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  • A onda artificial de Kelly Slater
    19 maio 2016
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  • A invenção de Slater abre uma porta de infindáveis novas possibilidades...
  • Ano após ano, há milhares de surfistas a percorrer o mundo em busca das melhores ondas. Vivem literalmente ao sabor do vento, sujeitos à imprevisível ditadura das condições meteorológicas. Em breve, esse panorama pode alterar-se drasticamente. Tudo graças ao esforço do campeoníssimo Kelly Slater e da sua equipa, que se lançaram na árdua tarefa de criar uma piscina de ondas artificiais de "alta performance". Dez anos volvidos, parecem tê-lo conseguido.

    Na sexta-feira, o surfista onze vezes campeão mundial divulgou no Instagram as primeiras imagens do feito. No vídeo, Slater aparece a surfar aquela que considera ser "a melhor onda de sempre criada pelo homem". Há muito tempo que existia o rumor de que a Kelly Slater Wave Company estava a trabalhar neste projeto, mas esta foi a primeira prova da sua existência. Embora incapaz de conter o entusiasmo, Slater decidiu prolongar o suspense, prometendo só desvendar mais pormenores nas próximas semanas.

    O norte-americano, de 43 anos, acredita que esta façanha pode alterar a mentalidade de muitos surfistas em relação às ondas artificiais. "Agora que o título mundial está decidido e a época terminou, estou entusiasmado para vos mostrar o que me tem ocupado as últimas semanas. Ao longo de quase dez anos, eu e a minha equipa trabalhámos para criar a primeira e verdadeira onda artificial de classe mundial e alta performance. É algo que sonhava desde criança. Através de rigorosa ciência e tecnologia, fomos capazes de desenhar e construir o que alguns diziam impossível e muitos acreditavam que nunca iria acontecer", sublinhou Slater na legenda do vídeo.

    Três milhões de visualizações

    O protótipo da Kelly"s Wave foi testado pelo próprio pela primeira vez há um par de semanas. Slater teve muitas dificuldades para conseguir guardar segredo até ao final da temporada. "Foi um dia louco. Ainda não consigo acreditar, estou a tentar processar o quão divertido é surfar esta onda, mas sinto que mudará a perceção de muitos sobre as ondas artificiais. Mal posso esperar para ver outras pessoas a surfá-la e a mostrar o que é possível fazer nesta onda", revelou o surfista na sua mensagem, enviando também "um grande agradecimento a todos os membros do laboratório e da equipa".

    De qualquer forma, o projeto continua envolto em algum mistério. A sua localização, por exemplo, mantém-se no segredo dos deuses. O vídeo foi apenas a ponta do véu, mas já está a gerar um grande frenesim. Apenas 24 horas depois da sua revelação, já contabilizava mais de três milhões de visualizações, somente na página de Facebook da Kelly Slater Wave Company.

    A Liga Mundial de Surf também aproveitou a oportunidade para lhe tecer enormes elogios, através de um texto no seu site oficial. "O que há de tão incrível nesta onda? Numa palavra: tudo. É potência, forma e qualidade que excede qualquer coisa. Slater aparece repetidamente num tubo por longos períodos de tempo", sublinhou a organização mundial.

    Jogos Olímpicos na mira

    Os principais críticos das ondas artificiais argumentam que estas são muito diferentes das do mar. Até agora. A máquina construída por Kelly Slater gera ondas tubulares de grande altura, o que faz toda a diferença. O vídeo não deixa margem para dúvidas. Nele, vemos Slater a surfar uma onda tubular quase de pé na prancha, progredindo a grande velocidade. As manobras parecem não lhe exigir muito esforço, ao contrário do que se verificou noutras experiências.

    Este avanço tecnológico pode mesmo ter consequências monstruosas para a indústria da modalidade. Se a possibilidade se materializar, o surf poderá deixar de estar acessível em apenas algumas regiões privilegiadas para se democratizar geograficamente. O número de praticantes poderá disparar caso seja possível surfar em zonas longe da costa, o que daria um importante impulso a um negócio que já viveu melhores dias.

    A invenção de Slater abre uma porta de infindáveis novas possibilidades, como a de que o surf possa um dia obter o estatuto de desporto olímpico. Uma máquina de ondas artificiais poderia finalmente deitar por terra as objeções do Comité Olímpico Internacional. Por um lado, permitiria à organização garantir a todos os participantes ondas da mesma proporção, eliminando o fator aleatório que está muito presente no surf. Por outro, tornaria exequível a realização do evento em qualquer parte do mundo, independentemente do país que organize os Jogos.

    Mesmo antes de esta novidade ter sido revelada por Slater, a organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, já tinha proposto a inclusão da modalidade no seu programa. A decisão será anunciada apenas em agosto de 2016, durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas já está a gerar algumas ondas de polémica. Graças a este progresso, talvez haja mais surfistas a juntarem-se ao brasileiro Gabriel Medina, campeão do mundo em 2014 e apoiante da promoção do surf a desporto olímpico. Uma causa suportada pela Associação Internacional de Surf e na qual Slater poderá ter um papel decisivo.

    DN

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