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- Os investigadores alertam para os "impactos estéticos, económicos e sociais" do lixo marinho.
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Se dúvidas existissem em relação à ameaça que o plástico é para o meio-ambiente, esta é só mais uma prova desse mesmo cenário. Cerca de 90 por cento do lixo marinho encontrado nas praias portuguesas é plástico. E quase todo mais pequeno do que uma tampa de garrafa, o que dificulta a sua identificação para posterior remoção.
Quem o garante é a investigadora Paula Sobral do MARE, Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, em declarações à Agência Lusa a propósito da I Conferência Portuguesa sobre lixo marinho, promovida pela Associação Portuguesa de Lixo Marinho (APLM) e pelo MARE, que decorrerá entre quinta e sábado, na Faculdade de Ciências de Lisboa.
"A quantidade que existe de lixo de pequenas dimensões é muitíssima, porque resulta em grande parte da fragmentação dos objetos maiores que andam na água há muito tempo e vão ficando quebradiços", transformando-se em "incontáveis partículas" de dimensões muito reduzidas e "muito difíceis de remover”.
O lixo marinho consiste numa "ampla variedade de materiais", como plástico, metal, madeira, borracha, vidro, têxteis e papel, e constitui uma "ameaça de dimensões globais, com efeitos negativos em inúmeras espécies de peixes, mamíferos marinhos, aves e tartarugas". Mas a maior prevalência é o plástico, porque é uma matéria que se degrada "muito lentamente e dura muito tempo no oceano", explicou Paula Sobral.
Os investigadores alertam para os "impactos estéticos, económicos e sociais" do lixo marinho, uma vez que, por ação das correntes marítimas, ondas, ventos e águas da chuva, pode viajar grandes distâncias. "Ninguém quer estar numa praia que esteja suja", disse Paula Sobral, observando que "os municípios costeiros gastam milhões de euros a limpar as praias, sobretudo na época balnear".
"Há aves marinhas que acabam por morrer com o estômago cheio de pedaços de plástico, mas também com isqueiros, escovas de dentes e outras coisas", elucidou. Segundo Paula Sobral, "a maioria do lixo que circula no oceano provém das atividades que são desenvolvidas em terra, sendo transportado pelos rios" até ao mar.
O lixo marinho tem uma distribuição global no ambiente, sendo que, em termos de proporção, 15% é encontrado nas praias e nas zonas costeiras, 15% à superfície e na coluna de água, e os restantes 70% estão longe da vista, no fundo do mar. O tempo de degradação do lixo marinho é variável, sendo muito elevado no caso do plástico ou do vidro.
“É um problema que nos afeta a todos e é um problema para o qual todos já contribuímos de alguma maneira e que só unindo esforços e sentando-nos à mesma mesa, criando parcerias em torno do mesmo objetivo, é que será possível contrariar esta tendência e eventualmente reduzir o problema do lixo marinho", sublinhou.
O primeiro passo para que esta parceria possa acontecer será dado no final da conferência, com a leitura de uma carta de compromisso para reduzir os impactos do lixo marinho, avançou Paula Sobral.
Para acompanhar e confirmar live, os dados sobre o estado do mar, pode usufruir da nossa rede de livecams e reports preparada para essa finalidade.
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