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  • Investigadores portugueses sinalizam tartarugas no Índico
    19 maio 2016
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  • As tartarugas marinhas são um dos grupos animais mais vulneráveis e ameaçados do ecossistema marinho
  • «As tartarugas marinhas são um dos grupos animais mais vulneráveis e ameaçados», explica Rui Coelho, 39 anos, investigador do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). É por isso que o IPMA decidiu integrar um projeto do Instituto de Investigação Marinha Francês (IFREMER) e da KELONIA, uma organização não-governamental que funciona como observatório de tartarugas marinhas sediado na Ilha de Reunião, no Índico. Esta união internacional de esforços científicos vai permitir aprofundar os estudos sobre a espécie.

    As instalações do IPMA em Olhão receberam investigadores franceses que vieram lecionar aos colegas portugueses um workshop sobre marcação das tartarugas marinhas com transmissor de localização via satélite. Após a partilha do know-how, um dos investigadores algarvios, dos dois que estão aptos a fazer esta trabalho, irá partir já no dia 10 de abril, para uma missão que terá inicio «nas Maurícias» e a duração aproximada de três meses.

    Coelho refere que «a Ilha de Reunião é um dos locais mais importantes para a espécie por ser uma zona de desova e de residência». «Sabe-se que há uma população grande desta tartaruga na zona noroeste do Oceano Índico e mais a sul na Ilha de Reunião onde há frota francesa pesqueira que marca essas tartarugas. Depois, há uma zona a sul onde não existem barcos franceses, mas sim uma frota portuguesa. É onde os nossos barcos pescam e interagem ocasionalmente com tartarugas. Portanto, o objetivo da nossa entrada no projeto é usarmos a nossa frota pesqueira para colocar os transmissores, por forma a cobrir essa parte da população que está falta», explica.

    A operar na região, está a frota portuguesa de palangre de superfície – um aparelho de anzol que usa uma linha mestre com cerca de 60 milhas e 1000 anzóis -, e que pesca sobretudo espadartes, atuns e tubarões. No entanto, estas embarcações de pesca transportam «ganchos especiais usados para tirar o anzol da tartaruga com o menor dano possível».

    Como no Oceano Índico «há que cobrir, pelo menos, cinco por cento do esforço pesqueiro, isto significa que, tem de haver frequentemente a presença de um técnico do IPMA a bordo para fazer trabalho de investigação». Por isso, regularmente, após estabelecer-se o contacto com a frota, é selecionado um navio e enviado um técnico «que embarca ao abrigo do Programa Nacional de Amostragem Biológica (PNAB)», explica.

    No mar, o técnico tem várias tarefas logo após a remoção do anzol. Com a tartaruga a bordo do navio regista-se a hora da captura, data, coordenadas geográficas, isco usado, tamanho, estado, sexo, entre outros dados, e o animal recebe o transmissor na carapaça.

    Posteriormente, «as marcas comunicam a posição das tartarugas através da rede de satélites ARGOS», que permitirão aos técnicos seguir cada tartaruga por um período aproximado de 18 meses. De cada vez que a tartaruga emerge à superfície para respirar, é emitido «um sinal para o satélite que recebemos em tempo quase real e que nos permite localizá-la».

    O tracking vai ser feito pelos técnicos tanto em Olhão, como na França. Cada transmissor tem um custo aproximado de 1800 dólares (cerca de 1500 euros), «mais as taxas de transmissão de satélite» – suportados pelos fundos europeus «Projetos EU-BEST» – sendo que os investigadores franceses providenciaram não só a formação como o material para a marcação. A IFREMER – KELONIA faz marcações clássicas (não-eletrónicas) de tartarugas desde 1972.

    Já registaram a marcação de mais de 10.000 tartarugas em desova ou em fase de alimentação. Iniciaram a marcação por satélite em 1998, e desde então, identificaram mais de 200 tartarugas. Atualmente seguem cerca de 20 tartarugas «ao vivo» via satélite. Qualquer interessado pode segui-las através da internet em http://wwz.ifremer.fr/lareunion/Les-tortues-en-direct

    Tartarugas na costa portuguesa

    Na costa portuguesa «também existem tartarugas» embora se proporcionem «poucas interações», reconhece o investigador. Ainda assim, Coelho garante que os técnicos que fazem as amostragens locais também receberam formação no âmbito deste workshop. «Um dia, quem sabe, se conseguirmos fundos para um projeto semelhante na nossa costa, podemos vir a replicar o mesmo modelo aqui. Já teremos um grupo formado para essa tarefa», conclui.

    In Barlavento

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