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- Amigos, Sol e Surf... O que poderia querer de melhor para terminar o ano
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Estivemos à conversa com o campeão Nacional de Bodysurf Miguel Rocha, mais conhecido por Migas perseguido para todo o lado pela melhor claque do mundo os Vagueirudos, teve um inicio de ano em 2016 bastante conturbado, após ter sido diagnosticado com esclerose múltipla [EM]. Fiquem a conhecer melhor a história do Migas!
Beachcam - Miguel foi uma temporada em grande para ti, conta-nos um pouco de como foi o teu percurso até aqui, desde o teu diagnostico até te tornares campeão nacional de Bodysurf.
Miguel Rocha - O ano de 2016 foi cheio de altos e baixos. Aliás, um baixo e centenas de altos! Mas sim... começou mal. Em Janeiro comecei a sentir-me mal. O lado esquerdo do corpo dormente, visão dupla e muito cansaço. Entre exames e mais exames foi-me diagnosticada esclerose múltipla [EM]. Após um diagnóstico nada fácil, até porque não compreendia nem conhecia a doença, fiquei durante alguns dias internado nos Hospitais da Universidade de Coimbra, onde me foi dito que o regresso à competição seria difícil. Fui-me abaixo e pensei que era o fim do bodysurf para mim. Estive 2 meses sem ter coragem de regressar à agua. Até que um dia, um grupo de amigos da família do Bodysurf português organizou uma surftrip até Sagres (BodysurfRide): Nesta viagem fui "quase" obrigado a entrar na água! Após os primeiros medos, a sensação foi indiscritível, voltei ao meu ambiente. A partir daí, senti-me confiante e comecei a treinar para preparar a época. Em Maio chegou a 1ª etapa do nacional. Com um mês de treinos, e sem grande confiança, inscrevi-me na etapa, sendo claro para mim que o objectivo nº1 seria divertir-me. Objetivo cumprido... diverti-me, e de que maneira, fui passando heat após heat mas, na final, acusei a falta de treino e fiquei num fantástico 4º lugar! A partir daí fui ganhando confiança e das 5 etapas fiz 5 finais (4º em carcavelos, 1º na Caparica, 2º em Santa Cruz, 1º na melhor praia do mundo (Vagueira) e 1º em Supertubos!) Apesar de um pequeno contratempo, 2016 acabou por ser um dos melhores anos da minha vida (até agora)!
B -Toda esta situação trouxe-te um enorme mediatismo, como lidaste com tudo isto, e achas que conseguiste dar uma maior visibilidade à questão da esclerose múltipla?
MR - É verdade... A minha história começou a difundir-se e comecei a ser solicitado para dar entrevistas abordando, não só a competição de bodysurf, mas sobretudo questões ligadas à Esclerose Múltipla, à importância do diagnóstico precoce, e à forma como se encara a doença. Apesar de eu ser uma pessoa um bocadinho tímida, e não me sentir muito confortável a falar em frente a câmaras ou à frente de muitas pessoas, decidi que, de alguma forma, teria de partilhar um bocadinho de mim. Se a minha história conseguiu e conseguir ajudar alguém, sinto que já valeu a pena. Hoje, sinto-me uma pessoa completa... continuo a ser o Miguel, mas com a particularidade que sou ainda mais feliz!
B - Conta-nos um pouco sobre esta viagem, o que significou para ti depois de um ano com tantas reviravoltas!
MR - Há já algum tempo que tinha em mente ir até à Indonésia... E, prometi a mim mesmo, que o ano de 2016 teria de acabar de uma forma completamente diferente daquela que começou. A viagem surgiu como este "prémio" ao fim de um ano tão desgastante. Melhor que a viagem foi a companhia... partilhar este momento com um grupo de amigos incrível, tornou os 25 dias que passámos na Indonésia memoráveis. A primeira semana passámos em Uluwatu. Uma esquerda incrível, rápida e comprida, com fundo de coral. Para o bodysurf eram rápidas de mais. No entanto, descobri na água que os bodysurfers são muito respeitados ao surfar em Ulu. Na procura de uma onda diferente, rumámos a Bingin Beach. Uma onda para a esquerda, mais pequena, mas igualmente perfeita. Apesar de ter menos gente, o crowd parecia maior. E... de repente... deixam de haver ondas em Bali!!! Seguindo alguns conselhos locais, decidimos pegar no barco e ir até Lembongan. Surfámos Shipwrecks. Confesso... Deixei a handplane no barco e entrei de surf. Uma direita excelente para manobras mas com o fundo de pedra muito perto. O melhor de tudo?! Encontrar uma direita perfeita, em terra de esquerdas, apenas para nós os 5. Regressados a Bali, passámos a última semana em Canggu, onde surfámos na companhia do pessoal do Lapoint Surf Camp. Praias de fundo de areia mas, infelizmente, não conseguimos apanhar boas ondas. Amigos, Sol e Surf... O que poderia querer de melhor para terminar o ano.
B - Como surgiu a ideia do vídeo, não deixa de ser original
MR - Além de um bom amigo, viajámos com um grande fotógrafo. O Flávio Viana, mentor do projeto TheBlueTrip, foi connosco de férias para surfar e registar estes fantásticos 25 dias. Os vídeos (o que foi partilhado é apenas o vol.1) surgiram como forma de guardar e recordar as experiências que lá passámos. Não só as experiências dentro de água, mas também, as experiências culturais, gastronómicas... as viagens de scooter por Bali, ou de bicicleta nas Gilli, os mergulhos nos corais à procura de mantas ou tartarugas. O vídeo é só um bocadinho da experiência que tivemos mas que, ainda hoje, me deixa com vontade de voltar para a ilha.
B -Projetos futuros, ambições e objetivos, renovação do título Nacional ?!?
MR - Em termos de competição, e primeiro que tudo, para este ano espero renovar o titulo de campeão nacional, claro! Não vai ser fácil mas se fosse, não tinha o mesmo sabor! Espero, ainda, acabar o ano no top10 europeu (não comecei bem este ano (13º) mas faltam 2 etapas e espero recuperar). Gostaria, ainda, de ser o primeiro português a competir no mundial de bodysurf. Infelizmente, e apesar de ser uma modalidade em ascensão, as grandes marcas ainda não vêem o bodysurf como uma modalidade capaz de atrair investimento logo, o apoio em atletas é quase nenhum. No entanto, a história do bodysurf mundial é tão antiga quanto a história do surf, havendo na cultura havaiana um grande respeito por todos os bodysurfers. Em termos pessoais, gostaria de continuar a trabalhar em parceria com a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, na divulgação da doença e na importância do diagnóstico precoce.
Fotos - Flávio Viana (TheBlueTrip)
Para acompanhar e confirmar live, os dados sobre o estado do mar, pode usufruir da nossa rede de livecams e reports preparada para essa finalidade.
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