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- Talvez seja melhor deixar de carregar tanta frustração por não conseguir fazer aquilo que os pros fazem
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Já lá vão cinco anos desde que me tentei aventurar no surf. E quão difícil foi a missão. Desde então, a evolução foi praticamente nula. Por mais tentativas que faça, não há forma de desenvolver. Talvez por meter na mente que quero fazer o mesmo tipo de movimentos que se vê nas revistas, do Machado, do Knost ou do Saca, já para nem falar do Kelly, do Andy ou do John John.
A exigência colocada sobre mim mesmo foi o maior inimigo durante estes anos. Trabalhar na área e não conseguir surfar decentemente virou um fantasma. Ou era da prancha que estava partida, ou da fraca remada de braços, ou de qualquer grão de areia na engrenagem. Tudo servia de desculpa. O corpo não parece destinado para movimentos de equilíbrio na água e a força de vontade foi-se desvanecendo. A verdade é que nunca consegui evoluir e sinto que sou o pior surfista do Mundo. Mas a grande distância dos demais! Deixei de surfar...
Contudo, ao longo destes anos também tenho acompanhado outra vertente do surf. Uma mais humana, onde ninguém luta pela melhor onda; onde não há prioridades; nem muito menos se pretende ter a melhor foto. É certo que a técnica não é muita, mas aqui ninguém se chateia por isso. Muito pelo contrário. Ninguém está importado com as aparências que denota em cima da prancha. Interessa apenas estar... e sorrir. E todos o fazem.
Mas há quem o faça de maneira mais especial. Este fim-de-semana, algures pelo Oeste, voltei a ter a oportunidade de estar com um surfista bem especial. Tão especial, que, desta vez, percebi que estava ao lado do melhor surfista do Mundo. Acreditem mesmo no que digo. Já estive ao lado do Kelly, do John John, do Medina. Várias vezes. Em trabalho e lazer. Mas nada se compara ao "Caiá". Pelo menos nenhum deles tem o sorriso deste surfista com S grande.
O "Caiá", como é carinhosamente tratado, já começou nas lides do deslize das ondas há algum tempo, mas o sorriso ainda se mantém. E é cada vez maior. Mesmo tendo em conta as limitações, não há quem tenha mais vontade que ele em surfar. Até tem aulas no dia-a-dia, fora dos eventos próprios de surf adaptado – permitam-me a confidência. O surf corre-lhe nas veias. Independentemente da estética da ação propriamente dita.
O que mais me fascina é a forma como saúda os companheiros cada vez que eles saem da água. Dá os parabéns, abraça, sorri, incentiva. Não interessa se as ondas foram boas, se melhores ou piores. Interessa apenas que a missão foi cumprida. É sempre uma bênção estar com o "Caiá", mas desta vez a lição foi ainda maior. A alegria e calma transmitida enquanto esperava pela sua vez – fez questão de ser o último – e a forma como contagiou os outros surfistas... foi algo único, que não está ao alcance da grande indústria do surf e tudo o que lhe é associado.
Talvez seja melhor deixar de carregar tanta frustração por não conseguir fazer aquilo que os pros fazem – nem lá perto - e deixar-me levar pela leveza do ato de surfar em si. Faça-o bem ou mal. O que interessa estar preocupado com a performance em cima de uma prancha, se não estamos satisfeitos com o que está a ser feito. Afinal de contas, o melhor surfista é aquele que mais se diverte. Sempre o disseram. E ninguém se diverte mais que o "Caiá". Peço desculpa se for injusto para com os outros, sobretudo os que não conheço, mas, para mim, é o melhor surfista do Mundo!
Por, Redação dos nossos amigos da SurfPortugal
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