 44 anos, sem apoio, equipamentos ou treinos adequados. O que tenho são sonhos e disposição para torná-los realidade.
Gosto de histórias de superação, então contei a minha. Foi apenas isso que aconteceu, superei um medo e ganhei outros, nada mais. Se servir de motivação para alguém já fico satisfeito. Seria bom incentivar outras pessoas a não desistirem dos seus sonhos e não deixarem de acreditar que tudo é possível, mesmo quando há opiniões contrárias. Por isso agradeço a todas as pessoas que manifestaram apoio a minha decisão de entrar na água neste dia e também a todas que me chamaram de maluco.
A racionalidade não é a única opção. Permanecer na zona de conforto é mais seguro, mas pode nos privar de muitas sensações e até impedir nossa evolução.
Quando convido amigos para ir a Nazaré surfar geralmente ouço como resposta um "aquilo não é para mim" ou então "sem chance, eu sei o meu limite".
Será que alguém realmente sabe os seus limites? Ou será que a própria pessoa está criando os seus limites e ficando estagnada? Curiosamente este texto é sobre a Nazaré, mas não é sobre ondas gigantes e big riders, o foco centra-se no prazer que descer uma onda daquelas proporciona, na necessidade de enfrentar os medos e os desafios e não em medir quantos metros ela tem. O tamanho de uma onda é muito relativo, é um conceito abstrato.
Já se falou muito sobre o fenômeno do Canhão e suas ondas extremas e ninguém fica indiferente ao ver uma foto de um dia gigante, muito menos quem já teve o privilégio de observar de perto.
Também é interessante mostrar que uma pessoa normal é capaz de pegar ondas que nunca imaginou ser possível.
Tenho muito respeito e admiração pelos surfistas extremos, eles são verdadeiros guerreiros em uma batalha desigual, obviamente em comparação com eles sou apenas um mini rider.
Voltei a Praia do Norte dia 15/11/2017 com a expectativa de boas condições, fato que se concretizou no dia 16 com ondas na faixa dos 10 a 12 pés e vento off shore fraco.
Novamente senti os efeitos da adrenalina no meu corpo, presenciar aquela atmosfera é muito bom, sente-se a vida, só o presente importa.
O momento é de concentração, observar o mar e alguns grandes surfistas que marcavam presença.
Foi um espetáculo ver aquelas ondas perfeitas formarem-se e ouvir as pessoas na praia assobiar para alertar quem estava no outside que um grande set aproximava-se na velocidade de um trem.
Desta vez as ondas quebravam mais perto da areia, mas como sempre pesadas.
Estar ali é uma grande lição de humildade que certamente será útil para a vida.
Peguei uma das melhores ondas da minha vida e sou grato ao Tiago pelo incentivo e pelo registro fotográfico.
Estaria tudo perfeito se não fosse um detalhe que já está tornar-se recorrente, mais uma vez deixei escapar uma boa onda e não vou descansar enquanto não voltar lá e pegá-la. Desconfio que sempre haverá uma missão a cumprir.
Que assim seja.
Paz e amor!"
Notícia: Semana com ondas grandes de Norte a Sul do país
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Fotos - Tiago Balsini e Fabiana Santana
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